Em reflexão anterior falamos a respeito do faturamento do Real Madrid. Amigos próximos me disseram terem sido surpreendidos pelo número comparativo. Sempre se fala sobre a potência do “negócio futebol”, mas não se consegue comparar com o “mundo real”.
E eu achei bacana fazer mais uma vez essa “brincadeira”. Mostrar números reais de 2023 e com eles podermos ter ideias comparativas. Fica muito mais didática a forma de entendermos a dimensão do negócio. E só vamos trabalhar com números aqui do Brasil para ficar ainda mais fácil de se entender e comparar.
Façamos aqui um arredondamento de números. O PIB do nosso país girou em torno de 10 trilhões no ano passado. Tudo que foi produzido, de todas as atividades desenvolvidas dentro do Brasil gerou algo em torno de 10 tri. E aí temos uma infinidade de atividades. Sinceramente não tenho nenhum parâmetro que mostre quantas atividades (na indústria, comércio e serviços) que conjugadas levam a esse número.
Paralelamente, vou limitar bem o produto futebol. Apenas os times que compuseram as séries A e B do futebol brasileiro em 2023 tiveram faturamento somado na casa de 11,1 bi. Se acrescermos o valor faturado pela Confederação de Futebol (proveniente da administração da Seleção Brasileira basicamente) teremos um número próximo a 12,3 bi. A CBF sozinha faturou 1,17 bi. Não concordo com isso, esse dinheiro não deveria ser integralmente dela, mas isso é tema para outra reflexão.
E aí é só se fazer a conta simples para chegarmos ao percentual de 0,12%. O número olhado isoladamente até não causa impacto. Mas, no contexto, é totalmente fora da curva. Podemos citar centenas de segmentos industriais que não chegam nesse patamar; centenas de segmentos comerciais que não atingem esse número; centenas de nichos de serviços que trabalham o ano inteiro e faturam menos que isso.
A análise em si também é simplista. Só consideramos o faturamento das equipes, dos clubes. Mas há todo um aparato de serviços que orbita pelo mundo do futebol e que não está nessa conta.
O volume de dinheiro é impactante. A administração desse dinheiro todo é cobiçada por muitos. A profissionalização, propositadamente, não é vista com bons olhos (na maioria dos casos).
Quem profissionalizou (ligas inglesa e espanhola, por exemplo) está colhendo os frutos, as receitas, as benesses. O futebol é o maior produto de entretenimento do mundo. Continuará sendo. Basta saber que ele, melhor administrado, renderá cada vez mais. Tenho convicção em dizer que no Brasil podemos crescer essas receitas em 10 vezes, pelo menos. Só com isso (com organização, disciplina, seriedade e profissionalismo) o nosso amado futebol corresponderia a cerca de 1% de todo o dinheiro que geramos em nosso País…
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