A Comunidade Europeia formalizou o Pacto Verde (Green Deal), um conjunto de propostas legislativas para reduzir em 55% as emissões de gases de efeito estufa até 2030, na comparação com 1990. O bloco também quer zerar outros impactos negativos sobre o meio ambiente e clima até 2050. As exigências não terão efeitos apenas no continente e devem se espalhar pelo mundo, atingindo quem exporta produtos para a Europa. O agronegócio brasileiro reagiu às medidas em um fórum recente promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag). Um dos painéis foi “O que é o Green Deal e o que pode nos trazer de desafios”, onde aconteceram contestações às normas europeias. “A União Europeia possui um sistema democrático avançado, mas ela percebeu que sozinha não será capaz de cumprir com as metas de descarbonização, por isso incluiu as cadeias produtivas. Contudo, há uma grande distorção de realidade entre o mundo temperado e o mundo tropical, que precisa ser discutido. Além disso, as regras unilaterais impostas se chocam com os princípios de multilateralidade”, criticou Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Abag.
Pacto verde europeu (I)
“O maior erro foi internacionalizar conceitos que são bons para os países da UE, mas que não são necessariamente bons para o resto do planeta. É um plano excelente do ponto de vista interno”, acrescentou Ingo Plöger, vice-presidente e coordenador do Comitê de Relações Internacionais da Abag. Segundo ele, instituições e os produtores atuam para mostrar que a estrutura agrícola brasileira é sustentável. As palavras de ordem foram cooperação e diálogo.
Pacto verde europeu (II)
Ingo Melchers, executivo da organização Diálogo Agropolítico Brasil – Alemanha (APD), lembrou aos participantes do fórum da Abag que a descarbonização da economia europeia e global é um caminho sem volta. Segundo ele, os consumidores europeus não querem mais contribuir com o desmatamento ao redor do planeta, por exemplo, e que os legisladores do bloco criaram o pacto com um olhar fixo para as demandas da sociedade onde estão inseridos. Em dezembro de 2022, o bloco europeu comprou R$ 1,9 bilhão do agronegócio brasileiro.
Formação ESG
Reportagem publicada pela Bloomberg Green revela que a agenda ESG está estimulando muitas pessoas a deixarem suas ocupações para atuar em posições que operam em favor do desenvolvimento sustentável. Mas enquanto os chamados empregos verdes cresceram 8% ao ano desde 2015, o volume de formação de profissionais capacitados para trabalhar nesta área aumentou apenas 6% no mesmo período, conforme pesquisa do LinkedIn de 2022.
Asfalto plástico (I)
Uma nova solução para reaproveitar o lixo plástico está em teste na rodovia Washington Luiz, entre Rio Claro e São Carlos, no estado de São Paulo. A concessionária Eixo SP, responsável pelo trecho, pavimentou um quilômetro da estrada com um tipo de asfalto que leva plástico na sua composição. O produto é resultado de uma parceria que envolve a DOW Brasil e a Stratura Asfaltos, e a experiência vai avaliar a adaptação da massa ao clima e medir a resistência ao tráfego de cargas.
Asfalto plástico (II)
Segundo a concessionária, 200 mil embalagens plásticas usadas para acondicionar alimentos foram recicladas e usadas na experiência. O material entregue por cooperativas de reciclagem passa por um longo processo de tratamento antes de ser misturado ao asfalto. Segundo a Eixo SP, caso o ensaio dê resultado positivo e o produto possa ser utilizado em grande escala, até 80 bilhões de embalagens plásticas poderiam ser retiradas do meio ambiente e usadas na pavimentação de vias no Brasil.
Por falar em plásticos
Um grupo de professores da Universidade de Cambridge criou um sistema capaz de transformar dióxido de carbono (CO2) e plásticos em novos produtos. O reator movido a energia solar desenvolvido pelos pesquisadores converte gases poluentes e material sólido em combustíveis sustentáveis e outros insumos que podem ser utilizados pela indústria, segundo relato da revista Nature Synthesis. O CO2 virou gás de síntese, que pode ser usado em combustão direta ou como matéria-prima para produção de biocombustíveis, e garrafas de plástico foram convertidas em ácido glicólico, utilizado na fabricação de cosméticos.
Sustentabilidade e rentabilidade
Em um artigo publicado no portal da revista Exame, o principal executivo da Saint-Gobain Latam, Javier Gimeno, defende que é possível gerir negócios que aliam sustentabilidade e rentabilidade. Ele exemplifica o caso da empresa: Do total de 44,2 bilhões de euros em vendas globais em 2021, 72% se referem a produtos ligados à sustentabilidade, informou. “São números que corroboram nossa visão de negócios atual: seguir com crescimento forte com cada vez menos impacto sobre o ambiente”.
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(Foto: Steven Weeks/Unsplash)