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Transição energética: ar puro e terra arrasada?

16/03/2023
silvio

O maior desafio da humanidade é conter o aquecimento global. Para cumprir a meta de reduzir a zero as emissões líquidas de carbono até 2050 (Carbon Net Zero) está em curso um ambicioso processo de transição energética, para substituir os combustíveis fósseis por fontes limpas.

 

Os obstáculos para alcançar os objetivos de acabar com os gases de efeito estufa e tornar o ar mais puro não são pequenos. Será necessário desenvolver e aprimorar tecnologias, construir novas estruturas e infraestruturas e, mais importante, contar com matéria-prima suficiente para sustentar as mudanças que estão projetadas e serão necessárias.

 

Neste aspecto, as reservas minerais causam grandes preocupações, tanto em relação ao volume das jazidas quanto às formas de extraí-lo. Nas próximas décadas, com a eletrificação da economia, haverá um aumento exponencial da demanda por minérios como cobre, níquel, manganês, cobalto e lítio.

 

Para dar conta do suprimento de componentes para baterias de veículos elétricos e de usinas eólicas e solares será preciso aumentar muito a produção de metais chamados críticos. A Bloomberg estima que este mercado vai movimentar US$ 10 trilhões nas próximas décadas.

 

A indústria da mineração terá que passar por uma grande transformação, se adequando à agenda ESG. O fato é que o mundo do futuro seguirá dependente do extrativismo na sua forma mais tradicional. Resta saber se o preço de uma atmosfera limpa será a terra arrasada.

 

Metais críticos

A pressão por minerais se explica por vários fatores, mas apenas um já dá a dimensão da necessidade. Atualmente, um carro elétrico carrega aproximadamente 200 quilos de metais críticos. A quantidade é seis vezes maior que de um veículo com motor a combustão. Se levarmos em conta que as montadoras só produzirão modelos eletrificados a partir de 2035, é possível entender o tamanho do problema para recompor a frota global.

 

Desafio da reciclagem

Para cumprir a exigência de enquadramento às práticas de ESG, que não é uma conquista simples em razão dos processos inerentes à atividade, a mineração terá vários desafios. Em paralelo, a indústria da reciclagem e, por conseguinte, a economia circular ganham mais relevância no processo de suprimento de metais para a eletrificação da economia.

 

Lítio é petróleo

Dentro do processo de eletrificação da economia, o lítio está sendo chamado de petróleo do futuro. A busca por novas jazidas é frenética pois a estimativa é de que seu uso vai crescer 75 vezes até 2050, em relação ao volume exigido atualmente. Para o cobre, níquel e cobalto a demanda deve quintuplicar.

 

Chile é Arábia

Se o lítio é o novo petróleo, o Chile é a nova Arábia. O país tem as maiores reservas do mundo, estimadas em oito milhões de toneladas. A Austrália conta com 2,7 milhões de toneladas do metal. As jazidas da Argentina contam com 2 milhões de toneladas e a China com 1 milhão de toneladas. Especialistas alertam que a geopolítica dos metais é mais complexa que a do petróleo.

 

Mundo fóssil

Hoje, 86% do sistema energético global é sustentado por petróleo, gás e carvão, cuja demanda segue crescente. Esta dependência leva a crer que nos 30 anos que restam para equilibrar as emissões de gases de efeito estufa (GEE), e atingir metas do Acordo de Paris e outros compromissos internacionais, o mundo vai continuar convivendo com combustíveis fósseis.

 

Paraná social

O portal ESG da Exame informa que a consultoria de RH ManpowerGroup realizou uma pesquisa para mapear as prioridades das empresas em relação a agenda ESG. O estudo revela que, no Brasil, a prevalência é pela questão Social, opção de 42% dos entrevistados. A seguir estão as práticas ambientais e depois os aspectos de governança. Entre os estados brasileiros que mais revelam preocupação com o social o Paraná é destaque, com 51% das respostas. Depois vem Minas Gerais (45%) e Rio de Janeiro (42%).

 

Inovação premiada

A curitibana Smart Citizen foi reconhecida como a “Melhor Empresa Bootstrap” na edição 2023 do SXSW, maior encontro global de inovação, realizado em Austin (EUA). É a primeira vez que uma empresa brasileira é premiada no evento. A conquista é em razão da criação da Plataforma Agentes do Meio Ambiente (AMA), um aplicativo para celulares que promove o envolvimento de seus participantes em uma gincana contínua de práticas sustentáveis. Em funcionamento há 9 meses em Florianópolis, o APP conta com 10 mil usuários.

 

Brasil verde

Onze estados brasileiros formalizaram nesta semana a criação do Consórcio Brasil Verde. Em assembleia, foi aprovado o estatuto do fórum e eleito o presidente, cargo que será ocupado pelo governador do Espírito Santo, Renato Casagrande. A iniciativa tem como objetivo promover a cooperação entre os estados para enfrentar as mudanças climáticas e colaborar para que as metas assumidas pelo Brasil no Acordo de Paris sejam cumpridas. Participam do consórcio o Paraná, Acre, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe.

(Foto: Unsplash)

 

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