O primeiro carro movido a álcool do Brasil foi um Fiat 147, que no próximo dia 5 de julho completará 45 anos. O veículo é resultado do Programa Nacional do Álcool (Pró-Álcool), que foi instituído pelo governo militar em 1975 para estimular a produção brasileira de etanol e tentar reduzir a dependência do petróleo, após a crise de preços dos combustíveis experimentada naquela década.
Atualmente, a questão é ambiental, com exigências legais cada vez mais duras para reduzir emissões de gases de efeito estufa, e a engenharia busca a melhor maneira de descarbonizar a frota mundial de veículos. Os elétricos já ocupam um grande espaço do mercado global, mas no Brasil as montadoras estão olhando para uma outra possibilidade, que é a retomada dos motores a etanol.
O conglomerado Stellantis, formado por 13 marcas – entre elas a Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën – desenvolve um programa chamado Bio-Hybrid e deve recolocar nas ruas brasileiras veículos populares 100% a álcool ou híbridos – etanol e eletricidade – até o próximo ano.
A tecnologia híbrida, com etanol, já está embarcada em carros da Toyota desde 2019, mas em modelos fora do alcance de compra da maior parte dos consumidores brasileiros. Agora, a nova onda envolve praticamente todas as montadoras, inclusive a chinesa GWM, que está finalizando a primeira planta no interior de São Paulo. A Volkswagen também prepara um novo motor híbrido flex, assim como a aliança Renault-Nissan.
Mundo aquecido
Maio de 2024 foi mais um mês em que o planeta bateu recordes de calor, com uma temperatura média global de 1,52°C acima da era pré-industrial (1850–1900). Nos últimos 12 meses, apenas o mês de junho de 2023 ficou abaixo do limite mínimo de aquecimento (1,5°C) previsto no Acordo de Paris, assinado em 2015. As informações são do Instituto Copernicus, que atende a União Europeia.
Financiamento climático
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) divulgou um relatório em que mostra que os países desenvolvidos liberaram US$ 115 bilhões para financiar ações para mitigar efeitos da mudança climática em nações em desenvolvimento. Os dados são relativos ao ano de 2022 e a OCDE observa que foi a primeira vez que a meta anual (US$ 100 bilhões), acordada em 2009 na COP15, foi ultrapassada. Entre 2018 e 2021, a média foi de US$ 80 bilhões. A maior parte do dinheiro movimentado (80%) saiu de fundos públicos.
Energia solar global (I)
A Agência Internacional de Energia (IEA) projeta que em 2024 o investimento global em energia solar vai bater em US$ 500 bilhões. Hoje, no mundo inteiro, a capacidade instalada dessa fonte é de 1 TW (terawatts), mas especialistas do setor avaliam que esta quantidade ainda é uma pequena fração do potencial total. A agência estima que a exploração de energia, de todas as fontes, vai movimentar US$ 3 trilhões neste ano, sendo que a maior parte será aplicada em geração limpa. A extração dos combustíveis fósseis consumirá US$ 1 trilhão.
Energia solar global (II)
O Brasil é o sexto colocado no ranking de países com maior capacidade instalada de geração de energia solar, com 37,4 gigawatts, conforme dados recentes da Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena). Sozinha, a China gera 609,3 GW, que é mais que a soma dos demais países em destaque, incluindo o parque brasileiro: Estados Unidos (137,7 GW), Japão (87,1 GW), Alemanha (81,7 GW), Índia (72,7 GW) estão Austrália (33,6 GW), Itália (29,8 GW), Espanha (28,7 GW) e República da Coreia (27 GW).
Energia x vegetação
A construção de parques geradores de energia renovável consumiu 4,5 mil hectares de vegetação nativa no Brasil no ano passado, de acordo com um levantamento realizado pelo portal ((o))eco com base em dados do MapBiomas. A Caatinga é o bioma que sofreu maior impacto. Dos oito estados brasileiros que mais registraram desmatamento para abrigar usinas, seis estão no Nordeste.
Energia solar doméstica
A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSolar) contabiliza R$ 142 bilhões em investimentos em micro e minigeração de energia distribuída no País desde que começou a expansão deste mercado, há cerca de cinco anos. A entidade destaca que quatro estados – São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná – concentram 40% dos valores movimentados pelo segmento de painéis domésticos.
Sem destino (I)
O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e o Movimento Amazônia em Pé informam que 61,2% das Florestas Públicas Não Destinadas (FPND), localizadas na região amazônica, estão registradas como áreas privadas e que 32% das terras foi alvo de grilagem entre 2016 e 2020. As duas organizações estimam em 49,5 milhões de hectares o tamanho do território sem destinação pelo Poder Público – União, estados e municípios.
Sem destino (II)
O Cadastro Nacional de Florestas Públicas (CNFP) informa que a área total registrada até 2022 foi de 327,3 milhões de hectares – equivalente a 38,4% do território brasileiro. As terras com uso definido – unidades de conservação federais (20,5%), estaduais (17%) e municipais (1%), assentamentos (5%), terras indígenas ou quilombolas (35,7%) – representam aproximadamente 80% do total de florestas públicas. O restante ainda não tem destinação.
Revés na grilagem
A grilagem de terras públicas tomou um revés no Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho), quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Greenwashing para prender integrantes de uma quadrilha acusada de vender R$ 180 milhões em créditos de carbono. O valor foi gerado a partir de áreas invadidas pertencentes à União. A investigação revelou um esquema de fraudes fundiárias que tem mais de uma década. Houve apreensões no Amazonas, Rondônia, Mato Grosso, Paraná, Ceará e São Paulo, e o bloqueio de R$ 1,6 bilhão.
Ilha submergindo
A maior parte das 300 famílias de nativos da pequena ilha Gardi Sugdub, que fica no Caribe e pertence ao Panamá, está sendo retirada do local. Segundo autoridades panamenhas, o espaço será totalmente submerso nos próximos anos. Atualmente, quem vive no lugar já enfrenta os efeitos da mudança no clima. Entre os meses de novembro e dezembro, a água do mar enche as ruas e entra nas casas. O Ministério do Ambiente do Panamá estima que até 2050 o país perderá cerca de 2% da área costeira por causa da subida do nível do mar. Isso significa o realojamento de 38 mil pessoas.
(Foto: José Fernando Ogura/AEN)
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