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Rivalidade entre mulheres, como modificar esse padrão?

19/10/2023
rivalidade

Houve uma época em que havia contribuição ao invés de competição. Sociedades matriarcais, lideranças femininas, liberdade sexual. Mas isso durou até o surgimento do capitalismo, onde a sexualidade feminina começa a ser fortemente vigiada. Com o advento da propriedade privada, o homem viu a necessidade de deixar suas riquezas para herdeiros. Neste momento, a mulher passa a ser vista como procriadora, confinando as mulheres às atividades reprodutivas. As jovens passaram a ser veneradas – algo que se vê ainda hoje – pois, na época, ser jovem era sinônimo de mais tempo para procriar. Essas jovens eram “conquistadas” pelo homem que possuísse maior riqueza. Para que o sangue perpetuasse através de gerações, os homens deixavam as riquezas para os filhos, para que conseguissem as “melhores mulheres” e assim, aos poucos, fomos perdendo cada vez mais poder. As terras, os animais e os filhos eram propriedade dos homens, logo, o divórcio era algo impossível para as mulheres, situação que foi estabelecendo o patriarcado com mais solidez. Ouso dizer que a passividade feminina surgiu a partir daí, da limitação do nosso poder de escolha, naturalizando todo tipo de violência com a falsa sensação de dignidade.

 

Como consequência deste contexto, o esperado era que nos casássemos e pudéssemos reproduzir. Se não cumpríssemos nosso papel, éramos desvalorizadas. O controle das mulheres sobre a procriação gerou muitos efeitos negativos para nós. A insegurança frente a essa responsabilidade, corroborou para que a competitividade entre as mulheres se fortalecesse. O surgimento da monogamia também trouxe consequências, pois, se a riqueza era transmitida pela linhagem masculina para os filhos de uma única esposa, então as mulheres que casassem com os maridos mais ricos, teriam filhos herdeiros de fortunas. Isso reforçava ainda mais uma competição e comparação umas com as outras, com o objetivo de conquistar melhores casamentos.

 

A relação entre as mulheres ao longo dos tempos foi sendo enfraquecida propositadamente, para que nosso poder político fosse esgotado. Mulheres foram estimuladas a buscarem apoio nos homens, pois, isso facilitava o desenvolvimento de uma sociedade patriarcal. Essa competitividade que é vista entre mães e filhas, amigas e irmãs, é uma construção histórica que é reproduzida com frequência em novelas e filmes, reforçando este estereótipo de desconfiança. Estes valores foram incorporados em nossa cultura e criação, ou seja, são comportamentos que foram aprendidos! De maneira geral, o ser humano pode ser competitivo e desleal, mas as relações femininas são evidenciadas quando esse assunto é discutido. Quem não se lembra de uma das primeiras histórias que aprendemos na infância, onde uma madrasta e filhas competiam com a Cinderela?

 

Sendo assim, se atendermos às expectativas culturais – casamento, filhos, vida profissional bem sucedida, padrão de beleza – viveremos restringidas a desempenhar papéis estipulados por uma sociedade patriarcal até perdemos nossa identidade. A boa notícia, é que estamos nos tornando pouco a pouco mais confiantes e responsáveis pela própria geração de riqueza. Nosso fortalecimento tem quebrado esse padrão com a inserção do público feminino em locais que antes não eram ocupados por nós, gerando desenvolvimento e autoconfiança. Quando somos pessoas confiantes, as conquistas das outras mulheres não nos afetam.

 

O primeiro passo para a desconstrução da competitividade feminina é reconhecer nossas próprias conquistas, realizando um trabalho de acolhimento e autoconhecimento, além de observar como mulheres que nos rodeiam podem nos ensinar algo e servir como inspiração. Ainda mais importante, é assumir uma ação sem esperar que outras mulheres façam o mesmo. Quando houver um ruído em nossas relações com outras mulheres, se perguntar: qual é a minha responsabilidade nisso? O que posso fazer diferente da próxima vez? E ainda mais importante, ter consciência que esse exercício não serve para motivar o ódio contra os homens, mas sim, reproduzir mais amor para com as mulheres e quem sabe, transformar a competição em colaboração novamente.

 

Leia outras colunas da Hag Schultz aqui.

1 comentário em “Rivalidade entre mulheres, como modificar esse padrão?”

  1. Valéria Lucio Napoleão

    Boa noite !
    Amei muito esse assunto.
    Então que conhecidencia eu assisti a Cinderela essa semana! Rsrsrss.

    Então… Esse assunto é motivo de muita reflexão pra mim, por que eu penso assim, todas as mulheres tem sua força, sua beleza, todas tem algo de bom a desejar e compartilhar umas com as outras, e por que essa competição egoísta não é mesmo.

    Eu sou graças a Deus por não ter nascido naquelas época antiga que as mulheres eram obrigadas a se casarem só pra continuar descendentes. E tinham que casar com uns homens nada a ver , sem sentir um amor verdadeiro por eles , deveria ser horrível pra elas. E não podia falar nada simplesmente obedecer. E tem Países hoje em dia também, que ainda existem casamentos arranjados, eu acho isso muito triste .

    E hoje em dia é triste ver que ainda existem mulheres que não acreditam no seu potencial de poder ter seus próprios bens materiais, mesmo que não seja muito ricas, a não ter que depender de um homem, de um relacionamento ruim pra poder ter bens materiais e dar aos filhos conforto material sem ela mesma se sentir feliz no relacionamento.

    Hoje em dia existem muitas mulheres que tem seu dinheiro e cuidam sozinhas dos filhos sem depender dos homens eu acho isso lindo, é muito desafiador é claro, mais elas confiam tanto nelas e no amor que elas dão filhos, que nada disso se torna tão pesado.

    Eu por exemplo amo crianças.
    Mais eu não me sinto segura e ter um parceiro por vários motivos pessoais.
    Hoje tenho 32, e ando pensando muito em me estabilizar em sentido financeiro, pra que eu possa talvez começar ter a ideia de poder ter alguém pra compartilhar a vida comigo.
    Mais isso é muita responsabilidade. Coisas que são de muita responsabilidade eu penso muito muito mesmo antes de tomar uma decisão. A vida de uma criança é pra sempre. Existem muitos cuidados envolvidos.
    E por vezes como eu não me sinto segura , por vezes eu penso que nunca vou realizar isso, por esse fato descrito no texto, isso fica mesmo enraizado né rsrsrs.. que as mulheres só podem ser realizadas em ter filhos se tiver um marido do lado.

    Eu sei que existe a questão da presença masculina para uma criança, mais eu me amarro nessas mães que tem condições financeiras é claro, e criam seus filhos sozinhas.

    Na questão de outros assuntos como beleza por exemplo e ser inteligente em algum assunto. Eu acho que todas as mulheres tem algo lindo a oferecer as outras, unidas tem mais força. Infelizmente muitas não são assim. As vezes por termos uma beleza, e a outra mulher acha que ela não tem , (por que isso é na cabeça dela , por que ela também é bonita )
    Muitas vezes a pessoa que é bonita, sofre um certo preconceito, e o que tem de errado em ser atraente, meiga , e bonita ao mesmo tempo?
    Isso gera muita intriga em ambientes de trabalho, principalmente quando tem homens envolvido. A coisa mais ridícula que eu acho , é ver mulheres disputando e brigando por causa de homens . Homem fica se ele quiser. A porta sempre está aberta, pode e ficar e sair a vontade. Eu sou assim , não venero nenhum homem!! Mais respeito quem faz !!
    Agora ver mulheres brigando por causa disso é ridículo 🙄😒😒😒😒😒…

    Eu decidi trabalhar em casa , por que eu já sofri muito preconceito muito preconceito trabalhando fora, as pessoas são muito cruéis e eu não estou acostumada com isso.
    Já sofri muito assédio. E já fui muito mal interpretada por mulheres em vários sentidos.
    Especulam muito por que não sou casada ainda, por que não tenho filho.. blá blá blá . Eu tenho que me casar e eu tenho que me casar. Eu sofri muito trabalhando fora.

    Não quero dizer que eu nunca volte trabalhar em equipe de novo. Mais eu queria uma equipe top assim sabe , mulheres de verdade mesmo.
    Como hoje eu consigo ganhar mais do que eu trabalhava fora eu meia que aceitei. Mais eu reconheço que posso melhorar meus ganhos melhorar bem mais sabe . Mais como eu me mantenho sozinha, eu vou mais devagar .
    Mais eu tenho muito potencial pra ganhar mais dinheiro sozinha sem um companheiro do lado.
    E vai ter que ser assim, por que eu não me sinto a vontade com homens nenhum pouco. Eu quero me sentir , talvez seria algo que me ajudasse ser mais mulher que menina ou moça , mais eu acredito que posso crescer muito com outras mulheres!!

    Boa noite. Amei o artigo!!

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