O Dia Mundial do Meio Ambiente foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1972 como forma de conscientizar pessoas e nações sobre a importância de preservar a natureza. De lá para cá, a poluição se expandiu, a temperatura subiu, o consumismo cresceu, as emissões de carbono explodiram, o desmatamento se estendeu, o derretimento de geleiras acelerou, o nível dos mares se elevou e o volume de plástico nos oceanos inflou.
Eventos climáticos extremos, como as ondas de calor, secas, chuvas torrenciais e inundações alcançaram todo o Planeta, causando muitas mortes e destruição. Estes “desastres naturais” afetaram e continuarão afetando diretamente a sobrevivência humana, mas a raça ainda não corre de extinção, como acontece com muitas espécies da vida animal.
Criado para conscientizar, o Dia Mundial do Meio Ambiente não fica marcado por comemorações. Ao contrário, a data – 5 de junho – é mais uma oportunidade para lamentar o que não foi feito e alertar para o tamanho do colapso que a humanidade vai enfrentar nas próximas décadas. Espera-se que a consciência coletiva seja ativada antes dos próximos 50 anos.
Terra aquecida (I)
Em 1988, o climatologista americano James Hansen, então chefe de um dos departamentos da NASA, deu um depoimento no Congresso dos Estados Unidos onde previa o aumento da temperatura da terra em 0,8 graus Celsius até 2017. Seu modelo climático acertou quase na mosca: o aquecimento foi de 0,6 graus Celsius no período. Agora, Hansen estima que, até 2050, o planeta ficará 2 graus mais quente em comparação com a era pré-industrial.
Terra aquecida (II)
Segundo Hansen, a redução de partículas de sulfato na atmosfera seria uma das causas do aquecimento global. Para ele, o sulfato serve como um escudo reflexivo para que parte dos raios solares não atinjam a superfície do planeta. A redução do uso de aerossóis de sulfato foi uma das medidas para diminuir a concentração de gases de efeito estufa (GEE). Na teoria do climatologista, a decisão que deveria reduzir o aquecimento global terá efeito contrário.
Futuro dos fósseis (I)
A Petrobras trabalha com um cenário de queda de 40% na demanda por combustíveis fósseis até 2050. A previsão tem como base dados da Agência Internacional de Energia (AIE) e os compromissos de redução de emissões assumidos no Acordo de Paris por países que concentram 92% das riquezas globais. A maior parte deles, como os europeus e os Estados Unidos, tem incentivos agressivos para promover a transição energética, principalmente em relação à frota de veículos.
Futuro dos fósseis (II)
O cenário adotado pela Petrobras fica na média de outras duas leituras feitas pela AIE para as próximas décadas. Uma delas mostra que sem o movimento de transição energética, e a manutenção dos padrões atuais de emissões, o volume de petróleo necessário em 2050 seria 8% maior que o de hoje. No sentido inverso, a aceleração da troca da matriz de energia, para diminuir a emissão de poluentes mais rapidamente, reduziria o consumo de petróleo em 76% até a metade do século.
Futuro dos fósseis (III)
As perspectivas da Petrobras foram apresentadas pelo diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da estatal, Mauricio Tolmasquim, que também fez um relato da evolução das fontes de energia limpa. Segundo ele, o custo da energia eólica caiu 72% em 10 anos e da geração fotovoltaica despencou 90% no mesmo período. A capacidade instalada dos parques eólicos aumentou cinco vezes e da fonte solar 40 vezes em uma década. O executivo observa ainda a chegada do hidrogênio e dos biocombustíveis na concorrência global.
Petróleo amazônico
Dentro do seu plano de expandir as fronteiras de exploração de petróleo, a Petrobras vai insistir na prospecção da bacia equatorial, localizada na foz do rio Amazonas. O Ibama negou a licença ambiental e a empresa retirou a sonda que operava em uma área a 500 quilômetros da costa. A companhia apresentou novo recurso junto ao órgão federal, sustentando que adotou todas as medidas necessárias para preservar o ecossistema e minimizar qualquer desastre ambiental. A estimativa é de que a bacia tenha reservas semelhantes às dos campos do pré-sal.
Bateria ultrarrápida
A startup israelense StoreDot promete produzir em escala, até o final de 2024, uma revolucionária bateria para carros elétricos. O modelo pode ser recarregado em cinco minutos e garante autonomia de até 160 quilômetros (100 milhas), segundo a empresa. Testes do componente foram feitos em parceria com diversas montadoras. Além do trabalho conjunto com 15 marcas automotivas, a StoreDot está se juntando a grandes conglomerados industriais para operar plantas já existentes nos Estados Unidos, Europa e Ásia.
Ativo verde esvaziado
Ativos financeiros americanos comercializados com um rótulo verde registraram saídas líquidas de US$ 12,4 bilhões nos últimos 12 meses. No mesmo período, fundos semelhantes negociados na Europa captaram US$ 126 bilhões. Os dados foram levantados pelo Financial Times, que atribui o esvaziamento percebido nos Estados Unidos à politização da agenda ESG, que sofre grande oposição de membros do Partido Republicano, muitos deles classificados como negacionistas da crise climática.
Clima tenso
Diplomatas do mundo inteiro estão reunidos em Bonn, na Alemanha, desde 5 de junho para discutir medidas para mitigar as mudanças climáticas. A reunião vai até o dia 16 de junho, mas o começo não foi promissor. Não houve consenso sobre que temas deveriam ser abordados ao longo do encontro. Uma das razões do entrave é a resistência de diversas nações em definir um prazo para eliminar combustíveis fósseis da matriz energética. O tema sofre oposição dos países produtores de petróleo e gás e da China, que é grande consumidor.
(Foto: Geran de Klerk/Unsplash)
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