O Pacto Global divulgou recentemente uma nova edição do Observatório 2030 com a avaliação de 82 empresas brasileiras de capital aberto que registram atividades nos padrões do Global Reporting Initiative (GRI). O estudo analisa dados públicos em cinco categorias: clima, gênero, corrupção, salário e água. Apesar de identificar que as organizações estão cada vez mais empenhadas em mostrar resultados que atendam a Agenda 2030 da ONU, a velocidade de implementação das ações não tem sido suficiente, principalmente naquilo que abrange os critérios ESG. Dentro dos aspectos ambientais, por exemplo, apenas duas companhias têm metas estabelecidas, conforme rege a Science-Based Targets initiative (SBTi), para a redução de emissões de gases de efeito estufa. Menos da metade tem uma estratégia estabelecida para atender aos requisitos. Questões sociais como a diversidade de raça e gênero no quadro funcional também não estão claras nos relatos da maioria das empresas, assim como a transparência da política salarial aplicada. Em relação à governança, o observatório mostra que houve maior cuidado em relação à práticas de corrupção.
Fundos ESG
As exigências regulatórias da Europa estão reduzindo a quantidade de fundos de investimentos com carimbo ESG no continente. Somente no último trimestre do ano passado 40% das opções existentes foram retiradas do mercado. Apesar disso, os fundos que atendem aos critérios do Artigo 9 da regulação da União Europeia, que é a mais alta classificação do bloco para produtos financeiros, recebeu quase US$ 30 bilhões em dinheiro novo.
BB e ESG
O Banco do Brasil anunciou a reabertura do fundo BB Ações Nordea Global Climate and Environment IE, que havia sido fechado para novas aplicações em junho de 2021. A ideia é oferecer aos investidores institucionais, como organizações do Regime Próprio de Previdência Social, uma opção de aplicação com verniz ESG. Atualmente o fundo tem patrimônio líquido de R$ 606,5 milhões e o objetivo é captar mais R$ 500 milhões em três meses.
ESG imobiliário
O Secovi-SP lança em março o Guia ESG para promover o engajamento das empresas paulistas do setor imobiliário às práticas ambientais, sociais e de governança requeridas pela agenda ESG. A publicação foi preparada em conjunto com consultoria KPMG, especificamente para o segmento.
Cerâmica com biometano
Uma parceria entre a indústria de cerâmica e o setor sucroenergético vai estimular o uso de biometano na produção ceramista brasileira, que atualmente é intensiva em gás natural. Um acordo de cooperação foi assinado para colocar em prática o plano de transição, com previsão de funcionamento no início de 2025. Serão construídas plantas de biometano a partir da vinhaça em Santa Catarina e São Paulo para testar a ideia. A meta é suprir 50% da demanda energética da produção de cerâmica até 2030.
Reflorestamento x CO2
Um compromisso assumido pelo Brasil na COP15 para cumprir a meta nacional de descarbonização é restaurar 12 milhões de hectares de florestas até 2030. O objetivo estimulou diversos investimentos em reflorestamentos que, além de restabelecer a flora, serão grandes reservas para sequestro de carbono e venda dos créditos. Os projetos em desenvolvimento envolvem grupos econômicos de peso como Itaú, Santander, Rabobank, Suzano, Vale, Marfrig, Lanx, Gávea, Dynamo e os Moreira Salles.
Floresta Viva
Em relação à restauração florestal, o BNDES lidera um projeto chamado Floresta Viva, que envolve diversos biomas brasileiros. A iniciativa (matchfunding) lançada em 2021 ganhou a adesão de 15 empresas e recebeu R$ 436 milhões em doações. O banco aportou mais R$ 250 milhões no programa. As metas estabelecidas são a restauração de até 66 mil hectares de áreas degradadas e a retirada de até 18 milhões de toneladas de dióxido de carbono da atmosfera.
Petrobras eólica
A Petrobras ampliou um acordo que a estatal tem com a Equinor para construir sete parques de geração de energia eólica offshore no litoral brasileiro. Na soma, os projetos prometem entregar 14,5 gigawatts. A parceria entre as duas empresas começou em com a construção dos parques eólicos Aracatu I e II, no Espírito Santo e no Rio de Janeiro. Os novos parques devem ser instalados no Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul.
Energia africana
A dificuldade de terras para a implantação de parques solares na Europa está fazendo com que muitas empresas levem investimentos para o Norte da África. A posição geográfica da região, com exposição solar constante, pode fazer com que os painéis produzam até três vezes mais energia do que os instalados em solo europeu.
Bateria da GM
A General Motors assumiu o controle da Lithium Americas, uma mineradora que explora o mineral que é essencial para a fabricação de baterias para carros elétricos. O negócio de US$ 650 milhões é considerado o maior investimento já feito por uma montadora no “combustível” que move a frota eletrificada. A mina de lítio fica em Nevada (EUA) e tem potencial para fornecer matéria-prima para alimentar 1 milhão de veículos elétricos por ano.
(Foto: Lynus Nylund/Unsplash)
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