Preparar o material para levar na aventura de – com um grupo de amigos ou amantes da mesma arte – colocar-se no melhor ângulo e, da maneira mais confortável possível, retratar uma paisagem ou, talvez, uma casa com alguma característica especial nas ruas da nossa cidade, faz parte de ser membro de um grupo de croquis urbano.
Croquis, ou esquisso (palavra de origem francesa), são tipos de desenhos, modalidades que significam, respectivamente, esboço à mão de pintura, desenho, planta, ou um projeto arquitetônico, segundo o Oxford Language e desenho feito à mão, que representa um lugar ou uma ideia, executado de forma rápida em seus elementos mais característicos.
Há alguns anos, participei das “Caminhadas Observacionais de Curitiba”, um grupo que tinha por objetivo conhecer os bairros da cidade em suas particularidades, belezas e curiosidades. Organizadas com muito carinho por Mário Sergio Teixeira de Freitas e por ele conduzidas junto com Rafael Codognoto, caminhávamos, fotografávamos e alguns também desenhavam o que quer que lhes parecesse interessante pelos caminhos: árvores das ruas, praças ou construções. Algumas pessoas, abriam seus jardins e suas casas para receber os curiosos visitantes.
Animada por essa experiência, resolvi pegar meus lápis, blocos de desenho, prancheta e, até aquarela, e acompanhar, também, um outro grupo, o dos “croquiseiros”, como o chamávamos. Esse grupo tinha algumas pessoas em comum com o dos caminhadores observadores, dentre os quais alguns fotógrafos que acompanhavam as duas turmas e postavam na internet suas fotos. Graças a eles, temos, hoje, valiosas lembranças dessas ricas experiências.
Lembro-me de termos desenhado o Solar do Barão, a paineira gigante na praça do Pilarzinho, a Universidade do Meio Ambiente, o Parque Barigui, a parte da Rodoferroviária onde consertam os trens, entre tantos outros espaços bonitos de Curitiba.
Eu sempre escolhia as árvores, águas, enfim, modelos mais orgânicos, já que desenhar linhas retas e arquitetura nunca foram o meu forte. No entanto, tínhamos entre nós, membros que eram exímios desenhistas, assim como crianças e pessoas totalmente leigas que gostavam de desenhar pelo prazer do desenho, da observação, do desenvolvimento do olhar e da magnífica companhia.
O resultado era compartilhado ao final de cada encontro e comentários animadores eram feitos pelos participantes. A finalidade era o prazer, o desenvolvimento do olhar, da observação e o crescimento da técnica, sem julgamento estético ou qualquer outra coisa.
Grupos dedicados a desenhar as cidades existem em vários lugares do mundo e até se reúnem de vez em quando. Durante minha exposição, “Muirapiranga”, na FUNARTE, em São Paulo (2019/20), fomos visitados pelo grupo de croquis urbano daquela cidade. Fiquei muito honrada com a visita e alguns dos desenhos daquele dia foram registrados no livro que documenta a exposição e o encontro – uma riqueza!
Hoje, temos um grupo grande de croquis em Curitiba e aproveito a oportunidade para convidar os curiosos e interessados a experimentar essa prática tão prazerosa. De minha parte, atualmente só acompanho as atividades do grupo pela internet, sem participar. Conhecer a própria cidade e interagir com seus espaços públicos e particulares usando a arte de observar e de desenhar é uma alegria. Experimentem.
(Ilustração de abertura: “Rua Trajano Reis”- croquis de Carlos Emiliano de França- 19/03/2022-Curitiba.)
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