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Mundo aguarda decisão sobre o petróleo na COP do Oriente Médio

26/10/2023
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A Cidade de Dubai está localizada em um território cercado por campos de petróleo. Esta é a maior riqueza do emirado e de seus vizinhos. Pois é neste ambiente que vai acontecer a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023 (COP 28). O encontro está sendo organizado pelo o sultão Ahmaed Al-Jaber, que também dirige uma empresa petrolífera.

 

Uma das maiores expectativas da COP28, que acontece entre 30 de novembro e 2 de dezembro, é sobre a divulgação dos compromissos dos principais produtores de petróleo com a redução da queima de combustíveis fósseis para diminuir as emissões de carbono. O que se espera é que sejam divulgadas metas e prazos.

 

Al-Jaber tem dito que mais de 20 empresas do setor de petróleo e gás, além de companhias intensivas em energia, como cimento e alumínio, já estão comprometidas a reduzir as emissões. O nome das companhias não foi revelado, mas em entrevista para a agência Reuters o sultão garante que todos têm propósitos firmes e serão conhecidos na cúpula climática da ONU.

 

Descarbonização nacional

O governo brasileiro cobra do Congresso Nacional a votação de projetos de lei que podem acelerar a transição energética e a descarbonização do País. O apelo feito a deputados e senadores é para que haja aprovação de medidas como a que regulamenta a inclusão do hidrogênio na matriz energética nacional e a que define normas para o mercado regulado de carbono, além da legislação que trata do aproveitamento eólico em alto-mar. Uma das proposições tem abrangência ainda mais ampla ao instituir o Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação, o Programa Nacional de Diesel Verde e o marco legal da captura e estocagem geológica de dióxido de carbono.

 

Resistência ao verde

Em relação à política do diesel verde, o governo federal diz que pretende incentivar a pesquisa, produção e comercialização do produto e que se trata de um projeto que une investimentos de empresas de energia e do agronegócio. O combustível poderia ser produzido a partir da transformação de matérias-primas como gorduras vegetal e animal, cana-de-açúcar, etanol, resíduos e outras biomassas. Ao mesmo tempo, a ideia é desestimular a comercialização do diesel comum (S500). Esta medida específica, contudo, encontra resistência da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

 

Neoindustrialização

Em outra frente, o executivo federal defende ideias apresentadas no Plano Plurianual (PPA) que vai orientar políticas públicas e investimentos de 2024 até 2027. Ações para minimizar os efeitos das mudanças climáticas estão no foco do documento. No eixo econômico, dos 88 programas sugeridos, 35 tratam de estímulos à neoindustrialização – com atividades de baixas emissões – e de incentivos à economia verde. A participação da indústria na geração de riquezas do País, que era de 22% há 40 anos, hoje não passa de 11%. O setor envelheceu na mesma velocidade em que perdeu relevância econômica.

 

Controvérsia ESG

Foco do esquema de corrupção que ficou conhecido como Petrolão, a Petrobras pretende revisar práticas de governança. A ideia fere, em tese, a agenda ESG e já houve chiadeira no mercado financeiro. A direção da companhia propôs ao conselho de administração a criação de uma reserva de remuneração de capital. Para os bancos, o propósito seria entesourar dinheiro e deixar de pagar dividendos extras. Na outra ponta, a estatal propõe retirar do estatuto a regra que proíbe indicações políticas para conselhos e cargos de gestão.

 

Sem combustível

A um mês do início da COP 28, conferência mundial da ONU sobre o clima, um grupo de 131 grandes empresas divulgou um pedido para que governos ao redor do mundo, países produtores de petróleo e mercado financeiro estabeleçam metas para redução da queima de combustíveis fósseis, mesmo que de forma gradual. O grupo inclui multinacionais como Nestlé, Unilever, Bayer, Volvo, eBay, Decathlon, Ikea, Danone e Heineken. A divulgação de compromissos da indústria petrolífera com a redução de emissões é a grande expectativa do fórum global que será realizado em novembro, em Dubai.

 

Poluição alimentar

O Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima (SEEG), uma plataforma que estima o volume de carbono gerado anualmente pelo Brasil, fez um estudo para avaliar o impacto da produção alimentar nacional na liberação de dióxido de carbono. Os dados são relativos a 2021, ano em que o País emitiu 2,42 bilhões de toneladas brutas de CO2 equivalente. Deste total, 1,8 bilhão de toneladas (73,7%) saíram de atividades relacionadas à produção de alimentos. O tópico Mudança de Uso da Terra e Florestas, que inclui o desmatamento, respondeu por 56,3% do recorte. Depois aparece a agropecuária, com 33,7%. A energia contabilizou 5,6% das emissões alocadas nos sistemas alimentares e os resíduos contribuíram com 4,2%.

 

Radar ESG

Práticas ESG (Environment, social e governance) compõem o dialeto cada dia mais falado por executivos de grupos empresariais, seja para sustentar reputação e credibilidade ou valorizar produtos e ações. Isso tem uma razão: aspectos desta agenda entraram definitivamente no radar de gestores de ativos. Uma pesquisa da Morningstar, que conjuga dados para orientar aplicações financeiras, revela que dois terços dos entrevistados olham com lupa para os reports de práticas responsáveis de gestão antes de adquirir um ativo. Foram ouvidas 500 pessoas que movimentam US$ 10 trilhões na Europa, América do Norte e Ásia-Pacífico.

 

(FOTO: Fabien Bazanegue/Unsplash)

 

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