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13/05/2024

VAR ou não VAR, eis a questão!

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Quem acompanha outros esportes como tênis, vôlei, futebol americano sabe que o uso da tecnologia, para que se tenha o menor índice de erro humano possível, é indispensável para que o esporte seja jogado no mais alto índice de competitividade e que os resultados não tenham a interferência do “sobrenatural”.

 

Pouco tempo atrás tivemos a implantação da tecnologia no nosso sensacional “esporte bretão”. Com essa implantação veio a ideia de que, finalmente, teríamos a solução para os “erros” que o olho humano de árbitros e auxiliares acabavam deixando passar (vendo demais ou, por vezes, não vendo).

 

E, com bastante atenção ao que vejo em boa parte do mundo, realmente o instrumento do VAR veio para melhorar a imagem do esporte. Veio para retirar alguns equívocos e deixar interpretações tortuosas de lado. Enfim, veio para auxiliar no propósito para o qual foi criado.

 

Mas, lembremos nós, que estamos no Brasil. E no Brasil parece que tudo é “aprimorado” no que tange à facilidade de se ter caminhos alternativos.

 

Vi, nos campeonatos de 2023, lances que demoraram quase 7 minutos para serem analisados; vi lances idênticos (as vezes na mesma partida) tendo um sido chamado para revisão e outro não; vi a marcação de saída (origem da bola para julgamento de impedimento milimétrico) ser diferente de outras marcações; VI SIM lances que, para os ditos “grandes”, era feita a chamada para análise e que para o restante era “vida que segue”; vi falta de critério para chamar para expulsão ou para rever expulsão. Isso e muito mais. E várias vezes esses fatos decidiram resultados de jogos.

 

Estive em duas oportunidades visitando o ambiente em que o VAR atua. Posso garantir que o instrumental que eles possuem para analisar os lances é de dar inveja à NASA. São equipamentos de ponta. Fica em prédio anexo à CBF, junto com a Direção da Comissão de Arbitragem. Só que os instrumentos são conduzidos por pessoas. E lembremos que nesse momento (dezembro de 2023), a CBF está tendo a terceira intervenção em sua presidência em menos de uma década. Algo me faz pensar (contém ironia) que talvez não tenhamos lá os melhores representantes para tratar de assunto que tem tamanha proporção para o povo brasileiro, e que é a maior máquina de geração de dinheiro no setor de entretenimento no planeta.

 

Sabem o que acontece com algum árbitro que “erra”? Nada! Escondem-no por uma ou duas rodadas e logo estará lá, belo e formoso, apitando novamente. Árbitros que tiraram títulos de equipes (quando o VAR ainda não existia) estão lá até hoje e ainda são considerados destaques no quadro nacional. Os árbitros e assistentes que ficam nas cabines do VAR, são ainda menos punidos. Quase nunca sequer sabemos quem foi o cidadão que “errou” lá de dentro da cabine. A comparação aqui é superlativa, mas tenho certeza que os leitores entenderão: médicos que erram e prejudicam pacientes continuam clinicando sem nenhum problema? Engenheiros que erram cálculos e veem suas obras caindo, continuam trabalhando sem nenhuma contestação? O motorista que comete infração e atropela alguém não é responsabilizado pelo ato? Por qual motivo apenas o juiz de futebol é imune a qualquer sanção?? Por qual motivo eles tem essa “imunidade”??

 

Há clara falta de profissionalismo. Não há critério. Há corporativismo entre eles. Há falta de gestão. Há liderança que pensa ser o que não é. Nada vai melhorar enquanto não se profissionalizar. Enquanto todos não forem enquadrados como responsáveis pelas suas decisões. Enquanto não entenderem que sua carreira pode acabar quando tiverem um “erro” crasso.

 

O VAR só funcionará no Brasil quando tivermos profissionais preparados e livres de interferências atuando no instrumento, e quando tivermos parâmetros implantados no sistema de análise dos lances que o livrem de pessoas usarem subjetividade para tomar decisões. Até lá esperemos ainda muitas decisões dúbias, muita falta de equidade e muita reclamação de quem ama o esporte.

 

Leia outras colunas do Glenn Stenger aqui.

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