Aqui no Brasil vivemos momentos difíceis, politicamente falando.
Particularmente, tenho uma situação bem definida. Sempre fui alguém de centro-direita. Conservo valores e tento repassá-los. Não gosto de extremos. Vejo que são prejudiciais. Não tenho nenhum ídolo político. Até hoje nenhum se mostrou como “espelho” para mim e para o que penso.
Como economista que sou há quase 30 anos, estudei as várias correntes. Sei exatamente o que cada regime pretende implantar. No fundo, no final, sempre será uma disputa de poder e dinheiro. Cabe a cada um, a cada cidadão, entender o que melhor se coloca frente aos seus conceitos de ética e de moral e assim seguir o caminho.
O problema é que a radicalização, o extremismo e a idolatrização migraram. Não se atém mais apenas à política. A sociedade brasileira está ocupada definindo quem é o inimigo. Não pensa mais em progredir, em melhorar. Não se contenta com o seu sucesso. Pensa em pisotear. Pensa em esmagar.
E esse sentimento ruim está incutido no nosso futebol. Infelizmente chegamos num estágio que se assemelha à idade média.
Sempre houve brigas. Sempre houve discussões. Eventualmente se chegava às “vias de fato”. Mas era diferente. No outro dia jogadores estavam em programas esportivos e riam do ocorrido. Torcedores se encontravam e não se matavam.
Meses atrás, torcida do Palmeiras emboscou e matou cruzeirense. No Recife, cidadão foi empalado em briga de torcidas. Aqui em Curitiba podemos fazer um apanhado e, rapidamente, chegaremos a mais de dezena de batalhas campais ocorridas.
Se um é verde, tem que matar o vermelho. Se um é azul, tem que matar o alvinegro. Se um é vermelho tem que matar o tricolor. Onde fomos parar? A sociedade adoeceu, apodreceu. Muito espelhada na política que foi lá no início citada.
Vai melhorar? Duvido muito! Os próprios atores não se ajudam. Ou melhor, inflamam.
Assistimos ao último Atletiba aqui no Paraná? Assistimos à final do Campeonato Catarinense no final de semana?
Assistimos à final do Campeonato Baiano também nesse último final de semana? Espetáculos dantescos de pancadaria. Exemplos não faltam por todo nosso território.
O que falta é educação, respeito. Muito disso ocorre como reflexo de uma sociedade idiotizada por uma classe política que mostra que o errado é certo. Que corrupção é bacana. Que ser cafajeste é ser legal. Que não seguir leis é o melhor caminho.
O nosso futebol, que já foi definido como o ópio do povo, segue esse caminho. Se não acontecer um processo radical de transformação (dentro e fora de campo) esse viés de violência só aumentará.
E para nós aqui, que queremos sempre gerar recursos e receitas com o futebol, tudo que esse processo de violência galopante faz é exatamente o contrário. Tira do esporte quem nele coloca o dinheiro!
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