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HojePR

A arte de construir com fios

12/09/2023
titton

Linhas ou fios? Um masculino e o outro feminino significam filamento de matéria têxtil. Para amarrar ou atar.

 

Coisas maravilhosas têm sido construídas com as linhas. Artes inacreditáveis, produzidas pela artesania passada de geração a geração, conhecimento e culturas milenares. Assim são os tapetes produzidos pela tecelagem, tramas de fios coloridos juntados milimetricamente para contar histórias milenares de jardins do oriente médio, distante, e os daqui mesmo da nossa terra. São os nós atados uns após os outros com infinita paciência que criam, do nada, as belezas que povoam nossas vidas no dia-a-dia, das roupas às almofadas e tapetes sobre os quais andamos descuidadamente.

 

São os pontos cruz, “richelieu”, ponto russo, ponto cheio, “luneville”, labirinto e tantos outros que já vão sumindo no tempo sem tempo dos nossos dias. O bordado é a pintura com linhas, desenho que foi por muito tempo símbolo de status e afazer majoritariamente feminino, quando as mulheres, confinadas em suas casas, cultivavam as prendas domésticas ou produziam para terceiros e não necessariamente atos de amor. Talvez fossem mais o chamado “serviço de preso”. Tempos em que o tempo durava mais, quando se tinha tempo! O tempo e a arte dos fios estão inexoravelmente ligados. Sem tempo…não se borda, ou pinta!

 

Obra em bronze do artista Japonês Kazuko Yamanaka-foto de Takashi Hatakeyama

 

Outras técnicas, como as rendas, o tricô, o crochê, a cestaria, o macramê, até as “palhinhas” das cadeiras e incontáveis outras técnicas de tramar fios, são responsáveis pelas belezas das sacolas, cortinas, adornos de casa ou mesmo cercas onde prendemos galinhas e cães, nossos amigos “domésticos”. São partes muitas vezes invisíveis de nossas vidas, que apesar de muitas serem hoje produzidas industrialmente, já ocuparam a vida de muita gente.

 

Em outras palavras, hoje, quando alguém procura um tecido, escolhe agulhas e fios, um assunto para dedicar seu tempo, sempre escasso, é um ato de generosidade, de dedicação a aqueles com quem compartilharemos a mesa, a cama, um sofá com almofadas, ou um presente pensado – e realizado – com muito carinho.

 

…é um ato de amor!

 

(Imagem de abertura: almofadas bordadas – a direita pela avó Aspásia Bastos Dias e a esquerda pela neta Adriana Dias Titton)

 

Leia outras colunas da Elizabeth Titton aqui.

 

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