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Documento sugere meta ambiciosa ao Brasil: reduzir emissões em 92%

05/09/2024
brasil

O Brasil precisa cortar as emissões de gases de efeito estufa em pelo menos 92% até 2035, na comparação com o volume de 2005, se quiser ser protagonista no combate ao aquecimento global e dar uma contribuição significativa para limitar o aumento da temperatura do planeta em 1,5ºC, conforme determina o Acordo de Paris.

A proposta de meta climática – ou Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) – foi sugerida pelo Observatório do Clima e significa reduzir as emissões no País a 200 milhões de toneladas por ano, contra as 2,4 bilhões de toneladas de 2005. A organização informa que o documento foi construído por dezenas de especialistas e com base “na melhor ciência disponível”.

De acordo com o Observatório, o Brasil é sexto maior emissor de gases de efeito estufa do mundo e precisa entregar para a ONU, até fevereiro de 2025 – ano em que o País sedia a COP30 -, um plano climático mais ambicioso e que sirva de modelo para os países do G20, que são as nações mais ricas do mundo.

Esta é a terceira proposta de NDC elaborada pelo Observatório do Clima. A primeira é de 2015, e a meta era limitar as emissões a 1 bilhão de toneladas de CO2 até 2030. Em 2020, o documento apontava para a necessidade de uma redução de 83%, equivalente a 400 milhões de toneladas em relação a 2005.

Para diminuir as emissões, o organismo sugere cinco caminhos prioritários: a redução do desmatamento a quase zero; recuperação do passivo de 21 milhões de hectares de cobertura vegetal; sequestro maciço de carbono no solo, com expansão de práticas agropecuárias de baixa emissão; transição energética, para eliminar combustíveis fósseis; e melhoria da gestão de resíduos.

O governo brasileiro já formalizou as metas de Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) que o País pretende entregar nos próximos anos. O objetivo é reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 48%, até 2025, e em 53%, até 2030, em relação às emissões de 2005.

Transição nacional (I)

O governo federal formalizou as diretrizes do Plano Nacional de Transição Energética, lançado no final de agosto. O objetivo é construir bases mais sólidas para desenvolver uma economia verde, com a redução de emissão de gases de efeito estufa (carbono e metano) e a descarbonização da exploração e produção de petróleo e gás natural. A projeção oficial é de que esta iniciativa vai movimentar R$ 2 trilhões em investimentos nos próximos 10 anos.

Transição nacional (II)

“Projetos de transição energética podem demorar mais de 30 anos para dar retorno de capital”, alertou Luciana Costa, diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) durante o fórum Brasil do Futuro, promovido pelo portal UOL. Na avaliação dela, neste cenário são as instituições públicas de fomento que devem assumir o papel de financiadores de novas tecnologias e empreendimentos que ainda são vistos como risco pelo mercado financeiro.

Transição nacional (III)

Luciana Costa acrescentou que o cardápio de investimentos que o BNDES identifica para os próximos anos inclui produção de Combustível Sustentável de Aviação (SAF), combustível marítimo (biobunker), biometano, hidrogênio verde, amônia verde, fertilizante verde e metanol. “Para isso é necessário capital intensivo. A gente não vai precisar só de dívida, vai precisar também de equity [participação acionária]”, considerou a diretora do banco.

Captura direta de CO2

A região de Île-de-France, na França, deve abrigar o primeiro projeto da União Europeia (UE) de captura direta e armazenamento de carbono (DAC) em terra (onshore). O empreendimento une duas startups, a holandesa C-Questra e a americana RepAir. A projeção das empresas é sequestrar 100 mil toneladas de CO2 até 2030, que serão injetados permanentemente em formações geológicas subterrâneas, como aquíferos.

Tempos de degelo (I)

Longyearbyen, capital do arquipélago de Svalbard, na Noruega, registrou temperaturas acima de 20°C em agosto, o que é raro. Na média do mês, a temperatura na localidade ficou em 8,6°C, acima dos 7,7°C, de 2023, e dos 7,4°C, em 2022. A região fica a mil quilômetros do Polo Norte e é uma espécie de laboratório de análises dos impactos do aquecimento global. Climatologistas observam que ali as ondas de calor estão ocorrendo seis vezes mais rápido do que em qualquer outro lugar do mundo, afetando diretamente a cobertura de gelo.

Tempos de degelo (II)

Os cientistas afirmam que o rápido aquecimento em regiões congeladas do planeta também é percebido em montanhas e picos da Groenlândia e da Antártida. Esse fenômeno resulta em menos cobertura de neve no inverno e a redução das superfícies brancas, que refletem os raios solares. Neste ciclo, aparecem novas áreas escuras, que absorvem o calor, e o processo de elevação da temperatura e de degelo se retroalimenta.

Águas nada pacíficas

Apesar de serem responsáveis por apenas 0,02% das emissões globais de gases de efeito estufa, as ilhas paradisíacas do Pacífico são alguns dos lugares mais expostos às mudanças do clima. Tuvalu, por exemplo, tem o ponto mais alto do seu território a cinco metros do nível do mar e corre o risco de desaparecer nas próximas três décadas, caso seja mantida a taxa de elevação do Oceano Pacífico. De acordo com um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) o aumento no nível das águas na região é três vezes maior que a média global.

Realidade estendida

O Fórum Econômico Mundial (WEF) aposta na tecnologia da realidade estendida (XR) para encontrar soluções para os desafios globais críticos, como questões de gestão ou das mudanças climáticas. Para isso, criou Global Collaboration Village, uma plataforma interativa que permite discussões em grupo, reunindo gente de todo o mundo dentro de um mesmo espaço virtual. “Embora a IA [Inteligência Artificial] muitas vezes capture as manchetes como a pedra angular da quarta revolução industrial, outra história está se desenrolando – uma em que o XR está mudando silenciosamente o tecido de nossa sociedade”, diz o comunicado da organização.

Foto: Anne Nygård/Unsplash

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