Os cidadãos de bem desta cambaleante República ficaram perplexos com a sequência indecente de notícias no cenário político nacional nos últimos dias. É curioso, pois, torna-se desnecessário desvincular o cenário jurídico do político, tamanha a insensatez do desequilíbrio de poderes e a escandalosa imoralidade que parece ter se tornado a regra das narrativas. É lamentável, caro (a) leitor (a), termos que utilizar este espaço mais uma vez para tratar de decepcionantes fatos concretizados, num recado que só parece um: o Brasil tem um dono que insiste em permanecer e esse dono se chama corrupção, tendo como sobrenome a imoralidade e como apelido o despotismo.
A recente decisão do Supremo Tribunal Federal de anular uma condenação contra o ex-deputado federal Eduardo Cunha em um processo da Operação Lava Jato sacramentou o sentimento de que o retrocesso seguirá em curso. A anulação ocorreu dias depois de outra corte superior, o Tribunal Superior Eleitoral, cassar o mandato de Deltan Dallagnol, ex-procurador da Lava Jato, deputado federal eleito com mais votos no Paraná. Como ver normalidade em decisões como essas? O juridiquês pode até se esforçar em explicar e argumentar, mas, caro (a) leitor (a), a subjetividade tem sido a arma de construção de narrativas, mesmo quando saltam aos olhos a realidade pura, crua e cruel.
Para completar, tivemos, no último dia 26/05, a balança que simboliza a justiça sendo substituída por um espeto de churrasco. Dois ministros do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes (também presidente do TSE), além do recém-aposentado Ricardo Lewandoski, participaram de um churrasco especialmente organizado pelo presidente da República. Mais que uma simples confraternização, o evento tinha foco em tratar dos reveses do Governo no Congresso. Um absurdo! Resta alguma dúvida de que os Ministros lá estiveram por integrarem o STF, Corte Suprema que julga pautas de interesse do governo e da pessoalidade do Presidente da República. E Alexandre de Moraes, precisa de algum comentário sobre esta persona?
Bem… foi uma festa com cor partidária, com parcialidade gritante, com objetivos e interesses que nos parecem destoar (mais uma vez) da compostura institucional que se espera de Ministros da Suprema Corte. O Judiciário de fato tem conspurcado cada vez mais sua reputação (ou o pouco que dela existe) e esse evento recente foi mais um para nos indignar. Assim como foi a festa que comemorou a diplomação do atual presidente, também com a presença de ministros do STF. Creio que seja desnecessário dar mais exemplos.
Um pequeno esforço fará vir à tona inúmeras situações que demonstrem o momento inquietante que vivemos. Como vamos confiar neste poder, o judiciário, e mesmo no legislativo? Como vamos crer que existe de fato uma balança que equilibre os poderes e suas ações? Será agora na base do espeto de churrasco? Como vamos acreditar que a liberdade e a democracia seguem sendo realidade? E a principal pergunta: o que podemos fazer para voltarmos, nós cidadãos, a sermos os donos do Brasil – se é que fomos algum dia?
Quem acompanha nossos artigos aqui neste espaço sabem que trazemos sempre um viés de reflexão e procuramos direcionar o foco para a ação. Sugerimos ao (a) leitor (a) que relembre alguns textos recentes que fizemos e possa, os lendo novamente, perceber este artigo como uma sinalização de que sim estamos num momento muito desafiador, mas também de que a República segue sendo feita de povo. Ou seja, devemos colocar nossa energia em buscar o protagonismo.
Se nossos representantes se omitem e se entregam ao sistema, precisamos buscar caminhos que levem ao resultado que precisamos para o nosso Brasil. Quem sabe a movimentação de todos nós seja o suficiente para promover a ação de quem deveria agir. É preciso esperança, mas também é preciso ação. Entre churrascos, balanças e ditadores, há muitas similaridades. Mas nada supera a grandeza de um povo informado, crítico e atuante. Por isso, espaços como esse são instrumentos importantes para que demos um novo caminho para a nossa Nação. Ainda dá tempo. O tempo é agora.
Leia outras colunas do Luís Mário Luchetta aqui.
14 Comentários
Tenho certeza de que td POVO de bem, pensa da mesma maneira, porém, pergunto eu, o que fazer e como reagir diante do que está aí? Não estamos preparados e não andamos armados, somos povo pacífico e não podemos contar com quem deveria nos defender: “gloriosa “forças armadas, temos políticos (maioria) corruptos com o rabo preso, pergunto a quem recorrer?????
Parabéns pela reflexão. O tempo é agora de agirmos como cidadãos organizados em defesa dos ideais republicanos. Conte sempre comigo nesse bom combate.
Orgulho de termos sido representados por tão nobre Irmão. Parabéns pela coragem de continuar representando os cidadãos de bem. Um TFA
Estamos com marginais no poder, no poder que eles tomaram fraudando as eleições e também porque há muitos a orcrim chamada pt vem colocando no STF, STE e em vários outros órgãos um bando de marginais da pior espécie, somando-se a isso um exército de traidores que não tiveram a capacidade de impedir que os marginais tomassem o poder.
Nossas forças armadas são traidoras, não merecem mais a nossa admiração.
Sinceramente só conseguiremos retirar do poder os marginais se o povo resolvesse lutar, mas como fazemos parte um povinho frouxo, que só se reúne pra futebol e carnaval, posso afirmar que o futuro é de escuridão e não de Paz e Tranquilidade.
Oportuna e precisa esta reflexão, parabéns Luis Mário. Sem dúvida a ação é necessária, pois não há futuro venturoso em um cenário degradante como este que se apresenta.
Parabéns pela iniciativa de externar a indignação! Finalmente as vozes do bem começam a ecoar, e encontrar coro para deixar claro que não aceitamos desmandos jurídicos e decisões de aluguel. A nação é mais forte e seu povo deve reagir. O grito de uma única pessoa é apenas um brado, mas a voz de todos muda a realidade.
Meus parabéns Luchetta! Muito digno de sua parte lutar pela independência do Brasil.
Fiquei feliz em ver a sua tomada de posição, pois existem muitas personalidades importantes que estão em cima do muro. É preciso ação antes que seja tarde. Os verdadeiros brasileiros devem se colocar a disposição para que tenhamos um exército a defender nossa querida pátria. Estou a disposição. Parabéns.
O que muito nos entristece é que estão passando por cima da democracia, minimizando a representação popular através das urnas, construindo narrativas e se assegurando que os seus atos tornem essas distorções na nova realidade. A grande pergunta é: o congresso honrará o voto popular?
Esse filme nos fez ir as ruas em 2013/2014, lutamos, e conseguimos alguma coisa. Infelizmente houve um vácuo recentemente e causas de enorme
interesse nacional ficaram soterradas e esquecidas, dando lugar a debates ate irônicos. Ha muita coisa a ser mudada, muita. Os homens de bem e
devotos a Nação Brasileira nunca deixarao de cumprir seu dever. Parabéns pela Matéria Luis M Luchetta. Conte comigo nessa luta!
Parabéns pelo texto, reflete bem o (triste) momento do nosso país!
Lamentável e desafiador o momento em que vivemos, é chegada a hora de agirmos.
Parabéns pela matéria.
Há muito tempo estamos órfãos de Justiça no Brasil. Infelizmente decisões como as que estão surgindo aumentam a desigualdade social, miséria e impunidade, justamente por incentivar a corrupção.
É um absurdo estarmos nas mãos de gente que só trabalha para o seu próprio benefício. A Justiça brasileira perdeu a razão, causando uma insegurança brutal. Espanta os investimentos, assusta os cidadãos e freia o desenvolvimento do país.