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silvio lohmann

Mineração do mar de volta à superfície

20/03/2025

Kingston, capital da Jamaica, recebe, até o próximo dia 28 de março, a 30ª Sessão da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA), uma agência vinculada às Nações Unidas que regula águas internacionais. A principal pauta da conferência é a liberação de atividades mineradoras nos oceanos. O organismo é comandado pela cientista brasileira Letícia Carvalho desde o final de 2024. Ela herdou a missão de concluir um código de mineração com regras gerais para a exploração do fundo do mar.

De um lado há pressão de empresas para que projetos que já somam US$ 2 bilhões possam prosseguir. De outro, um grupo de 32 países, com o Brasil incluso, quer postergar a atividade até que haja mais informações sobre o impacto da exploração no ambiente marinho.

Um dos alertas é sobre a possibilidade de perturbar todo o sedimento acumulado no leito oceânico por milhões de anos, liberando mais CO2. Há também muitas dúvidas sobre os reais impactos da mineração sobre a vida marinha.
A discussão sobre mineração em águas marítimas profundas ganhou tração com a possibilidade de retirada de nódulos polimetálicos, que existem em abundância em algumas regiões. As pedras são ricas em minerais como manganês, cobalto, níquel e cobre, essenciais para alimentar tecnologias verdes usadas para a transição e segurança energética.

Transição capitalista
Ex-secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry encerrou a Semana Internacional de Energia de 2025 com a seguinte reflexão a respeito da importância da transição energética para combater a mudança climática: “A chave agora para todos nós é a implementação. Faça acontecer! Nenhum governo tem dinheiro suficiente para fazer isso e sabemos que está na casa dos trilhões de dólares. Mas aqui está o que me dá esperança, e o que acredito que vai fazer a diferença: o setor privado tem trilhões de dólares. E a verdade é que não se trata de uma questão de caridade, não é uma questão de política governamental, não é um subsídio, mas uma questão do bom e velho capitalismo, onde você sai, investe e ganha dinheiro porque está produzindo algo que as pessoas precisam e querem”.

Imitando a fotossíntese (I)
A Universidade de Cambridge apresentou um experimento que captura dióxido de carbono (CO2) da atmosfera e o transforma em um produto que pode ser utilizado na indústria química ou farmacêutica, ou virar um combustível limpo. O dispositivo é movido a energia solar, sem cabos ou baterias, e a tecnologia é inspirada na fotossíntese das plantas. Um reator captura o CO2 durante a noite, usando filtros específicos, e o resíduo é aquecido pelo sol ao longo do dia. Uma reação química gera o chamado gás de síntese (uma mistura de hidrogênio e monóxido de carbono), que tem diversas aplicações.

Imitando a fotossíntese (II)
Baseado em um protótipo (reator) de pequena escala que está em funcionamento e já provou resultados, os pesquisadores de Cambridge publicaram o estudo na revista Nature Energy. O trabalho de pesquisa deve avançar para um equipamento de maior porte. O desenvolvimento e a aplicação de tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCS) movimentam dezenas de bilhões de dólares no mundo. Contudo, a maioria dos projetos demanda muita energia, e ainda há incertezas sobre a segurança da armazenagem do CO2.

Ar aquecido
O Brasil se transformou no segundo maior polo fabricante de ar-condicionado do mundo, ficando atrás apenas da China. No ano passado, o mais quente do País desde 1961, foram vendidas 5,88 milhões de unidades, um crescimento de 38% sobre 2023. A informação é da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros). Além do clima, as vendas foram empurradas por linhas de crédito mais acessíveis e pela redução no preço do equipamento. Desde 2020, a produção do aparelho tem superado a marca de 4 milhões de unidades por ano no Brasil, exceto em 2022, quando 3,6 milhões de unidades foram colocadas no mercado.

Gasolina aditivada (I)
Um estudo do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), encomendado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), sustenta que o aumento da mistura de etanol na gasolina, de 27% para 30%, é viável e não causa impactos negativos no desempenho dos motores. Foram testados 16 modelos de automóveis e 13 de motocicletas. A medida, anunciaram os autores, gera efeitos econômicos e ambientais, como a redução de emissões de gases de efeito estufa em 1,7 milhão de toneladas por ano. Para ser implementada, a medida precisa da aprovação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

Gasolina aditivada (II)
No ano passado, o Brasil ganhou uma lei que trata do “combustível do futuro”. A norma alterou a relação mínima e máxima de etanol na gasolina. O texto estabelece que o percentual pode variar de 22% a 35%. Antes da nova lei, os limites da composição variavam entre 18% e 27,5%. A legislação também trata de combustível sustentável de aviação (SAF) e do diesel verde, com mais adição de biodiesel, entre outras medidas de redução de emissões, inclusive com estímulo à captura de carbono.

(Foto: Joseph Barrientos/Unsplash)

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