A frase que dá título a este texto foi dita pelo doutor em engenharia da produção e professor da PUC-PR, Ubiratã Tortato. A fala resume o que é a prática ESG e como este movimento deve ser encarado pelas empresas. “Tem meios de mensurar, é preciso fazer auditorias, diligências”, completou. A manifestação aconteceu em um webinar do Sistema Ocepar para debater exigências cada vez mais rígidas do mercado internacional a respeito de questões ambientais, sociais e de governança. De forma direta, Tortato foi ao ponto: “ESG não é para proteger floresta, macaquinho, tribo indígena, oceanos, rios e lagos. É para proteger o sistema financeiro, que entendeu que se proteger a floresta, o macaquinho, a tribo indígena e os oceanos, rios e lagos, estará protegendo o sistema financeiro”. Em razão desta visão, o professor reforçou que a agenda tem como foco diminuir riscos dos negócios, evitar a perda de clientes e facilitar o acesso a linhas de crédito competitivas. “O gestor é quem tem que fazer essa conta”, disse Tortato a respeito da decisão das empresas em aderir à pauta ESG.
Classificação europeia (I)
O seminário virtual do Sistema Ocepar também teve a participação do adido agrícola do Brasil na União Europeia, Bernardo Todeschini. Ele abordou a decisão do bloco de classificar países exportadores pelo nível de desmatamento. A norma entra em vigor no início de 2025. “Os países que não forem classificados como de baixo risco terão dificuldades [para vender ao bloco] e poderão ser substituídos por outros”, alertou. Para ele, o Brasil deverá ser enquadrado como área de alto risco e, por isso, serão cobradas auditorias rigorosas nas cadeias produtivas que mantêm negócios com países europeus.
Classificação europeia (II)
O regulamento publicado pelo Conselho Europeu em julho tem como foco evitar a importação de mercadorias cuja produção envolve desmatamento ou degradação de florestas. De acordo com Todeschini, a regra alcança 55% das exportações do Brasil para a União Europeia e envolve diretamente oito cadeias produtivas: óleo de palma, bovinos, soja, café, cacau, madeira, papel e borracha. Ele entende que os exportadores brasileiros devem implantar medidas de rastreabilidade o mais rápido possível. Segundo o diplomata, a agenda ESG traz grandes desafios, mas também abre um leque de oportunidades. Além da Europa, os Estados Unidos e o Reino Unido estão criando novas exigências para exportações.
Sobrecarga da terra
O dia 2 de agosto de 2023 fica marcado como a data em que o mundo consumiu todos os recursos naturais que o planeta poderia regenerar em um ano. O cálculo da organização ambiental Global Footprint Network estabelece o Dia da Sobrecarga da Terra (Earth Overshoot Day), que é registrado desde 1971. Em 2000, o déficit foi alcançado em outubro e, em 2010, no fim de agosto. Nos últimos três anos, os registros ocorreram entre o final de julho e início de agosto.
Para nunca esquecer
A temperatura média da Terra, que alcançou 16,95°C em julho, pode ter chegado ao maior nível em 120 mil anos e “por uma margem significativa” em relação aos registros anteriores. A avaliação é do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, da União Europeia (UE), e da Organização Meteorológica Mundial (OMM). O resultado disso são centenas de mortes por calor, além de grandes incêndios em áreas remotas do Alaska e da Sibéria e um aquecimento sem precedentes das águas dos oceanos.
Movido a amônia (I)
A China está oferecendo diversas soluções para descarbonizar a frota global de veículos. Além de ser a principal fornecedora de baterias para carros elétricos, de desenvolver os primeiros modelos populares movidos a eletricidade, agora a indústria chinesa apresenta uma opção de automóvel de passeio movido a amônia líquida. O combustível produz, em tese, 90% menos gases poluentes do que os fósseis. O protótipo em teste, criado pela Guangzhou Automobile Group em parceria com a Toyota, foi batizado de GAC Empow e tem 161 CV de potência.
Movido a amônia (II)
Nos Estados Unidos, a empresa Amogy também desenvolveu uma tecnologia que está permitindo testar a amônia líquida como combustível para caminhões de alta potência. Outra iniciativa em solo americano vai estudar a competitividade do composto químico para o abastecimento de navios. O consórcio que fará o estudo tem entre seus sócios gigantes multinacionais como a Maersk e a Sumitomo, além de organizações marítimas e portuárias americanas.
Maersk verde
A Maersk estabeleceu como meta descarbonizar suas operações até 2040 e já iniciou a transição da frota. A companhia dinamarquesa quer reduzir pelo menos 50% das suas emissões até 2030. Para isso, encomendou 19 grandes embarcações com motores bicombustíveis para transporte de contêineres, que podem ser movidos a metanol verde. A fabricação está a cargo da norte-coreana Hyundai, que deve finalizar as entregas até 2025.
Água proibida
O Aeroporto Internacional de Los Angeles (LAX), um dos mais movimentados do mundo, proibiu a venda de água em garrafas plásticas de uso único em quiosques, lanchonetes e restaurantes. A sugestão aos passageiros é levar a própria embalagem e abastecê-la em bebedouros, sem qualquer custo. A medida ganhou elogios e críticas. Primeiro, o lado bom. São aproximadamente 9 milhões de garrafas a menos sendo descartadas por ano. O lado crítico é que continua permitida a venda de refrigerantes, sucos e outras bebidas no mesmo tipo de embalagem.
(Foto: Isaac Smith/Unsplash)
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