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Fundos de capital de risco entram na guerra climática

04/05/2023
venture

Até agora um pouco distantes do debate sobre as mudanças climáticas, e com poucas ações efetivas para contribuir com a descarbonização da economia, 23 fundos americanos e europeus de capital de risco decidiram criar a Venture Capital Alliance (VCA).

 

Os associados informam que a iniciativa é, de um lado, para incentivar os investidores a aplicar recursos em empreendimentos que reduzam o aquecimento global e, de outra parte, estimular as empresas que já recebem aportes a desenvolver práticas sustentáveis. Eles também assumiram o compromisso de reduzir as próprias emissões de gases de efeito estufa (GEE).

 

“Os membros da VCA se comprometeram a apoiar uma transição rápida e global para emissões líquidas zero ou negativas de carbono até 2050 ou antes, e tomarão medidas específicas de curto prazo para atingir esse objetivo, tanto dentro de suas respectivas empresas quanto em seus papéis como investidores e consultores”, prometem os sócios da organização.

 

O VCA cita que a iniciativa é aderente às novas regras para o clima instituídas pela Lei de Redução da Inflação dos EUA e pelo Plano Industrial Green Deal da União Europeia. O grupo diz que os sócios “desenvolverão as melhores práticas para coletar, interpretar e relatar as emissões de carbono e os dados de impacto climático”. Além disso, vão criar ferramentas e oferecer orientações para que os negócios em que estejam envolvidos alcancem metas líquidas zero.

 

Menos fumaça americana (I)

O governo americano fará uma consulta pública para criar novas normas para reduzir emissões de poluentes por veículos leves que utilizam combustível fóssil. A medida é parte da política de proteção ambiental dos Estados Unidos, mas na prática terá reflexos diretos sobre a indústria automotiva. O novo padrão para liberação de fumaça pelos escapamentos deverá entrar em vigor a partir de 2027, forçando a montadoras a acelerar a eletrificação da frota.

 

Menos fumaça americana (II)

A expectativa do presidente Joe Biden é de que os modelos elétricos respondam por 50% das vendas americanas de veículos novos até o final desta década. A meta é ousada porque atualmente os modelos eletrificados respondem por 6% da comercialização de automóveis nos EUA.

 

Menos fumaça americana (III)

Mas a política de Biden vai ganhando adeptos. A Nikola, uma empresa americana que desenvolveu caminhões pesados movidos a bateria e a hidrogênio, quer criar a maior rede de postos de abastecimento de H2 da América do Norte. Para isso, fez uma associação com a Voltera, que é uma startup que estuda infraestrutura de abastecimento para veículos com emissão zero. Para abrir até 50 postos de hidrogênio nos próximos cinco anos o investimento estimado é de US$ 1 bilhão.

 

Bateria da Suzano (I)

A brasileira Suzano é uma das maiores produtoras de papel e celulose do planeta e atende a mais de 40 países. Mas a transição energética também está no radar da companhia. O braço de capital de risco da empresa anunciou um investimento de US$ 6,7 milhões para que a startup britânica Allotrope Energy desenvolva uma bateria de carbono-lítio para uso em veículos elétricos, além de outras aplicações.

 

Bateria da Suzano (II)

O modelo patrocinado pela Suzano, ao que se sabe, tem algumas vantagens sobre os modelos conhecidos até agora. Primeiro, seria de carregamento ultrarrápido, em minutos. Outro aspecto positivo é abandonar o níquel ou cobalto, metais que tem alta demanda. Mas o maior benefício seria a utilização de um subproduto do processo produtivo da celulose como componente de carbono.

 

BioGLP no Brasil

A Supergasbras pretende substituir 100% do volume de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) distribuído no Brasil por alternativas renováveis e sustentáveis até 2040. Para isso, a companhia estabeleceu parcerias com empresas e universidades nacionais e estrangeiras para desenvolver gases liquefeitos renováveis a partir do biobutano (BioGLP), biopropano e biometano. Também fazem parte da agenda o hidrogênio verde e a amônia.

 

Clima verde e amarelo (I)

Onze estados brasileiros (Acre, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe) finalizaram nesta semana os trâmites para fazer andar iniciativas do Consórcio Verde Amarelo. O organismo foi criado em 2021 para tratar de questões ambientais, mas somente agora teve a aprovação final do estatuto e formalizou a forma de rateio de despesas e a cessão de servidores públicos efetivos para atuar na instituição.

 

Clima verde e amarelo (II)

O consórcio é presidido pelo governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, que afirmou que com o encerramento das questões legais é hora dos estados se articularem e agirem. Para ele, cada um dos associados deve instituir um programa efetivo para combater às mudanças climáticas e criar mecanismos para financiar projetos de desenvolvimento sustentável.

 

E por falar em Brasil

O Senado aprovou o projeto que altera a lei que rege a gestão de florestas públicas concedidas no País. Agora, será permitida a outorga de direitos sobre o patrimônio genético da área concedida para fins de pesquisa, desenvolvimento e bioprospecção, além da liberação da exploração de recursos pesqueiros ou da fauna silvestre. As concessionárias também poderão comercializar créditos de carbono e outros instrumentos de mitigação de emissões de gases do efeito estufa.

Foto: Markus Winkler/Unsplash

 

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