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Apesar do sinais, combustíveis fósseis continuarão aquecendo o planeta

09/11/2023

Um estudo realizado por um conjunto de organizações internacionais prevê que os maiores produtores de combustíveis fósseis do mundo continuarão explorando suas reservas em abundância nos próximos anos, colocando em risco a meta de combater o aquecimento global. Segundo o levantamento, a previsão é de que a oferta de petróleo, gás e carvão seja 110% maior do que o recomendável para limitar a elevação da temperatura do planeta em 1,5°C até 2030, na comparação com o nível pré-industrial.

 

As estimativas foram construídas com base em dados governamentais, que indicam um aumento na produção global – planejada e projetada – de carvão, até 2030, e de petróleo e gás, até pelo menos 2050. Segundo o estudo, há dados que sugerem que a demanda global de carvão, petróleo e gás atingirá o pico nesta década.

 

O relato aponta que os 20 grandes produtores de combustíveis fósseis mantêm políticas de incentivo e apoio financeiro significativos para a produção de combustíveis fósseis. São eles: Austrália, Brasil, Canadá, China, Colômbia, Alemanha, Índia, Indonésia, Cazaquistão, Kuwait, México, Nigéria, Noruega, Catar, Federação Russa, Arábia Saudita, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte e Estados Unidos da América.

 

Quem assina

O relatório intitulado “Redução ou aumento gradual? Os principais produtores de combustíveis fósseis planejam ainda mais extração, apesar das promessas climáticas” é assinado pelo Instituto Ambiental de Estocolmo (SEI), Climate Analytics, E3G, Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IISD) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

 

Recomendação

A conclusão dos autores do relatório é de que há muita incerteza em relação à captura e armazenamento de carbono e da remoção de dióxido de carbono, e que, por isso, “os países devem ter como meta a eliminação quase total da produção e do uso de carvão até 2040, e uma redução combinada da produção e do uso de petróleo e gás em três quartos até 2050, no mínimo, em relação aos níveis de 2020”. O secretário-geral da ONU, António Guterres, se manifestou sobre o relatório. “Não podemos enfrentar a catástrofe climática sem atacar sua causa principal: a dependência dos combustíveis fósseis”, afirmou.

 

Petrobras refina soja (I)

A Petrobras encerrou nesta semana a primeira fase de testes de refino de óleo totalmente vegetal. Do processo saíram insumos petroquímicos e combustíveis renováveis como GLP, combustíveis marítimos, propeno e bioaromáticos (BTX – benzeno, tolueno e xileno), usados nas indústrias da borracha sintética, nylon e PVC, além de uma gasolina de alto desempenho. O processamento de duas mil toneladas de óleo de soja foi realizado na Refinaria Riograndense, unidade que tem como sócios da estatal brasileira a Braskem e o Grupo Ultra.

 

Petrobras refina soja (II)

O processo para refino de óleo vegetal bruto em escala industrial foi desenvolvido pelo Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Petrobras (Cenpes), que detém a patente da tecnologia que vai um passo além da produção de biocombustíveis. Com a efetividade do primeiro teste, outro já foi programado para junho de 2024, com o coprocessamento de carga mineral e bio-óleo (biomassa não alimentar) para a produção de propeno, gasolina e diesel, que poderão ser classificados como combustíveis verdes. A companhia também está prospectando a bioquerosene de aviação.

 

Mais combustível verde

O Grupo Brasil BioFules (BBF) escolheu o óleo de palma para inovar na produção de combustíveis verdes. A empresa faz um investimento de R$ 2,2 bilhões em Manaus para abrir uma refinaria que promete entregar 500 milhões de litros por ano de combustível sustentável de aviação (SAF) e diesel verde. A palma (ou dendê) tem uma constituição bioquímica que gera, no mesmo espaço de plantio, dez vezes mais óleo do que a soja.

 

Diesel R

Outra novidade relacionada a combustíveis de nova geração é um contrato firmado entre a Petrobras e a rede de postos SIM, que opera no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, para a entrega de diesel R. É a primeira vez que o produto vai chegar ao varejo para abastecer caminhões e outros veículos movidos a diesel. O combustível é resultado do coprocessamento de petróleo e matérias-primas renováveis, como o óleo de soja, e, de acordo com a Petrobras, tem um nível de emissões 60% menor que o diesel mineral. A refinaria de Araucária será responsável pelo fornecimento. A decisão de oferecer o diesel R faz parte das práticas ESG que a rede SIM está adotando.

 

Clima de perdas

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) divulgou um estudo que mostra que os desastres naturais provocados pelas mudanças climáticas geraram perdas de US$ 3,8 trilhões na produção agrícola global entre 1991 e 2021. Nos cálculos da entidade, isso representa um prejuízo anual de 5% do PIB agrícola mundial. O número de eventos extremos com reflexos na produção agropecuária aumentou de 100 ao ano, na década de 1970, para 400 ao ano, na média das últimas duas décadas.

 

(Foto: Zbynek Burival/Unsplash)

 

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