A confiança, compreendida como uma das principais expectativas em um ambiente de comportamento estável, honesto e cooperativo, é um ativo inestimável para organizações na competição por mercados e oportunidades. Este valor, no entanto, não se estabelece apenas através de discursos, mas requer a criação de condições que motivem as pessoas para a prática da co-responsabilidade, construindo assim o chamado capital social. O filósofo e economista Francis Ford Fukuyama, afirma que a cooperação nos negócios não é apenas uma questão de racionalidade econômica, mas também envolve o desenvolvimento do espírito de reciprocidade, obrigações morais e confiança nas relações interpessoais e institucionais.
De acordo com Fukuyama e o sociólogo James Coleman, a construção do capital social exige ir na contramão da corrupção, clientelismo e corporativismo. Coleman enfatiza a importância de estabelecer objetivos comuns a médio e longo prazo, superar o individualismo em prol da coesão grupal e manter a constância de propósito mesmo diante de adversidades. É evidente que o capital social é vulnerável a fenômenos que arruínam sua essência, como por exemplo a má gestão do dinheiro público e privado. Logo, a cultura de cooperação surge como uma ferramenta essencial para o desenvolvimento do capital social. É através da promoção gradual da confiança entre as pessoas e instituições que se pode esperar elevar o nível de co-responsabilidade e, consequentemente, a eficácia na busca de objetivos comuns.
No contexto empresarial, um líder eficaz precisa incorporar virtudes individuais e sociais para cultivar essa confiança e promover um ambiente propício ao crescimento. Quando se trata de virtudes individuais no mundo do trabalho, encontramos a dedicação e o esforço, onde a liderança inspira pelo exemplo e estabelece a base para o comprometimento da equipe; a contenção de gastos desnecessários para contribuir com a estabilidade e sustentabilidade financeira da empresa; a busca pela racionalidade nas decisões, baseando-se em dados e análises, mostrando que as escolhas são fundamentadas em informações sólidas; perseverança e abertura ao risco calculado, para encarar desafios com determinação e uma abordagem calculada dos riscos cria então uma cultura organizacional resiliente e inovadora; e a identificação de oportunidades, além do aprendizado constante. Já entre as virtudes sociais de um líder que fortalecem a confiança na esfera empresarial, estão a honestidade e integridade nas transações comerciais com o objetivo de estabelecer a base para relações comerciais sustentáveis a longo prazo; a busca e associação dos objetivos comuns, visto que a colaboração eficaz promove sinergias, impulsionando a empresa em direção às metas compartilhadas; disciplina na execução e trabalho em equipe; a responsabilidade e respeito por acordos, demonstrando confiabilidade e fortalecendo as relações e ainda, uma liderança participativa e construtiva, onde o líder é receptivo às contribuições dos outros.
A confiança não é apenas uma abstração, mas uma prática cotidiana, um recurso valioso que impulsiona organizações, comunidades e regiões em suas jornadas competitivas. A construção do capital social pode ser uma tarefa desafiadora – mas não impossível – com o potencial de transformar relações interpessoais, além do tecido social e econômico em sua totalidade. Para que esse desafio obtenha sucesso, no pensamento do empresário Norberto Odebrecht, é preciso confiar em si mesmo. A confiança permite assumir riscos, aceitar responsabilidades, confiar no próprio julgamento e apreciar a competição. Esses elementos, segundo Odebrecht, são essenciais não apenas no contexto empresarial, mas também na construção de uma vida pessoal sólida.
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