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07/09/2024

elizabeth titton

A cor das artes e a arte das cores

arte

Quem tem olhos para ver as cores, muitas vezes não se dá conta do quanto vivemos num planeta colorido! Tudo tem cor e tonalidades infinitas, basta saber olhar. Eu mesma, que digo não ter um olho bom para as cores, bem tarde descobri que é preciso atenção para desfrutar de todas as suas delicadezas e sutilezas pois elas não se entregam a qualquer um! Dizem que a luz é a dona de todas elas! Sem luz não há cor, a escuridão as espanta deixando tudo invisível. Sim, porque elas, as cores, de fato, estão lá, embora não as possamos perceber na escuridão da ausência de luz ou de atenção.

”Descoberta do mundo”- Viagem- “A cor do Marrocos- Ocre”. © Arte

“Da Cor à Cor Inexistente” é o título da obra de Israel Pedrosa, lançado em 1977, é uma obra bem abrangente sobre o assunto, com abordagens interessantes, que nos ajuda a compreender o assunto. Em suas 220 páginas, divididas em oito capítulos, ele elabora desde o estímulo e a percepção das cores, passando por sua presença nas artes, na física, na ótica, enriquecendo nosso conhecimento sobre o assunto que é bem vasto. Aqui, nesse pequeno espaço, eu gostaria de comentar sobre a nossa existência no planeta azul.

A cor nasce com a natureza. Já existia antes de andarmos por aqui ou termos ciência dela. As cores, que aprendemos a reconhecer e a nomear antes da alfabetização, já estavam lá no céu e na terra, sobretudo na terra. Os pigmentos, que moídos ao extremo, misturados e batidos com óleos ou outros meios para se transformarem nas tintas a óleo ou aquarelas que são utilizadas nas criações de obras artes, são elementos da natureza: minerais – pedras, metais, madeiras ou a própria terra, queimados e tratados. Já os artistas, muitos deram a vida pela cor, cientes ou não dos venenos contidos nas tintas, ou mesmo os vapores produzidos nos fornos das queimas das cerâmicas, por ousarem desafiar os meios para obtê-las.

“Mona Lisa”, Leonardo Da Vinci- domínio público- Wikimedia Commons

Algo que me intrigava em algumas pinturas, entre elas as de Leonardo Da Vinci, eram os esfumados, enfumaçados das montanhas que ficavam ao fundo nas paisagens distantes. Sendo uma pessoa das cores chapadas e puras, achava difícil compreender como os artistas enxergavam aquelas nuances acinzentadas, azuladas ou esverdeadas, como na Mona Lisa, por exemplo. Eu achava que deveriam ser pintadas com as cores que “sabíamos” ter, as coisas que figuravam ao fundo. Bem mais tarde, estudando as questões da percepção, foi que aprendi que conhecer intelectualmente é diferente de perceber, sejam as cores ou os objetos como se apresentam em uma determinada situação diante dos nossos olhos e que é preciso se deixar levar pelo olhar, pelo momento presente e não pela razão.

Existem, em nosso planeta, incontáveis locais e formas, onde a natureza dá show de cores. Sem considerar os oceanos, lagos e todas as águas da Terra, que enchem nossos olhos de tonalidades de azuis e verdes que nos deixam sem ar, podemos perceber a variação de cores das terras, nos grandes cânions, com suas erosões que exibem as camadas coloridas de amarelos, vermelhos, laranjas, dos marrons aos brancos e pretos. Existem ainda os animais, desde os menores insetos com suas cores surpreendentes, até os grandes mamíferos como as zebras, os caprinos das montanhas, os babuínos e os pássaros. E o que dizer deles, com suas maravilhosas plumagens, das mais fabulosas texturas e desenhos inimagináveis.

“Pavão”, C Tom (analógico)- Andernach- Alemanha- 3465442_1280

Mesmo nós, os humanos, somos coloridos! E, como se não bastasse, invejosos que somos da beleza alheia, criamos a moda e, para ela, os tecidos naturais ou sintéticos, que brilham à luz dos spots que iluminam a escuridão das noites de “balada”, ou ao esplendor do sol. No final das contas, é sempre ela, a luz, que permite que as cores nos sejam reveladas, as da natureza ou as criadas pelos homens, ou pelas mulheres…aquelas do Marrocos, que pintam e repintam as casa da cidade azul. Mas, apesar de tudo, é preciso ter olhos de ver e sensibilidade de perceber para desfrutar da maravilha que são as cores que inundam o nosso planeta azul.

(Imagem de abertura: “Descoberta do mundo” – Viagem-“ A cor do Marrocos-Azul”. © Arte)

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