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07/09/2024

glenn stenger futebol

As receitas das SAFs no Brasil

A cada conversa semanal nossa, entramos mais nos números que envolvem esse negócio formidável. O futebol tratado como entretenimento e como gerador de receita.

Os clubes brasileiros engessados e atrelados em modelos arcaicos de gestão, em conceitos que não se utilizam mais, em práticas não modernas, tendem a deixar muito dinheiro para trás. Costumo comparar o formato de gestão de clubes ao modelo usado na vida pública (da qual sou um crítico contumaz devido à ineficiência de vários de seus processos).

No ano de 2021 (portanto ainda uma novidade) foi instituída a Lei da SAF. Os clubes podem fazer com que o “negócio futebol” seja “vendido” e operacionalizado por alguma empresa, pessoa física, entidade. Mas de forma privada. Adequando-se às novas realidades conceituais e também respondendo (dirigentes) por todos os atos seus à frente dessas “novas” instituições. Aqui cabe um breve registro: os dirigentes associativos ligados aos clubes não tinham esse mesmo ônus. Por vezes vimos absurdos praticados e ninguém sendo responsabilizado por eles.

Mas quando se assume uma “nova empresa”, os novos administradores têm consigo um horizonte único. Nenhum deles está por amor à causa. Estão todos nesse projeto com objetivo único. Obter lucro a partir do produto futebol.

No ano de 2023 tivemos 5 exemplos muito claros atuando no mercado brasileiro e jogando (integralmente no modelo SAF) a primeira divisão de nosso principal campeonato. Obviamente que nem todos os índices econômicos e financeiros são ajustados em apenas um ano. Na maioria das vezes foram décadas (até quase século) de gestões não preocupadas com números que levaram as instituições ao ponto de necessitarem serem vendidas para sobreviverem e continuarem competindo. Mas o principal item sempre é a receita. Se não houver acréscimo de receita, a possibilidade de ajuste dos demais fatores é quase nula.

Mostro agora o incremento percentual de receitas, num comparativo entre o final de 2022 e o final de 2023. Não estou julgando a administração de nenhum desses “novos” negócios. Não estou julgando as realidades anteriores e atuais. Apenas mostrando o número frio de quem já faz parte desse processo de profissionalização do futebol.

  • Botafogo: Acréscimo de 139% em sua receita
  • Vasco: Acréscimo de 110% em sua receita
  • Bahia: Acréscimo de 58% em sua receita
  • Cruzeiro: Acréscimo de 55% em sua receita
  • Red Bull Bragantino: Acréscimo de 32% em sua receita

É transparente que houve acréscimo para alguns deles pelo fato de terem subido de divisão. Mas também é fato que, sem a SAF desde 2022, talvez nem tivesse tido êxito no processo de alcance da divisão maior.

Nesse ano poderemos fazer mais comparativos. Temos novas equipes compondo o quadro (Coritiba, Cuiabá, Atletico MG) e também novos contextos das primeiras 5 equipes que aderiram ao modelo.

Não há dúvida que é um processo sem retorno. Os times precisam se adequar às novas práticas. Precisam do capital de terceiros para continuar sobrevivendo. Precisam dar lucro ano após ano. A história antiga de que um título de campeonato vale mais que a estabilidade financeira já não existe mais. Quem melhor estiver administrando seu negócio, com o caixa cheio, sem dívidas exorbitantes terá melhores resultados financeiros e também em campo.

A única certeza que se tem é que é um caminho sem volta. Todos irão para ele. Resta saber quando.

Leia outras colunas do Glenn Stenger aqui.

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