Somos todos vassalos? Somos súditos de soberanos? O que leva Instituições e pessoas a se tornarem dependentes de suseranos (aqueles que tem domínio sobre um feudo)? Essas reflexões talvez estejam gerando em você, leitor (a), um pensamento óbvio: Por qual razão esses termos de períodos como feudalismo ou monarquia estão sendo usados num artigo escrito num País que desde 1889 é uma República? O objetivo é realmente escancarar aqui a percepção que temos de que há um esquecimento sobre o que é uma República, assim como sobre questões básicas de uma democracia, e estamos todos assistindo o progresso do nosso País ficar cada vez mais prejudicado.
Temos percebido o Brasil vivendo momentos desafiadores, nos três Poderes. Estamos enxergando avanços de ameaças de desconstrução relevantes, como os que envolvem o Banco Central. Há nítida ameaça a Liberdade de Expressão e um claro incentivo à impunidade, relativizando o crime e o criminoso, em prol de projetos de poder. Dias atrás, um Ministro do Supremo Tribunal Federal criou uma teoria que os legitimam acima até mesmo de presidentes, deputados ou senadores, eleitos pelo povo. São bizarrices institucionais absurdas. Mas mais absurdo é a apatia da sociedade civil organizada diante de tudo isso. E isso lembra efetivamente o feudalismo e a monarquia!
Quando o Brasil era uma colônia portuguesa e depois um império existia uma prática que parece ainda estar arraigada em nossa gente: o beija-mão. Tratava-se de uma cerimônia pública em que o soberano se colocava em contato direto com o vassalo, que podia, depois da devida reverência, aproveitar a ocasião para solicitar algum favor. Temos visto as entidades da sociedade civil organizada como vassalas, beijando a mão de déspotas, preocupadas em pedir mercês, sustentando um status quo podre, viciado e prejudicial. São poucas as Instituições que efetivamente se posicionam e buscam contribuir, cobrando que a República funcione de fato como uma República e que a Democracia funcione de fato como uma Democracia.
Enxergando isso e pensando no presente e no futuro, sentimos a obrigação de alertar e buscar reverter esse contexto. Já falamos mais de uma vez sobre a importância de haver um Projeto de País, que poderia nos tirar desse labirinto em que nos colocamos. Também já dissemos aqui que as entidades precisam ir pelo mesmo caminho, se profissionalizando e se conectando com suas bases, para que possam cumprir seus propósitos, sem pessoalidades. O Brasil tem jeito! Depende de pararmos de nos comportarmos como vassalos de déspotas! Depende de pararmos com beija-mão nas Instituições! Depende de pelas vias corretas darmos um basta nesse estado de coisas. O primeiro passo é o despertar.
Você, caro (a) leitor (a), pode ser parte disso, assumindo protagonismo, cobrando a Instituição em que está inserido e colocando como vassalos do povo, esses que se acham donos do nosso Brasil!
Chega de silêncio. E vamos beijar a mão da República. Que a Efígie que a representa possa nos lembrar de que soberano é o povo, sempre.
Leia outras colunas do Luís Mário Luchetta aqui.
11 Comentários
Estamos deveras ressabiados com as prisões de 8 de janeiro ainda. O poder comunista não está só, além dos representantes encastelados no senado e no congresso serem verdadeiros sangue-sugas e ineficazes, contam com o apoio das forças armadas e da polícia federal dando guarita a todas as ações dessa trupe.
Pela unanimidade e procedência positiva dos comentário dos que me antecederam vejo que nosso irmão Luiz Mário Kuchetta ressalta uma realidade existente. Nota-se em conversas de pessoas conhecidas o eminente interesse em defender seu voto e votar esperando “ser lembrado” e receber vantagem em troca. Deixam de votar em pessoas dispostas firmar mais e mais a capacidade de efetivamente realizar em prol da sociedade visando receber algo em troca…
Excelente análise!!
Lúcida percepção do comportamento político dominante no Brasil.
Você está coberto de razão, Luís Mário! A indignação pelo que acontece em nosso País tem que se materializar na escolha de lideranças, em especial, no Legislativo – que tem o poder de moderar tanto o Executivo como o Judiciário. Para isto, é necessário escolher os nossos representantes que irão exercer essa importante função. Começando com as Câmaras Municipais nestas eleições!
Infelizmente estamos passando por uma crise política e econômica , porém continuamos calados e de mãos atadas.A população sendo ameaçada, caminhando para o regime autoritário, ideológico e ditadorial.
Colocamos no poder governantes corruptos que visam seus interesses e não da população.
O texto bem escrito apontando falhas enormes de governança, fugindo ao que tanto reinvidicamos: “a democracia”.
Poucos tem caráter para apontar aos leitores a verdade da atualidade brasileira.
Excelente texto! Parabéns pela coragem de se posicionar, coisa que está faltando para muitos homens livres e de bons costumes!
Acredito que a democracia no Brasil hoje está mais parecida com a Venezuela e Nicaragua.
O Autor disse com muita propriedade: “Mas mais absurdo é a apatia da sociedade civil organizada diante de tudo isso. E isso lembra efetivamente o feudalismo e a monarquia!”
Estamos em tempos do despertar da consciência. Não podemos nem ser vassalos de soberanos e nem vassalos de nossa mente inconsciente que vem regendo as decisões de grande maioria dos cidadãos.
Mas o Luís Mário vem sendo o arauto da persistência alertando o leitor para a necessidade de agir com coragem e discernimento. Bravos.
O beija mão continua existindo e com alguns agravantes que também persistem em nossa sociedade. Indice de analfabetismo cultural e político alto (ainda que hoje em menor proporção e tenhamos tecnologia à vontade) e sociedade assustada, com medo. Governos não têm interesse em mudar isso (pelo contrário). Dai vem uma apatia natural, cultural. Politicamente, penso que ainda também persistem as Capitanias Hereditárias e os Senhores de Engenho Políticos. Ainda precisamos ser descobertos…..novamente.
Parabéns pelas colocações. Até que enfim alguém ligado a nossa ordem se posiciona com relação ao estado atual da nossa política, que, cada vez mais nos encaminha para o precipício. Vamos fazer alguma coisa enquanto é tempo. Precisamos de líderes pois a grande parte do povo está cansada e só esperando para agir, dentro dos princípios da ordem. Vamos vencer!!!
Magnífico texto. O domínio de poucos sobre a vontade e o desejo de muitos não é, realmente, uma democracia. É um totalitarismo nú e cru. Parabéns, Lucheta, pelo exepcional artigo.
Muitos valores republicanos estão sendo distorcidos. Ao momento em que vozes do bem se levantam, os perversos se mostram cada vez mais vorazes.
Força e coragem para quem se levanta contra os déspotas.