Já há tempos escrevemos aqui que nosso maior produto de entretenimento, o futebol, carece de ampla revisão. Sob pena de termos décadas de atraso em relação aos outros países do mundo.
Antes de entrarmos no tema em si, posso explicar rapidamente o motivo da seleção (principal e agora a sub-20) nos trazerem esse tipo de humilhação em poucas oportunidades. É porque quase não jogam. São poucos torneios e, na maioria absoluta das vezes, contra adversários que não estão no mesmo patamar. Se o ritmo de competições fosse algo parecido com o campeonato brasileiro, por exemplo, os 7×1 da seleção principal e agora os 6×0 da sub-20 seriam já placares comuns. O futebol brasileiro está longe de seus principais adversários no mundo. Longe não, muito longe.
Perder de 6×0 para a Argentina é humilhante, ultrajante e indigno. Mas quem viu a partida notou claramente que os atletas não estavam com esse mesmo “sangue fervendo” que nós aqui temos. Parecia que era algo totalmente normal. E vou dizer, na cabeça deles, era!
E aí vamos estabelecer culpa. CBF tem total responsabilidade. Seu presidente, preocupado em pautas sociais, esquece que a confederação que ele preside é de FUTEBOL. Não tem condições de estar onde está. Hoje é suportado, creiam, por um sistema que dificilmente será quebrado. Existe gente de fora do futebol e com muito poder em nosso País, que tem total interesse na manutenção do Ednaldo à frente da confederação. Ou seja, ele não sairá de lá (ao menos por enquanto).
O jogador brasileiro, sombra desse regime de gestão, perdeu a identidade, perdeu o brio, perdeu a postura de atleta defensor de sua nação, de suas cores. São fabricados, desde muito novos, para darem passes para o lado, para terem excelente preparo físico, para cuidarem de seus cabelos e suas chuteiras. Só isso. Não há mais NENHUM atleta no futebol brasileiro que possamos afirmar ser um craque fora do normal. Foram produzidos de forma errada e o conserto só se dará em décadas (isso acaso o modelo atual mude, senão o viés será só de baixa).
Comparemos as duas últimas seleções que foram campeãs do mundo. 1994 e 2002. Façamos uma análise, posição por posição, de cada atleta. Eu afirmo que nenhum dos atuais chega perto dos atletas que tão bem nos representaram nos últimos títulos importantes que ganhamos. NENHUM. Nem tecnicamente e nem na postura.
E o respeito e a hierarquia (principalmente no futebol) só se dão quando os competidores notam diferença técnica e diferença de postura no outro lado do campo. Não temos mais isso. O respeito pelo nosso futebol foi totalmente perdido.
Ou muda-se o formato, muda-se a direção (falo de pessoas), muda-se o rumo, ou o futebol brasileiro, muito em breve, competirá de igual para igual apenas com Letônia, Chipre, Uzbequistão e por aí vai.
Tomara que, enquanto essas mudanças não acontecerem, continuemos tendo poucos torneios por disputar. Assim os 7×1 e os 6×0 não serão tão abundantes…