HojePR

LOGO-HEADER-slogan-675-X-65

30/04/2024



Sem Categoria

Símbolo de reciclável não garante que produto será reciclado

 Símbolo de reciclável não garante que produto será reciclado

Enxergar na embalagem aquele triângulo de três setas que representa a reciclagem traz algum alívio ao consumidor mais consciente. A mensagem é de uma destinação correta do lixo que será gerado após o uso do produto. Mas a engenheira química americana Jan Dell contesta a utilização do símbolo e sua efetividade.

 

Ativista ambiental e dirigente da ONG Last Beach Clean Up, ela está fazendo barulho nos Estados Unidos ao questionar grandes companhias sobre a rotulagem reciclável, principalmente de plástico. Em uma de suas experiências, usou rastreadores eletrônicos em recipientes descartados em lixeiras de programas de reciclagem e documentou que muitos dos resíduos acabam em aterros sanitários.

 

Seu movimento já atingiu empresas como a Coca-Cola, que foi obrigada pela Justiça a alterar informações do rótulo de alguns de seus produtos. Outro alvo é a Kraft Heinz, quinta maior empresa de alimentos e bebidas do mundo. Jan Dell se tornou acionista individual da multinacional e ganhou o direito de inquirir a companhia em relação aos produtos colocados no mercado.

 

Ela abriu um processo interno em que pede que a companhia revise seus rótulos e use informações verdadeiras e legais sobre a destinação das embalagens e sobre a possibilidade de reciclagem. A iniciativa proposta por ela deve ser validada por outros acionistas até maio, quando acontece a reunião anual de prestação de contas da empresa.

 

O propósito da ação movida pela ativista tem foco ambiental, mas em entrevista para o site Inside Climate News Jan Dell também sustentou que a medida contra a Kraft Heinz é para proteger investidores de possíveis prejuízos no futuro. “Como acionista, temo que o valor da marca da empresa, que afeta diretamente as vendas e o preço das ações, possa ser duramente atingido por processos judiciais sobre publicidade falsa”, disse.

 

Economia circular nacional

O Senado aprovou em março o projeto de lei 1.874/22 que institui a Política Nacional de Economia Circular. A matéria, que foi para a Câmara dos Deputados, cria estímulos para o reaproveitamento, reparo, reuso e remanufatura de produtos, além de criar incentivos fiscais. A proposição também prevê critérios para compras públicas sustentáveis, financiamento de pesquisas e criação de campanhas federais de conscientização da sociedade. Outra determinação é que o poder público crie e mantenha um banco de dados com informações sobre o ciclo de vida dos produtos.

 

Inflação do clima

Economistas de todo o mundo trabalham para projetar como a mudança climática vai impactar nos preços globais. Que haverá aumentos, não há dúvidas. A questão é estabelecer em quais patamares. Um estudo conduzido pelo cientista Max Kotz, do Instituto Potsdam de Pesquisa de Impacto Climático, da Alemanha, estima que o custo dos alimentos aumente de 1,5 a 1,8 ponto percentual anualmente ao longo da próxima década. A inflação geral deve variar entre 0,8 e 0,9 ponto percentual até 2035.

 

Justiça ambiental (I)

Em 2021, a Shell foi condenada pela justiça da Holanda a reduzir suas emissões de gases de efeito em 45% até 2030. A sentença incluiu os Escopos 1 (emissão direta), 2 (emissão indireta, vinculada ao uso de energia) e 3 (emissão dentro da cadeia de valor). O caso foi movido por ambientalistas em 2019, sob o argumento que a petroleira violou o dever legal de due diligence sobre impactos nas alterações climáticas e sabotava o Acordo de Paris.

 

Justiça ambiental (II)

A Shell recorreu e o apelo começou a ser julgado agora. No recurso, a multinacional alega não existir lei na Holanda que sustente a decisão anterior e também sustenta que não deveria ser responsabilizada pelas emissões de seus clientes. Além disso, argumentou que o caso poderia prejudicar toda a economia holandesa, incentivando ações semelhantes. Recentemente, o grupo ambientalista Friends of the Earth Dutch anunciou que pretende processar o banco ING.

 

Morte química (I)

Tracey Woodruff, professora da Universidade da Califórnia publicou um artigo no New England Journal of Medicine onde sustenta que a poluição química é a principal causa de morte prematura em todo o mundo. Ela chama a atenção da comunidade médica para o uso desenfreado de petroquímicos derivados do petróleo, sugerindo que estes produtos agem como desreguladores do sistema endócrino (EDCs).

 

Morte química (II)

No artigo, a pesquisadora anota os efeitos dos combustíveis fósseis na mudança climática e diz que a poluição química responde por pelo menos 1,8 milhão de mortes por ano no mundo. Mas considera que o impacto seja maior. “Este número é provavelmente subestimado, uma vez que menos de 5% dos aproximadamente 350.000 produtos químicos registrados em todo o mundo foram adequadamente estudados. A maioria dos países não exige testes para danos à saúde ou divulgação do uso”, escreve ela.

 

Morte química (III)

Segundo Tracey Woodruff, os compostos químicos desreguladores endócrinos estão presentes em muitos produtos industriais e do cotidiano, como plásticos, materiais de construção, brinquedos, tecidos, corantes, detergentes, cosméticos e pesticidas. “Além de aconselhar seus pacientes, os médicos podem ser defensores críticos de mudanças políticas para descarbonizar e desintoxicar a economia”, sustenta a autora.

(Foto: Nick Fewings/Unsplash)

 

Leia outras colunas do Silvio Lohmann aqui.

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *