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LUCHETTA-CABECA-COLUNA

Os rios, a pesca e o tiro no pé do Brasil

18/03/2025
rios

Em fevereiro, levei minha esposa Regina e nossa neta Carolina para uma aventura no Pantanal, em Corumbá. Escolhemos um dos 50 barcos-hotéis da região, juntamos famílias, filhos e amigos para dias de pesca e união. O lugar é um colírio: fauna, flora e um potencial imenso para o turismo internacional. Carolina, encantada, amou tudo. Mas nem só de beleza vive o Pantanal — há um problema sério que o Brasil, mais uma vez, deixa escorrer pelas mãos.

O Cota Zero, que veta transportar pescado para coibir a pesca comercial, é um passo certo. Só que os barcos-hotéis burlam o espírito da lei: os peixes que os turistas pescam viram comida. Faça as contas: 50 barcos, média de 30 turistas cada, 1.500 por semana. Em um mês, 8 mil turistas. Se cada um mata um peixe, são 8 mil peixes a menos. É o empreendedor da pesca atirando no próprio pé. O turista busca troféus — sem peixe, o turismo seca.

A saída é óbvia: piscicultura. Servir peixes de cativeiro nos barcos, como o Chile faz com salmão. O Brasil pode dominar isso, mas teima em matar os grandes e soltar os pequenos. Na Amazônia, já sacaram: operadoras sérias preservam as matrizes. O Pantanal podia aprender.

Estive também no rio Teles Pires, na foz dos rios Apiacás e São Benedito. A pesca esportiva lá é um deleite: piraíbas, tucunarés, todos os grandes soltos após a briga. Dias abençoados com amigos. Mas o garimpo ilegal, com suas dragas, está matando o rio. Assoreamento, poluição, e um amigo cravou: “Em dois anos, teremos áreas intransitáveis, só lixo e destruição”. A foz do São Benedito já sente o golpe nos peixes. Perde a natureza, perdemos todos.

Fiscalizações queimam dragas, mas elas brotam de novo. O governo, eleito para agir, é um fiasco total. Enquanto o turismo de pesca agoniza, a máquina pública ronca. Não é ambientalismo de boutique que defendo aqui — é bom senso de quem quer ver o Brasil crescer sem devorar o que tem de melhor. Acorda, Brasil! E você, leitor, o que acha? Deixe seu comentário, vamos debater!

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