Imagine caminhar por uma rua e de repente encontrar uma pessoa parada olhando para cima com olhar assustado? Talvez você seguisse adiante, sem delongar. Agora, imagine caminhar pela mesma rua e encontrar uma multidão assustada, olhando para cima? Provavelmente a situação causaria impacto, preocupação e ansiedade, fazendo com que você parasse para observar com o grupo, mesmo sem saber exatamente o motivo da reação em massa.
Comportamentos como este são estudados pela psicologia das massas, também conhecida como psicologia das multidões. Quanto maior o número de pessoas, maior a influência do coletivo. Agora, o que isso tem a ver com a atual situação do país? É perceptível que no presente, existe um país completamente dividido, mas para falar de ciência, é necessário observar o contexto sem tomar partido de candidato X ou Y.
Um experimento baseado na conformidade social, feito por Solomon Asch no ano de 1956, concluiu que mesmo diante de uma situação banal e errônea, um indivíduo pode ser influenciado pela opinião da maioria. Ainda mais recente, um estudo investigou o efeito da sugestão de informações falsas na memória de testemunhas criminais e os resultados obtidos nele e em outros estudos reforçam a concepção de que indivíduos são facilmente suscetíveis a erros devido a efeitos de influência social e sugestionabilidade.
Considerando a influência dos grupos, segundo a área da psicologia em questão, podemos concluir que muitas das escolhas feitas durante as eleições, foram decididas sob forte influência da massa, seja pelo X ou Y. Diante disso, fica a seguinte reflexão: nossos conceitos foram construídos a partir da persuasão da maioria? As convicções que baseiam nossas escolhas são conscientes? As escolhas feitas nas últimas semanas foram fruto da nossa individualidade? Os pensamentos que nos permeiam foram questionados?
Para sermos autores da nossa própria jornada é preciso mergulhar em nós, buscando evidências de que todo o processo vivenciado é o resultado de conclusões particulares, sem a influência da massa, independente da preferência.
REFERÊNCIAS
• MYERS, D. G. (2009). Psicologia sociale. Milán: McGraw-Hill.
• TORRES, C. V.; NEIVA, E. R. Psicologia social, principais temas e vertentes. Porto Alegre: Artmed, 2011.
• JESUS, Jaqueline Gomes de Psicologia das massas: contexto e desafios brasileiros. Psicologia & Sociedade [online]. 2013, v. 25, n. 3 [Acessado 2 Novembro 2022] , pp. 493-503. Disponível aqui. Epub 24 Jan 2014. ISSN 1807-0310. Aqui.
• SARAIVA, Renan Benigno et al. Conformidade entre testemunhas oculares: efeitos de falsas informações nos relatos criminais. Psico-USF [online]. 2015, v. 20, n. 1 [Acessado 2 Novembro 2022] , pp. 87-96. Disponível aqui. ISSN 1413-8271. Aqui.