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Plástico é vilão do meio ambiente, mas não tem substituto

25/01/2024
plástico

É incontestável que o plástico é um dos vilões mais perversos do meio ambiente. Também é incontestável que o produto ajudou a moldar o mundo em que vivemos. O plástico está em tudo – de sacolas de supermercado, embalagens de alimentos e bebidas a brinquedos, além de compor o mais avançado equipamento de exploração espacial já produzido, sem falar nos incontáveis aparelhos celulares, computadores, televisores e carros manuseados neste momento pela humanidade.

 

A indústria do plástico consome cerca de 10% do petróleo extraído do Planeta enquanto o mundo gera 450 milhões de toneladas de resíduos plásticos todos os anos. Globalmente, 46% dos resíduos são depositados em aterros, 22% são mal geridos, 17% são incinerados e 15% são coletados, mas menos de 9% são realmente reciclados. O plástico representa – pelo menos – 85% do total do lixo que navega pelos oceanos.

 

A fama de mau não é à toa! Estudos dizem que plásticos produzidos a partir de componentes químicos derivados do petróleo, como as garrafas pets, podem levar até 450 anos para se decompor. Uma sacola plástica leva 20 anos para ser consumida pelo meio ambiente. Há quem considere que estes períodos estão superestimados, mas ninguém questiona o fato de que alguma coisa nova precisa ser feita para tentar resolver o problema da poluição gerada pelo plástico.

 

Contudo, não há perspectiva de que o produto seja substituído, nem no longo prazo. Ao contrário, a produção pode triplicar nas próximas décadas.

 

Futuro do plástico (I)

As alternativas para reduzir a poluição plástica passam, por exemplo, pelo uso de produtos biodegradáveis. Existem soluções bastante disseminadas (Hidrobiodegradáveis ou Oxibiodegradáveis), mas hoje esse segmento responde por apenas 1% da demanda mundial e pairam muitas dúvidas sobre a efetividade da composição. De outra parte, há um grande movimento para ampliar o reaproveitamento dos resíduos.

 

Futuro do plástico (II)

O reuso do plástico é um ponto que une diferentes corporações multinacionais, que formaram a Coalizão Empresarial para um Tratado Global sobre Plásticos. No grupo estão marcas como Nestlé, Coca Cola, Pepsi, Danone, Mars, Unilever, Mondelez e L’Oreal, que defendem o desenvolvimento de decisões governamentais para fomentar “uma economia circular para os plásticos, garantindo que estes permaneçam na economia e fora do ambiente”.

 

Futuro do plástico (III)

A coalizão pretende influenciar na elaboração do tratado, que é uma das pautas mais urgentes do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Um texto vem sendo construído desde 2022 dentro do Comitê de Negociação Intergovernamental. O órgão está encarregado de oferecer um “instrumento juridicamente vinculativo internacional” e a previsão é concluir os trabalhos até o final de 2024 para que o acordo seja ratificado pelos estados-membros da ONU.

 

Mineração marinha (I)

O ano de 2024 também promete uma proposta de regulação global sobre a exploração de minério em águas internacionais. À frente das discussões está a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA), organismo vinculado à ONU, que deve responder às pressões de mineradoras para retirar do fundo do mar os chamados nódulos polimetálicos. As pequenas rochas – do tamanho de uma batata – estão espalhadas nas profundezas e são ricas em manganês, níquel e cobalto – três dos metais mais usados na produção de baterias de carros elétricos.

 

Mineração marinha (II)

Os nódulos polimetálicos estão em planícies abissais, entre 3,5 quilômetros e 6,5 quilômetros de profundidade, e a área mais abundante é a Zona de Fratura Clipperton (CCZ), que se estende do litoral mexicano ao Havaí, no Oceano Pacífico. Estimativas apontam que a área tem uma reserva de 21 bilhões de toneladas de nódulos. Deste volume poderiam ser extraídas 6 bilhões de toneladas de manganês, 270 milhões de toneladas de níquel e 44 milhões de cobalto. Estas quantidades superam as reservas conhecidas dos três metais na superfície da Terra.

 

Mineração marinha (III)

Em meio às negociações para regular a exploração das profundezas marinhas, a Noruega aprovou no início deste ano uma legislação que permite a mineração do fundo do mar continental. Assim como acontece na discussão global, grupos ambientalistas alertam para o impacto negativo da atividade sobre o ecossistema marinho. O Brasil, um dos 168 signatários da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, aderiu a um movimento que defende a proibição, por 10 anos, da exploração mineral em águas internacionais.

 

ESG não é achismo

“ESG é dinâmico, transversal e multidisciplinar. E, dada a importância de seus resultados em organizações e na economia, não pode ser reduzido a meras ações esparsas, sofrendo um verdadeiro reducionismo qualitativo. Não há base para achismos ou aventuras profissionais e corporativas com relação ao tema”. Alerta dos professores Eliel Matias da Rosa e Luiz Goi em artigo publicado no site do Instituto Brasileiro de Sustentabilidade (INBS).

(Foto: John Cameron/Unsplash)

 

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