A pressão sobre profissionais para atender regras cada vez mais duras na elaboração de relatórios de gestão e de resultados pode ficar menor com a Inteligência Artificial (IA). A tendência de uso da tecnologia aumenta e no rastro surgem soluções cada vez mais customizadas, que abrangem todas as letras da sigla ESG.
Uma boa programação de IA substitui muito trabalho braçal e intelectual para processar dados em grande escala. Os algoritmos fornecem desde análises até caminhos para otimizar atividades que têm algum impacto ambiental, ou aquelas que têm relação com aspectos sociais do negócio, além de indicar vícios de governança.
Os relatórios de gestão são obrigatórios para corporações de grande porte, que ficam no topo da pirâmide, mas a exigência de “reports” abrangentes e precisos sobre o tripé da sustentabilidade – meio ambiente, social e econômico – está descendo rapidamente a escada dos negócios, assim como se espalham para toda a cadeia de valor as exigências da agenda ESG.
Plataformas de IA podem entregar consistência e precisão das informações, e também oferecer atualização e disponibilidade permanente de dados. Ao gestor cabe fazer a conta do custo x benefício da implantação de um sistema personalizado.
Confiança e barreiras (I)
Pesquisa da PwC, que ouviu 540 executivos e profissionais seniores em 30 países, concluiu que 75% das empresas estão confiantes de que vão elaborar relatórios de gestão mais íntegros com base nas regras definidas na Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Empresarial (CSRD), da União Europeia. A regulação é a mais rígida do mundo e entrou em vigor neste ano. Mas para a maioria das companhias as novas obrigações começam a valer em 2025 e 2026, conforme o tamanho do negócio.
Confiança e barreiras (II)
Apesar de revelar a confiança das empresas em cumprir as normas, a pesquisa identificou que há barreiras comuns, entre elas a disponibilidade e a qualidade dos dados. Para 59%, este é um complicador do processo. Além disso, outro desafio é reunir informações confiáveis da cadeia de valor, uma das exigências para a acreditação dos relatórios. A CSRD obriga as empresas a reportarem impactos, riscos e oportunidades de sustentabilidade em todas as fases do negócio. Para metade dos entrevistados, também há dificuldades na qualificação de pessoas.
Pesquisa ESG
A consultoria TEC Institute e a MIT Technology Review Brasil realizaram uma pesquisa online para investigar as percepções de trabalhadores sobre práticas de gestão adotadas por seus empregadores e concluíram que 75% das empresas brasileiras não têm qualquer tipo de certificação de sustentabilidade ou de ESG. A quantidade de respostas é pequena – 108 pessoas preencheram o formulário – mas o número de segmentos é representativo e inclui indústrias, construção civil, transporte e logística, serviços financeiros, educação, saúde, agricultura, mineração, tecnologia da informação e comunicação e comércio e serviços.
Ranking da transição
A transição energética global progride, mas perdeu força por questões que envolvem desde preços até riscos geopolíticos. Esta é a avaliação do novo relatório do Fórum Econômico Mundial, divulgado nesta semana. O Índice de Transição Energética (ETI) avalia o desempenho de 120 países em relação ao atual sistema energético, a capacidade de implantação e de uso de novas fontes de energia. Neste ranking, o Brasil ficou em 12º. lugar, com 65,7 pontos, enquanto a média global é de 56,5 pontos numa escala que vai até 100. A Suécia ficou no topo, com nota 78,4.
Custo da transição (I)
Em qualquer parte do planeta, se alguém for perguntado se apoia a transição energética, a resposta provavelmente será positiva. Agora, quando o assunto é pagar a conta, a percepção já não é a mesma. Segundo levantamento da consultoria Ernest Young (EY), somente 31% das pessoas no mundo estariam dispostas gastar mais tempo e dinheiro para ter energia limpa. O estudo Energy Transition Consumer Insights ouviu 100 mil consumidores residenciais durante três anos nas Américas, Europa e Ásia.
Custo da transição (II)
A pesquisa da EY revela que 65% dos consumidores saberiam fazer escolhas de energia sustentável, mas apenas 26% admitiram que têm bom entendimento de termos como energia renovável e sustentabilidade. Grande parte dos entrevistados estão interessados em produtos como veículos elétricos ou painéis solares, mas dois terços disseram que não têm planos de investir nisso nos próximos três anos.
Adaptação das cidades
O Senado aprovou um projeto de lei que modifica o Estatuto da Cidade e inclui entre as diretrizes de política urbana a adoção de medidas de adaptação aos riscos climáticos. A legislação atribui aos municípios a tarefa de realizar estudos que deverão apontar as providências necessárias para mitigar os riscos de desastres naturais, além de identificar se há necessidade de realocação de população. O PL 380/23 precisa ser aprovado na Câmara dos Deputados.
(Foto: Carlos Muza/Unsplash)
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