O tema da participação popular na construção do Brasil é bastante relevante para mim. Tive a oportunidade de escrever sobre essa temática, em outro momento e contexto, destacando, inclusive, a previsão constitucional de um governo feito com o envolvimento do povo na gestão pública. Naquela oportunidade, destaquei a importância da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) para permitir esse avanço participativo nas esferas públicas. Agora, com o início de um novo governo federal, pretendemos trazer novas reflexões que se relacionam com essa ideia central de que o Brasil precisa ser conduzido com o envolvimento dos brasileiros.
É cada vez mais claro para a Sociedade informada e consciente que a nossa Nação avançará em definitivo quando houver um projeto de País. O que temos visto na história brasileira é o populismo sobrepondo e transformando decisões estratégicas em definições de momento, muito mais ligadas ao oportunismo político que efetivamente a uma visão global e estratégica de Brasil. Interesses momentâneos são priorizados deixando de lado encaminhamentos que podem colocar nosso País num caminho ágil de desenvolvimento e crescimento. Os avanços ocorrem quase que por acaso e muitas vezes são desconstruídos pois se buscam resultados imediatos, quando, muitas vezes, é preciso a persistência e a capacidade de abrir mão de privilégios ou interesses pessoais pelo bem maior coletivo.
Precisamos chamar a atenção para a importância do planejamento estratégico em todas as organizações, inclusive no Setor Público. Esse modelo atual ficou para trás há muito tempo! É preciso que cheguemos a um patamar em que independente do governante, tenhamos um rumo já traçado. Esse eleito, então, nesse cenário, poderá ter suas sutis personalizações do modelo de gerir, com mais ou menos participação do Estado, mas sabendo que precisa alcançar o que já está planejado, inclusive prestando contas ao seu contratante: o povo. Entendemos que essa evolução deve envolver a todos, começando pelos três Poderes, mas com protagonismo da Sociedade Civil Organizada, com o protagonismo de todos nós.
Quem tiver a capacidade de contribuir efetivamente para esse salto de qualidade da Gestão Pública brasileira irá se destacar. E entendemos que uma forma de contribuição é que as funções públicas sejam ocupadas por profissionais que tenham a qualidade e o skill necessários para o cargo pleiteado. É inadmissível vermos executivos das estatais sem a mínima condição técnica para aquele trabalho de gestão, ocupando aquele espaço somente pela amizade ou conchavo político com o eleito do momento. Nesse sentido, temos risco de retrocesso com a chamada Lei das Estatais e isso deve ser motivo para uma grande mobilização.
O Brasil precisa se utilizar das Instituições reconhecidas na governança corporativa, que formam profissionais com qualificação e preparo para fazerem a diferença. Mas são pessoas que sequer são cogitadas para as funções estratégicas das estruturas públicas. Está na hora de uma grande reformulação desse modo de ver o público no Brasil. É preciso que todos nós façamos pressão para que se crie esse projeto de País e para que haja instrumentos para frear as intenções personificadas dos escolhidos temporários para a Gestão Pública.
Aliado a uma gestão planejada estrategicamente, precisam estar as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), como vacina que são no combate a corrupção, pois automatizam, padronizam e agilizam os processos, simplificando o acesso do cidadão e permitindo a transparência das informações, além de serem as responsáveis pela grande transformação que estamos vivendo, com cada dia mais informações em tempo real. O setor de TICs pode contribuir ainda mais com esse projeto de País, basta vontade da Gestão Pública de desburocratizar e trazer o cidadão para o centro de tudo.
Que o novo governo do Brasil desperte para a latente e antiga demanda de um planejamento estratégico de País, de longo prazo, inclusive com participação popular por meio de plebiscitos, mas sem qualquer viés tendencioso ideológico. Esperamos também que haja o despertar para o investimento em Tecnologia da Informação, por meio de terceirização, fomentando a indústria nacional de software, indústria limpa que realmente poderá transformar o País. E torna-se inadmissível, nesse Projeto de País, retrocessos!
O Brasil nasceu para ser um gigante mundial, mas é preciso que haja visão, estratégia, união e compromisso com o coletivo. Deixemos em definitivo, no porão mais escuro e inacessível, todas as quinquilharias que as velhas e ultrapassadas ideologias trazem e que o velho jeito de fazer política no Brasil insiste em pôr na sala principal. A hora é agora.
(Foto: Isac Nóbrega/PR)
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13 Comentários
Perfeitas colocações!
Quiçá homens públicos, de todas as esferas, tenham essa visão e consigam, de fato, implementar ações de projetos neste sentido.
Perfeito o raciocínio assim como perfeita a proposição, ocorre que a esquerda é diametralmente oposta a qualquer idéia de desenvolvimento estrutural ou estruturante por ter uma ideia unicamente focada no seu projeto de poder à semelhança dos porcos na Revolução dos Bichos de Orwell.
Excelente reflexão !
Parabéns pelo texto. ‘E tempo, ou ja quase passou da hora, de nos aprimorarmos na administração pública. Nomeações voltadas
aos interesses políticos, de amizades, ou pessoais devem ser dinamitados de vez na condução do Estado. Passamos pelo teste da Democracia
forte, precisamos demonstrar que uma Nação forte tambem, com envolvimento de todos.
Excelente apontamento! Precisamos de um projeto de nação e que seja executado em respeito a ética e compromissos públicos assumidos!
Excelente Luchetta, o país precisa de ações sérias de Estado e não de partidos políticos. Um não dá sequência ao anterior e isso só atrasa o progresso esperado e possível.
Parabéns pela tua visão.
Excelente, Luís Mário. Cada um de nós, brasileiros, contribuindo a sua maneira, é fundamental para mudar a política brasileira, para enfim abarcar a representação dos anseios comuns sobre o futuro do país, encontrados na maioria dos cidadãos que sustentam a nação.
Parabéns pelo comentário,aprovo totalmente não só no setor público mas também no privado.Boa semana.
Excelente reflexão! 👏🏽👏🏽👏🏽
Bom dia Luís Mário Luchetta.
Excelente proposição, muito difícil de viabilizar, mas temos que tentar, persistir e conseguir. O ambiente atual é extremamente hostil a ideia, mas isto deve ser transformado em energia positiva para mover a implementação da discussão e mais importante, a implantação do Projeto Brasil, independente de ideologias e partidos políticos e que deva ser seguido obrigatoriamente pelos governantes de plantão.
Concordo em gênero número e grau com o articulista. Entretanto temos dois grandes problemas que impedem a implantação de uma gestão profissional do estado brasileiro: o patrimonialismo e o paternalismo. O primeiro, porque favorece a elite política. O segundo, porque torna a população eternamente refém dessa elite.
Parabéns pelo tema e pela visão da importância do mesmo, muito bem abordado a questão do planejamento não imediatista tão necessário para uma “maturidade política” que desejamos tanto.
Mais uma vez parabéns e, obrigado por compartilhar.
Parabéns pelo tema e pela visão da importância do mesmo, muito bem abordado a questão do planejamento não imediatista tão necessário para uma “maturidade política” que desejamos tanto.
Mais uma vez parabéns e, obrigado por compartilhar.