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Sustentabilidade: se dá para complicar, por que simplificar?

15/02/2024
mundo

Quem atua em funções de liderança no universo empresarial sabe que convive em um ambiente extremamente competitivo e, não raro, pouco colaborativo. A situação é basicamente a mesma no campo político-governamental. Não faltam especialistas em criar dificuldades para impor soluções complexas, que normalmente só eles dominam sem considerar a efetividade. A lógica é: se dá para complicar, pra que simplificar?

 

Em um artigo recente, Terry Yosie, ex-presidente da World Environment Center, transporta este contexto para as ações de sustentabilidade. Para ele, profissionais que lidam com o tema “têm periodicamente agravado seu próprio dilema” ao perseguir “objetivos brilhantes em vez de aderir a conceitos mais focados e essenciais para o sucesso de negócios e políticas”.

 

Yosie acredita que quatro conceitos básicos de sustentabilidade, que “transmitem autenticidade” às práticas, não são considerados por governos e corporações privadas. Ele acredita que empregar princípios simples facilita a compreensão de atividades sustentáveis pelos mais diversos públicos, gerando engajamento em defesa do Planeta.

 

Conceito I

O primeiro conceito a ser entendido e aplicado por profissionais de empresas e agentes de governos é de que a “mudança climática é poluição” e não pode haver agendas paralelas entre quem produz e quem regula. “Uma parte central de nossa missão de sustentabilidade é reduzir a poluição para proteger a saúde das pessoas e dos ecossistemas. O público compreende a poia a redução da poluição”, diz ele.

 

Conceito II

O executivo também defende que a agenda “EHS (meio ambiente, saúde e segurança) é o ponto de partida para ESG (meio ambiente, sociedade, governança)”. “Organizações que têm um desempenho ruim em EHS não podem e não devem ser confiáveis em suas reivindicações ou compromissos de sustentabilidade”.

 

Conceito III

Colaboração é o terceiro quesito fundamental na agenda da sustentabilidade. “Executivos e gerentes de todas as principais organizações – academia, empresas, governo ou instituições multilaterais – não são formalmente treinados para colaborar”, sentencia Yosie. Ao se referir a participantes da COP28, diz que muitos “tuitaram ou blogaram sobre suas múltiplas colaborações quando, na verdade, estavam fazendo referência a oportunidades de networking ou palestras”.

 

Conceito IV

A quarta missão, na visão do executivo, é desenvolver capacidade para convencer as pessoas sobre a necessidade de ser sustentável. Segundo ele, de nada adiantam métricas, relatórios, tecnologias, regulamentações se a sociedade não for persuadida a entender e aderir às práticas de sustentabilidade. Ele cita conceitos das ciências sociais e aponta que o “elo que falta é entender a nós mesmos”.

 

Conclusão

Yosie conclui o artigo dizendo que a tendência dos profissionais de sustentabilidade é pela complexidade. “A consequência óbvia é separar ainda mais um grande número de cidadãos da compreensão e de serem participantes mais plenos na formação dos debates sobre sustentabilidade”. “Simplificar as decisões de sustentabilidade pode liberar mais autenticidade e poder para um mundo que aspiramos criar”.

 

El Niño vai

O El Niño vai perder força e seus efeitos devem desaparecer entre abril e julho, de acordo com a Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA). O fenômeno é caracterizado pelo aumento na temperatura das águas do Oceano Pacífico e altera o fluxo de correntes marinhas e massas de ar, com efeitos distintos em várias partes do mundo. Responsável por fortes ondas de calor no Hemisfério Norte em 2023, o El Niño está ativo há um ano e meio e contribuiu para acelerar o desequilíbrio do clima. No Brasil, provocou mais chuvas e menos frio no Sul, além de estiagem no Norte e Nordeste.

 

La Niña vem

No segundo semestre de 2024, segundo a NOAA, quem deverá dar o ar da graça é a La Niña, que provoca um efeito inverso, com o resfriamento das águas superficiais do Pacífico. Seu impacto mais direto é o frio mais intenso em várias partes do planeta, inclusive no Norte do Brasil. A região tende a concentrar maiores volumes de chuvas enquanto o Sul fica mais seco. No último aparecimento, La Niña ficou ativa por três anos e foi responsável por uma grande estiagem e uma crise hídrica severa que castigou Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

 

Furacão nível 6 (I)

Um artigo publicado no site da revista científica PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences) sugere a necessidade da criação de uma nova categoria para classificar furacões. Hoje, a escala Saffir-Simpson vai de 1 (fraco) a 5 (extremo). O nível mais forte é para ventos que superam os 250 km/h. Os cientistas que assinam o estudo, Michael Wehner e James Kossin, defendem limitar a velocidade máxima dos ventos da categoria 5 em 309 km/h. Depois disso, os registros entram em um novo patamar.

 

Furacão nível 6 (II)

Os cientistas dizem que pelo menos cinco furacões superaram o limite de 309 km/h nos últimos anos. Todos ocorreram nos últimos nove anos. O mais potente foi o Patrícia, em 2015, com ventos de 345 km/h. Os outros foram o Surigae (2021), Goni (2020), Meranti (2016) e Hayian (2013). A predominância dos fenômenos ocorre no Pacífico, do Golfo do México ao Sudeste Asiático. Outra curiosidade do estudo: dos 197 ciclones tropicais (CTs) classificados como categoria 5 no período de 1980 a 2021, “que compreende o período de maior qualidade e dados mais consistentes”, metade ocorreu nos últimos 17 anos do período.

(Foto: Neom/Unsplash)

 

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