Já citei várias situações que fazem com que o “mercado da bola”, cada vez mais, nos deixe desesperançosos com a Seleção Nacional.
É nítido e transparente que a Seleção, que foi motivo de orgulho e de admiração de todos os brasileiros (e até dos gringos) que amam o esporte, caiu em situação de descrédito, e essa situação faz com que haja um distanciamento gigantesco do futebol brasileiro (unido em um selecionado) e seu público.
Vários são os culpados por isso: a CBF, a rede que transmitia os jogos com exclusividade, os empresários que pouco ou nada se importam com o produto (apenas com seus bolsos), os jogadores que saem das categorias de base para o profissional já se achando popstars e não chamando a responsabilidade para si pelos resultados e até o próprio torcedor que se deixou iludir pela imagem que esse “sistema” todo quis vender.
O sistema ganhou dinheiro (e muito). A seleção padeceu.
Mas a história da humanidade nos mostra que, em situações de adversidade, sempre precisamos ter um líder, um chefe, um gestor que faça com que as forças se unam em prol de um objetivo comum. Esse líder deve possuir características básicas tais como: seriedade, competência, conhecimento de causa e, acima de tudo isso, credibilidade.
Aí nos é apresentado o nome de Dorival Júnior. Uma pessoa de excelente caráter, que conhece muito de futebol, que não busca ser o protagonista do espetáculo e sim a mola propulsora para que o espetáculo seja bem feito, que ouve as demandas externas e as traduz para dentro de seu ambiente de trabalho e que possui muita credibilidade!
Erra quem pensa que esse é um trabalho fácil. Quem pensa que é só juntar os melhores jogadores e fazê-los jogar e ganhar…
Talvez esse seja um dos cargos mais difíceis do mundo. E não estou exagerando. Aqui vão os motivos:
• Lida com uma pressão política absurda;
• Lida com uma pressão comercial (empresários) absurda
• Lida com uma pressão absurda da população. O povo brasileiro foi adestrado para, por vezes, não saber o nome de seu prefeito e de seus vereadores, mas o nome do técnico da seleção ele sempre sabe;
• Lida com uma pressão absurda dos atletas popstars que ganham milhões e mais milhões a cada mês. Abrindo aqui um parênteses, profissional que esteve na seleção pouquíssimo tempo atrás, confidenciou-me que vários atletas (me conservo no direito de não citar os nomes nem dos atletas e nem do profissional), desdenham da equipe de preparação. Por terem muito dinheiro acham que podem fazer o que querem e não o que lhes é solicitado. Juntar todos esses egos e fazer deles um “time” é um trabalho hercúleo.
• Lida com a necessidade de dar resultados e, além deles, mostrar um desempenho condizente com o desempenho que a seleção já apresentou no passado.
Dorival tem todas as valências necessárias para trabalhar todas as situações expostas acima. Talvez hoje seja o único técnico brasileiro que as possua.
Em 2023 falei por duas vezes com ele. Em ambas explanou sobre todo o contexto que envolve o mundo da bola e todas as “artimanhas” necessárias para se obter os resultados. Ao final do ano, mostrou que tudo que havia falado foi passível de ser concretizado. Lembrando que em anos anteriores, também já havia mostrado todas as virtudes que o fizeram ter o destaque que hoje possui.
Espero muito que ele não erre os mesmos erros dos seus 2 antecessores. Não entre em debate político/ideológico, não sucumba à vontade dos atletas, não seja submisso a interesses. Busque fazer o que faz de melhor: ser um líder, um gestor, um organizador de um time de futebol! Se ele fizer isso, da maneira que sabe, quero apostar que bons resultados virão.
E que esses resultados nos tragam novamente o orgulho em termos uma seleção que nos representa, que é formada pelos melhores atletas em suas posições. Difícil? Sim! Impossível? Não!
Sorte Dorival! É o desejo do amigo que você deixou em Curitiba.
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