Até o final de 2025, 50 mil empresas deverão apresentar relatórios detalhados sobre tópicos ambientais, sociais e de governança (ESG) baseados em métricas normatizadas pela União Europeia. A consultoria Ernest Young decidiu conhecer a realidade dentro das companhias e ouviu dois mil diretores financeiros ou responsáveis por organizar os dados em negócios na Europa, e também dos Estados Unidos, onde um rígido regramento também já foi construído.
O quadro apurado não é de muito otimismo. A imensa maioria dos entrevistados (96%) se preocupa com a integridade dos dados não financeiros (ESG) e 55% têm receio de cair na armadilha do “greenwashing” (informações maquiadas). Para 44% dos entrevistados, as regras recém estabelecidas são altamente complexas e mais da metade fala do alto custo para produzir relatórios confiáveis.
Além disso, 69% dos executivos dizem sofrer pressão de investidores por informações seguras. Em paralelo, grande parte considera que as empresas do seu setor ficarão aquém dos compromissos com metas de sustentabilidade, e menos da metade (47%) relata que suas próprias empresas irão atingir objetivos como emissões líquidas zero.
Na avaliação da EY, as dificuldades de adaptação às novas regulações para a divulgação de relatórios de sustentabilidade são normais, mas terão de ser superadas porque cada vez mais as empresas terão que responder “por seu impacto ambiental e compromisso com práticas sustentáveis” e que “isso significa que a integridade dos relatórios corporativos é mais crítica do que nunca”.
Créditos da biodiversidade (I)
A Política de Crédito de Biodiversidade no Estado do Paraná foi apresentada na Conferência da Biodiversidade (COP16), um encontro da Organização das Nações Unidas (ONU) realizado em Cali, na Colômbia. A proposta é destinar R$ 2 milhões para que empresas financiem a compra de créditos de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) certificadas e selecionadas em editais de chamamento público. A iniciativa envolve o Governo do Estado, a Coalizão Life de Negócios e Biodiversidade e o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).
Créditos da biodiversidade (II)
A conferência de Cali também jogou mais luz sobre a proposta do Brasil de criar um ativo internacional para pagar aos países que mantêm florestas naturais em pé. A ideia batizada de Tropical Forest Forever Facility (TFFF) foi levada para a COP28, realizada em Dubai no ano passado, e as negociações estão avançando. A construção do mecanismo envolve nações em desenvolvimento e também os países mais ricos. A ideia é mobilizar US$ 125 bilhões. Deste total, 20% viriam de aportes de nações desenvolvidas. O valor alavancaria a captação dos 80% restantes em capital privado, na forma de investimentos ambientais reembolsáveis de longo prazo.
Subsídio energético (I)
Em 2023, a cada R$ 1,00 em subsídio para fontes renováveis, o Brasil destinou R$ 4,52 para os combustíveis fósseis. No total, o “gasto” nos dois setores foi de R$ 99,81 bilhões – uma alta de 3,57% em relação ao ano anterior. É o que revela o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) no sétimo monitoramento dos incentivos concedidos pelo governo federal para a produção de energia. O estudo considerou benefícios tributários, incentivos diretos e outras renúncias, tanto na dimensão do consumo quanto da indústria. O cálculo inclui também a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que repassa parte dos subsídios diretamente aos consumidores por meio da tarifa de eletricidade.
Subsídio energético (II)
Os incentivos direcionados à indústria de combustíveis fósseis somaram R$ 81,74 bilhões – 81,9% do valor que deixou de entrar ou que saiu dos cofres públicos do País. Os subsídios para energia limpa registraram um aumento de 3,57%, passando de R$ 14,24 bilhões para R$ 18,06 bilhões. No Brasil, 93,1% da geração de energia elétrica é proveniente de fontes renováveis. No ano passado, a produção nacional de petróleo e gás natural atingiu 4,344 milhões de barris de óleo equivalente/dia – 11,69% acima do recorde de 2022.
Subsídio energético (III)
Em relação às fontes de energia usadas na mobilidade, cabe registrar que a frota brasileira chegou a 119 milhões de unidades em 2023, conforme dados do Ministério dos Transportes. A imensa maioria são veículos à combustão. Carros representam 51,8% do total, motos respondem por 27,4% e utilitários por 11,6%, enquanto ônibus e caminhões são 4,3% dos veículos em circulação. De acordo com a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) os modelos elétricos e híbridos somavam 291 mil unidades no ano passado.
Degradação amazônica
Em setembro, 20,2 mil quilômetros quadrados de florestas da Amazônia foram degradados. Isso equivale a 77% da degradação florestal observada neste ano (26.246 km²) na região pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). O vilão foi o fogo. O conceito é diferente do desmatamento, quando há o corte generalizado das árvores e abertura da floresta. A degradação é um processo mais gradual, normalmente observado pela retirada de madeira nobre, por queimadas e ou intempéries climáticas.
Foto: Anastassia Anufrieva/Unsplash
Leia outras colunas do Silvio Lohmann aqui.