A banda britânica Coldplay, que faz turnê pelo Brasil, incorporou aos shows mensagens que alertam os fãs sobre a necessidade de preservação do Planeta. Mas, mais do que isso, adotou uma série de soluções para reduzir ao máximo os impactos que cada apresentação causa ao ambiente. É uma contribuição prática para a sustentabilidade, baseada em três princípios: reduzir, reinventar e restaurar.
Ao todo, são 12 conjuntos de ações adotadas fora e dentro do palco, além das estruturas de suporte, para reduzir em 50% as emissões de carbono. A iluminação, que é uma das grandes atrações dos shows, é alimentada por painéis solares e baterias recicláveis. O grupo também está destinando 10% dos ganhos com a turnê para projetos sociais.
Mas o melhor ensinamento talvez seja a conscientização do público sobre o reaproveitamento de materiais. Para isso, a banda pede que as pulseiras de Led que são distribuídas no início do show sejam devolvidas ao final da apresentação. Fabricadas com materiais 100% compostáveis, é um elemento cenográfico que muita gente gostaria de levar para casa como recordação, mas a taxa de devolução passa de 80%. O que fica para a história é a atitude responsável.
O caso do Coldplay é um diferencial, pois mostra na prática aquilo que muitas organizações sustentam apenas no discurso. Uma lição que deveria ser apreendida por quem tem a missão de fidelizar e engajar o “cliente”, que cada vez mais quer ver, identificar e sentir os impactados das ações sustentáveis.
Bomba-relógio (I)
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) apresentou o Relatório Síntese sobre Mudança Climática 2023, descrito pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, como um guia de como desarmar a bomba-relógio climática. Repetindo o que vem defendendo há alguns anos, ele disse que será necessário fazer “tudo, em todos os lugares, ao mesmo tempo” para reduzir a emissão de gases de efeito estufa e evitar as catástrofes provocadas pelas mudanças climáticas.
Bomba-relógio (II)
Guterres anunciou a criação de uma Agenda de Aceleração para estimular os países membros das Nações Unidas a alcançar as metas de descarbonização no menor prazo possível. Segundo o secretário-geral, as nações desenvolvidas devem se comprometer a atingir zero emissões perto de 2040 e os países em desenvolvimento num período que seja próximo de 2050. Para isso, exige o fim do carvão, emissão líquida zero no setor de eletricidade até 2035 para todos os países desenvolvidos e em 2040 para o resto do mundo, além da interrupção de licenciamento ou financiamento de novas empresas de petróleo e gás, e qualquer expansão da exploração destes combustíveis.
Bomba-relógio (III)
Segundo o relatório do IPCC, a temperatura média mundial já subiu 1,1 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais. O aumento é atribuído a “mais de um século de queima de combustíveis fósseis, bem como do uso desordenado e insustentável de energia e do solo”. O documento salienta que elevação da temperatura aumenta a frequência e a intensidade dos eventos climáticos extremos e que o calor tende a causar o agravamento da insegurança alimentar e hídrica em todo o mundo.
Movido a amônia
Depois de desenvolver uma solução para utilizar amônia verde para movimentar um trator de grande porte, a americana Amogy Inc está testando o novo combustível no motor de um navio rebocador. A startup foi criada para oferecer alternativas de descarbonização para o setor de transportes. O mercado é amplo. O transporte comercial é responsável por cerca de 9% das emissões globais de carbono. Em março a empresa captou US$ 139 milhões para desenvolver novas tecnologias.
Amônia verde no Brasil (I)
A produção de amônia verde está no radar de grandes grupos e as condições do Brasil são propicias para oferecer o produto ao mundo. Derivada do hidrogênio verde, que é visto como o combustível do futuro, a amônia tem vantagens logísticas em relação ao gás, pois é mais simples de armazenar e transportar. A multinacional Yara investe em uma fábrica em São Paulo e o consórcio THA negocia para instalar uma planta no Ceará.
Amônia verde no Brasil (II)
Além de servir como combustível, a amônia verde pode contribuir para a descarbonização de outras cadeias produtivas. A mais relevante é a da agricultura, com a produção de fertilizantes sem uso de combustível fóssil. Mas a aplicação do produto também pode ajudar a reduzir emissões na fabricação de plásticos, têxteis, explosivos e gases refrigerantes, por exemplo.
Hidrogênio verde
De olho no movimento carbono zero, transição energética e dos investimentos internos para produzir hidrogênio verde, o grupo alemão Neuman & Esser anunciou que vai investir R$ 70 milhões para fabricar eletrolisadores e reformadores para geração do produto. A unidade industrial será erguida na região de Belo Horizonte. Com tecnologia própria, a multinacional quer oferecer um produto que contribua para a redução da pegada de carbono em setores como a indústria do cimento, siderurgia e transporte de longa distância.
Foto: Aditya Chinchure/Unsplash
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