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silvio lohmann

A energia que o mundo precisa

06/03/2025
energia

Há consenso no mundo de que as fontes renováveis de energia devem responder pela crescente demanda global e que a geração limpa precisa triplicar até 2030. A transição segura exigirá grandes investimentos e também planejamento para afastar de vez o petróleo, carvão e gás da matriz energética, reduzir emissões de gases de efeito estufa e frear as mudanças climáticas.

No planejamento, uma das ponderações necessárias diz respeito exatamente ao clima e suas possíveis alterações. Das condições climáticas – sol, vento e chuvas – dependerá a capacidade de geração solar, eólica e hidrelétrica. “Para otimizar a geração de energia e garantir um sistema de energia estável, é essencial entender a variabilidade e as mudanças climáticas”, alerta o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), um dos mais reconhecidos institutos de estudos do clima do mundo.

A organização europeia participou da elaboração do relatório Recursos Potenciais de Energia Renovável Global Impulsionados pelo Clima e Demanda de Energia, juntamente com a Organização Meteorológica Mundial (OMM) e a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA). O trabalho divulgado nesta semana enfatiza que a “compreensão dos fatores climáticos é essencial para a construção de resiliência energética”, e que a “variabilidade climática é confirmada como um fator crítico, impactando a geração de energia renovável e a demanda de energia”.

De acordo com o estudo, o mundo precisa alcançar uma capacidade de geração de energia eólica de 3.000 GW, até 2030, e 8.000 GW em 2050. A produção de energia solar deverá se expandir para 5.400 GW, em 2030, 18.000 GW, até 2050, e a capacidade hidrelétrica deve crescer para 1.500 GW e 2.500 GW, em 2030 e 2050, respectivamente. Em 2023, o parque gerador instalado no mundo era de: 1.000 GW (eólica), 1.420 GW (solar) e 1.410 GW (hidrelétrica).

 

Europa poluída (I)

A Comissão Europeia e a Agência Europeia do Ambiente (AEA) publicaram o segundo relatório de acompanhamento do programa que estabeleceu uma meta de Poluição Zero no bloco até 2030. O estudo informa que houve avanços em toda União Europeia (UE) em relação à poluição atmosférica. Em 2023, o bloco reduziu em 8,3% o volume de emissões de gases de efeitos estufa, em relação ao ano anterior. O levantamento também aponta redução do uso de pesticidas e diminuição do lixo plástico. As boas notícias acabam por aí.

 

Europa poluída (II)

Em relação à poluição sonora, o relatório europeu diz que há “progresso limitado”, enquanto a meta de diminuição do impacto da poluição do ar sobre ecossistemas, em 25%, “parece improvável de ser cumprida”. O mesmo ocorre com a meta de evitar perdas de nutrientes do solo, em 50%, que “provavelmente não terá sucesso”. O controle de microplásticos “está ficando para trás” e os objetivos sobre a diminuição de resíduos “permanecem improváveis e fora do caminho”.

 

Gás para montadoras (I)

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, informou que pretende flexibilizar algumas regras impostas à indústria automotiva para emissões de CO2. Um regulamento aprovado em 2023, proíbe as montadoras ficariam de vender carros à combustão a partir de 2035 em toda a União Europeia (UE). Até lá, as companhias deveriam fazer reduções graduais de emissões em seus modelos, sob pena de multas pesadas. Esse é ponto da política que deverá sofrer alteração. As marcas poderão ganhar mais três anos para se adaptar às regras de conformidade de descarbonização da frota de veículos.

 

Gás para montadoras (II)

A pressão para que a Comissão Europeia reveja as regras de conformidade partiu da premissa de que as vendas de veículos elétricos não estão ocorrendo na velocidade imaginada. Um estudo global da S&P, de novembro de 2024, reviu a participação de mercado de elétricos a bateria (BEV) na UE para 2025. A projeção caiu de 27% para 21%. Recentemente, a Volkswagen alertou investidores que, mantidas as regras atuais, seria obrigada a pagar mais de US$ 1,5 bilhão em multas neste ano. A presidente da Comissão da UE observou que, no mérito, nada muda na política de mobilidade limpa do bloco, e acrescentou que é preciso fazer “justiça aos que fizeram a lição de casa com sucesso”

 

Resistência Anti-DEI (I)

Apple, Coca-Cola, IBM, General Motors, Levi’s, Berkshire Hathaway – do bilionário Warren Buffet -, JPMorgan, Levi´s, Pepsico e Mastercard ainda formam um bloco de resistência contra o movimento anti-DEI (Diversidade, equidade e inclusão) que os investidores conservadores americanos querem importar às empresas, influenciados pela decisão do presidente Donald Trump de acabar com a política em órgãos federais. Uma das exigências é a retirada de qualquer bônus à remuneração de executivos que mantenham políticas de igualdade nas companhias.

 

Resistência Anti-DEI (II)

As empresas pró-DEI prometem questionar mandamentos, regras e normas de qualquer órgão de regulação e de associações de investidores, ou ainda leis específicas que possam ser criadas e que influenciem seus planos de gestão corporativa. Do outro lado do balcão, companhias como Meta, Target, Disney, Warner Bros, Citigroup, McDonald´s, Google e Deloitte se afastaram do DEI ou mudaram suas políticas após declarações e decisões do presidente Trump.

(Foto: Greg Rosenke/Unsplash)

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