Os deuses do Olimpo – na crença dos antigos gregos – concediam a poucos homens o khárisma, ou seja, a graça, a fascinação. Luiz Alfredo Malucelli, o nosso Malu, colheu em vida os frutos desse precioso dom nutrindo-se do afeto dos familiares, dos cinco filhos e de milhares de amigos. Um dom manifesto intensamente em suas profícuas atividades laborais, especialmente no Canal 12 e no Palácio Iguaçu.
Faz aproximadamente 10 anos que Malu no deixou, e por cerca de 20 anos tive intensa convivência como amigo e também pelas relações comerciais, uma vez que fui sócio-diretor de três colégios em Curitiba e de uma gráfica.
Mas Malu, antes de tudo, foi gente boa, que falava, que ouvia e antes de tudo descontraía com seus risíveis causos. Jamais ofensivos. Para dar mais sabor às suas pilhérias, se justificava: “eu não invento, só aumento”.
Cultivei um hábito por três décadas: aos sábados, levantava e de pronto abria a Gazeta do Povo. Em qual página? Na Coluna do Malu, na qual, num estilo chistoso, permeava reminiscências, algumas com fulcro histórico; em outras, prevalecia o critério do “se non è vero, è ben trovato“.
Quando fui apresentado ao Malu, o convite foi à boca pequena, por ser uma ocasião especial: uma paca ao forno. Sim, o quadrúpede preparado com maestria sob nobilíssimos tempêros. Foi uma ocasião inolvidável ao palato e às meninas dos olhos, pois como cozinheiro ele sempre foi uma unanimidade. Fruto de nossa amizade, eu sempre fazia blague: “Malu, ao lhe ver você me dá água na boca”.
Nesses jantares, o autor sempre me pedia para contar histórias que pudessem nutrir sua coluna sabática. Muitas foram publicadas, e lembro da primeira, que acabou com o título de “A modéstia do professor”:
“O professor Jacir Venturi foi ao lançamento do livro de poesias Plantares, do também mestre Nilson J. Machado. Jacir mostrou-se surpreso com a publicação de um livro de poesias, pois o escritor já tinha publicado mais de dez livros, todos de Matemática. O professor Nilson respondeu: ‘Meu caro Jacir, depois de 50 anos, da cintura pra cima poesia; da cintura pra baixo, só prosa’.”
Enfim, muitas foram as horas de convivência com o Malu, horas de alegria, de bons vinhos e do riso saudável e terapêutico. Que fazem bem à mente e à alma, pois, nas oportunas palavras de Umberto Eco, “o riso aproxima o homem de Deus”.
Leia outras colunas do Jacir Venturi aqui.
2 Comentários
Professor Jacir !
Muito obrigado por me trazer as boas lembranças desta personalidade ímpar que foi o nosso amigo Malu.
Momentos inesquecíveis da convivência e a quem todo o setor de Marketing e Comunicação de nosso estado muito a ele devem. Foi um gerador, impulsionador e realizador de muitas ideias que alavancaram grandes negócios e valorizaram a nossa cultura.
Um abraço grande.
Caro Mestre Jacir .,
Muito gentil sua lembrança do nosso amado Pai!!
Alem da culinária , nosso pai deixou um legado que orienta a todos nós !!
O Malu Vive !!!
Aproveito pra corrigir que somos seis irmãos !!!
Grande abraço