O aumento no nível de acidificação dos oceanos está prejudicando o desenvolvimento de organismos como corais e plâncton, além de afetar a cadeia alimentar marinha. O resultado não tem impacto somente naquilo que está na água, mas na sustentação da vida humana. “Os oceanos do mundo estão se tornando ácidos demais para sustentar a vida”, adverte um estudo do Instituto Potsdam para a Pesquisa do Impacto Climático (PIK), da Alemanha.
A organização relembra que especialistas de todo mundo alertavam, há 15 anos, sobre o cuidado com nove fatores críticos para a manutenção da capacidade do planeta de regular os sistemas naturais que sustentam a vida na Terra. Hoje, seis já estão com os limites ultrapassados: mudanças climáticas, desmatamento, perda de biodiversidade, proliferação de produtos químicos sintéticos, escassez de água doce e equilíbrio do ciclo do nitrogênio. O sétimo quesito é exatamente a elevação do nível ácido dos oceanos. Em um dos pontos houve avanço, que é a estabilização da camada de ozônio.
De acordo com a publicação do Potsdam, acidificação dos oceanos está piorando em todos os lugares, mas é especialmente grave no Antártico e no Ártico. O fenômeno está ligado ao grande volume de absorção de dióxido de carbono pelos mares, o que diminui o PH da água e afeta diretamente plantas e animais marinhos. Este processo, também reduz a capacidade de estabilização do clima. Mesmo com a redução das emissões, o nível de acidificação está em um ponto crítico, que pode causar danos irreversíveis ao meio ambiente nos próximos anos.
Combustível do futuro (I)
A sanção da lei do Combustível do Futuro, nesta semana, amplia a margem de mistura de etanol na gasolina, que poderá chegar a 35%. Num primeiro momento, os limites vão subir para níveis entre 22% e 27%, contra os atuais 18% de adição mínima. A legislação também aumenta a mistura de biocombustíveis ao diesel, de 12% para 14%, a partir de março de 2025. A lei cria o Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação (ProBioQAV), o Programa Nacional de Diesel Verde (PNDV) e o Programa Nacional de Descarbonização do Produtor e Importador de Gás Natural e de Incentivo ao Biometano.
Combustível do futuro (II)
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) estima que a demanda por biodiesel no Brasil deve chegar a 8,9 bilhões de litros neste ano, uma alta de 22% na comparação com 2023. A expansão será puxada pela elevação da mistura do biocombustível no diesel. Isso representa o consumo de 5,8 milhões de toneladas de óleo de soja – 64% da produção nacional.
Maior em biodiesel
O Paraná deverá sediar o maior complexo de produção de biodiesel do mundo. O projeto é do Grupo Potencial, que anunciou um investimento de R$ 600 milhões na planta instalada na Lapa, onde já produz 720 milhões de litros do combustível por ano. A projeção é saltar deste patamar para 1,6 bilhão de litros por ano. O projeto começa no ano que vem e deverá ser concluído em 2026.
Emprego em transição (I)
Conforme a transição energética avança, muda também a realidade do emprego na indústria de geração. A Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) mapearam o mercado de trabalho global relacionado à produção elétrica. Com dados de 2023, o levantamento aponta que há um contingente de 16,2 milhões de trabalhadores em empreendimentos ligados às fontes limpas, com crescimento de 18% sobre o ano anterior. A produção de energia por placas fotovoltaicas respondeu por 7,2 milhões de empregos em todo o mundo (46%).
Emprego em transição (II)
O relatório mostra que somente na China são 7,4 milhões de empregos na indústria de geração de energia renovável. O País abriga, por exemplo, dois terços dos parques eólicos e solares instalados no mundo no ano passado. O estudo da Irena informa ainda que na União Europeia (UE) havia 1,8 milhão de pessoas trabalhando em empreendimentos de geração renovável. Logo a seguir, vem o Brasil, com aproximadamente 1,6 milhão de empregos. Estados Unidos e Índia, contabilizaram, cada um, cerca de 1 milhão de postos de trabalho.
Emprego em transição (III)
De acordo com a Irena, a produção de biocombustíveis líquidos é o segundo maior em número de empregos. Neste segmento, o Brasil liderou o ranking, respondendo por um terço das 2,8 milhões das vagas mundiais. Com a desaceleração na instalação de usinas hidrelétricas, o mercado de trabalho nesta área encolheu em 200 mil vagas e estacionou em 2,3 milhões de trabalhadores. China, Índia, Brasil, Vietnã e Paquistão foram os maiores empregadores. No setor eólico, chineses e europeus são dominantes, com 52% e 21%, respectivamente, dos 1,5 milhão de empregos.
Amônia competitiva
O custo de produção de amônia verde no Brasil, a partir do hidrogênio gerado por fontes limpas de energia (H2v), já se equipara ao método tradicional, que utiliza combustíveis fósseis. A industrialização sai por valores entre US$ 539,00 e US$ 1,1 mil por tonelada. O preço para o produto elaborado a partir do hidrogênio cinza varia de US$ 361,00 a US$ 1,3 mil por tonelada. As informações são do portal Canal Solar, com base em números levantados pela consultoria Cela (Clean Energy Latin America). Além das aplicações já conhecidas, a amônia pode ser convertida no “meio” para facilitar o transporte de longa distância de grandes volumes de hidrogênio verde.
Socorro europeu
O Fundo de Solidariedade da União Europeia destinou 1 bilhão de euros para ajudar na recuperação de estragos causados por inundações que atingiram a Itália, Eslovênia, Áustria, Grécia e França. No Parlamento Europeu, uma das discussões do momento é a necessidade de ampliação dos recursos do fundo, em razão da ocorrência cada vez mais frequente de grandes catástrofes climáticas nos países que formam o bloco.
Os 10 mais em ESG
A edição de 2024 do Anuário Integridade ESG, elaborado pelo portal de internet de mesmo nome, avaliou boas práticas ambientais, sociais e de governança de 100 empresas brasileiras. Nos 10 primeiros lugares estão o Banco do Brasil, Petrobras, Ambev, Suzano, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Gerdau, Natura, Santander e Itaú Unibanco. O relatório destaca o impacto das ações ESG na reputação e imagem das companhias.
Foto: Sean Oulashin/Unsplash
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