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07/09/2024

silvio lohmann

O desafio de uma comunicação genuína sobre as práticas ESG

esg

Quem observa mais atentamente os movimentos da agenda ESG percebe que o tema perdeu visibilidade. Isso não significa que perdeu importância. Muito pelo contrário. A questão está sendo tratada com rigor por grandes e médias corporações interessadas em valorizar suas marcas, atrair investidores, conquistar consumidores, consolidar a reputação de negócio sustentável, e ganhar dinheiro. Como já foi dito, ESG é o olhar do financeiro.

O que diminuiu nos últimos tempos foram as ações publicitárias e de marketing em razão de uma fiscalização mais severa sobre propaganda enganosa, ou greenwashing, principalmente na Europa e Ásia. No mercado americano, há também um embate político e uma mobilização anti-ESG, que tenta reprimir investimentos em ativos baseados em novas práticas ambientais, sociais e de governança.

Mesmo que fatores ESG enfrentem uma análise mais criteriosa, e que haja algum negacionismo sobre sua eficácia, o interesse da sociedade por práticas empresariais responsáveis continua a aumentar. Portanto, são os consumidores que vão impulsionar esta agenda. Assim, pelo prisma do negócio, a questão se insere na própria sustentabilidade empresarial, no curto, médio e longo prazo.

O dilema nesse novo campo da gestão é como promover uma transformação e, principalmente, a forma de comunicá-la. A respeito do processo interno, a recomendação é ser transparente e autêntico, uma vez que são os funcionários que melhor conhecem a dinâmica da empresa. Eles é que construirão respostas para a sociedade sobre se o que está sendo proposto é genuíno ou se é por puro negócio?

Trilhões para fósseis

Desde 2016, um ano após a formalização do Acordo de Paris, que foi assinado por 196 países para frear emissões de carbono e o aquecimento global, a indústria internacional de combustíveis fósseis captou US$ 6,9 trilhões nos 60 maiores bancos do mundo para abrir novas fronteiras de exploração de petróleo, gás e carvão. O levantamento faz parte do relatório Investindo no Caos Climático (Banking on Climate Chaos), que é produzido por organizações como a Oil Change International e a Indigenous Environmental Network.

Balanço de CO2 (I)

Em 2000, a China lançava 3.5 gigatoneladas (Gt) de carbono na atmosfera. Em 2023, o número saltou para 12.6 Gt. No mesmo período, as emissões da Índia passaram de 0.9 Gt para 2.8 Gt. No caminho inverso, a contribuição da União Europeia caiu de 3.4 Gt para 2.5 Gt e os Estados Unidos reduziram as emissões de carbono de 5.9 Gt para 4.5 Gt. Os dados são do relatório de 2024 da Agência Internacional de Energia (IEA).

Balanço de CO2 (II)

Cálculos de outra organização internacional que monitora emissões de gases que causam o efeito estufa, o Global Carbon Project (GCP), dizem que os lançamentos de carbono na atmosfera cresceram 46% de 2000 até 2022. O estudo destaca a alta nas emissões da China (212%) e da Índia (190%), e reduções de 16% no bloco europeu e de 23% nos Estados Unidos. O GCP anota que entre 1850 e 1992 (ano da Rio 92) o total das emissões globais de carbono foi de 232 milhões de toneladas, e de 1993 a 2022 atingiu 251 milhões de toneladas. Em 30 anos, o volume superou a soma de quase um século e meio.

Minério mais barato

Outro estudo patrocinado pela Agência Internacional de Energia (IEA) revela que os preços de minerais essenciais para a transição energética caíram no ano passado, depois de dois anos de alta. O valor do lítio despencou 75%, enquanto cobalto, níquel e grafite tiveram quedas entre 30% e 45%. De acordo com a organização, a oferta alcançou a demanda. Um dos reflexos é a redução de 14% no custo de produção de baterias para veículos elétricos.

Minério menos barato

A análise da IEA aponta, contudo, que o vento dos preços pode virar em uma década em razão de investimentos insuficientes para atender o crescimento da nova economia. Hoje, os projetos conhecidos seriam suficientes para fornecer 70% do cobre e 50% do lítio que será necessário em 2035, caso o mundo siga perseguindo as metas de descarbonização e acelere o passo no caminho para emissões líquidas zero até meados do século.

Fornecedor mineral

Nas próximas décadas, a China continuará a ser a grande fornecedora de minerais e produtos utilizados na transição energética, seja para automóveis elétricos ou geradores de energia eólica e solar. Os chineses, junto com os russos, estão de olho na reserva de lítio da Bolívia, que é a maior do mundo, com 23 milhões de toneladas. Logo atrás está a Argentina, que tem 22 milhões de toneladas, e em terceiro no ranking ficam os Estados Unidos, com 14 milhões de toneladas. Empresas da China e da Rússia firmaram acordos com a Yacimientos de Litio Bolivianos (YLB), no valor de US$ 1,4 bilhão, para retirar 50 mil toneladas anuais de lítio das jazidas bolivianas a partir de 2025.

Mercado elétrico (I)

A venda de veículos leves eletrificados no Brasil cresceu em média 12% ao mês em um ano. Em abril passado, os elétricos responderam por 7,3% dos novos emplacamentos, com 15.206 unidades. Sobre o mesmo mês de 2023 houve um aumento de 217%. No acumulado dos primeiros quatro meses de 2024 foram às ruas 51.296 modelos elétricos, o que representa um aumento de 162% sobre o mesmo período do ano passado. As informações são da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

Mercado elétrico (II)

A ABVE informa ainda que hoje circulam no Brasil 271.727 veículos 100% elétricos ou híbridos. No mundo, são 40 milhões de carros elétricos. Somente em 2023 as vendas atingiram 14 milhões de unidades. Deste total, 95% foram comercializados na China (60%), Europa (25%) e Estados Unidos (10%). No mercado chinês, um em cada três carros vendidos é eletrificado.

(Foto: John Schnobrich/Unsplash)

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