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TITTON-CABECA-COLUNA

Animais domésticos na arte

08/10/2024
animais

 

Inspirada pela magnífica adoção de um pastor italiano para o plantel canino da família, pensei em escrever sobre esses seres que povoam a nossas vidas e alegram os nossos dias, seja trabalhando com ovelhas como os Border collies, em suas danças espetaculares no controle dos rebanhos, ou como os bois puxando o arado ou movendo moinhos de grãos nas pequenas comunidades de agricultura familiar. Quantas vezes nos pegamos parados a admirar os animais em suas linhas e formas, as mais variadas, que desde que o homem se expressa por meio do desenho, ou da escultura, nos primórdios da humanidade, se esmera com seus pincéis ou cinzéis para retratar esses nossos companheiros, os animais domésticos ou domesticados.

O acervo do Museu Oscar Niemeyer possui entre outras, a riquíssima coleção de arte africana composta de obras em madeira, pedra e metal que nos emociona pela capacidade que tem o homem de observar e representar das mais fantásticas formas o seu universo particular, dela constam animais. Já no sul da Espanha, na região denominada Ibéria pré-romana (por volta do final do século VI), são encontrados, em diversas escavações e em períodos variados, os denominado “Bonecos Ibéricos”, peças em bronze, fundidas por comunidades indígenas com influência oriental, que dominavam essa técnica, nessa região tão rica em metais. Foram encontradas aproximadamente 12.000 peças nessa região. Grande parte dessa ampla coleção está, hoje, nos museus e é proveniente das escavações no Santuário da Serra Morena. Muitas delas são figuras montadas e a que escolhi para ilustrar aqui, mostra a importância do cavalo. Chama-se “Guerreiro em armas”, figura em bronze, de 58mm por 41mm, que se encontra no Museu do Louvre.

“ Cavalerio com armas ”- proveniente de El Salobral (Albacete ) – Museu do Louvre – Paris.

Já na Publicação “Desenhos Franceses do Século XV a Géricault”, de Jean Vallery Radot, da Coleção “Os melhores desenhos do mundo” da Editorial Gustavo Gili, S.A. (espanhola), encontramos o “Estudo de galo”, de autoria de Boucher, bem como cinco estudos de Dromedários, de Watteau. Mais adiante no tempo, encontramos na obra de Renoir vários exemplares caninos, desde os menores até os grandes, esses animais participantes da vida cotidiana das famílias francesas da época. Dentre tantos, está o óleo sobre tela “Madame Charpentier e suas crianças”, datado de 1878. A pintura mostra o interesse do artista, naquele período, em retratar mulheres e crianças e nessa obra, especificamente, o lindo cão da família.

Nascido em 1901, na Suíça, o escultor Alberto Giacometti, que estudou na escola de artes de Genebra, ficou conhecido por suas figuras longilíneas. Foi influenciado, também, pela arte africana em suas primeiras esculturas totêmicas. De sua autoria, “O homem que caminha”, com três metros de altura, tornou-se uma imagem icônica da arte moderna. “O cão”, escultura datada de 1951, peça fundida em bronze, é um típico exemplar da linguagem do artista, que também era desenhista, pintor e gravador. O cachorro, bem como seus humanos, apresenta-se em sua forma mais reconhecida, “magrinho e longilíneo”, solução plástica adotada pelo artista por volta dos anos 40.

“Estudo de Galo” de François Boucher – (1703-1770)-pintor principal de Luiz XV. “ Cinco estudos de dromedário ” – de Jean-Antoine Watteau – (1694-1721).
“Estudo de Galo” de François Boucher – (1703-1770)-pintor principal de Luiz XV. “ Cinco estudos de dromedário ” – de Jean-Antoine Watteau – (1694-1721).

Do livro “Escultura de Picasso: obra completa”, de W. Spies, também da editora Gustavo Gili S.A., Barcelona, escolhi, dentre a gigantesca, variada e contemporânea coleção de Picasso, sua obra “A cabra”, uma assemblage produzida em Valauris, em 1950. Assemblage é a denominação que se dá para a técnica que, embora tenha sido fundida em bronze, parte, inicialmente, em sua construção original, da junção de vários materiais, tais como vasos de cerâmica, cestos de palha, elementos metálicos, entre outros, para representar o personagem escolhido, aqui, no caso, uma cabra.

Para encerrar nosso passeio por obras de artistas franceses, suíço e espanhóis que retrataram animais domésticos em suas obras, escolhi um paranaense, Arthur Nísio, reconhecido por retratar animais em sua pintura, com grande qualidade. De sua grande produção pictórica retratando animais domésticos como cavalos, vacas, patos, galinhas e seus pintinhos, entre outros, apresento aqui para ilustrar o tema, a obra “Animais no bebedouro”, um óleo sobre tela sem data. Nascido em Curitiba, em 1906, viveu quase vinte anos na Alemanha, onde se casou em 1940. Retornou a Curitiba, em 1946. Participou da fundação da Escola de Música e Belas Artes do Paraná e faleceu em 1974, tendo deixado vasta produção artística muito reconhecida. Como me alonguei muito nessa coluna, fiquei sem espaço para colocar a ilustração dos “Animais no bebedouro”, vou deixar para você buscá-la na internet, ou compartilhar outra obra do artista de sua preferência, fica o desafio.

“Cabra” de Pablo Picasso- 1950 – bronze 121x73x140 cm. “O Cão” de Alberto Giacometti – 1951- bronze 45x98x15cm.
“Cabra” de Pablo Picasso- 1950 – bronze 121x73x140 cm. “O Cão” de Alberto Giacometti – 1951- bronze 45x98x15cm.

Prestei aqui, uma pequena homenagem aos nossos bichinhos de estimação. Foi apenas uma rápida pincelada, tendo em vista a imensa produção artística existente sobre o tema, o que demostra, não só a convivência dos humanos com os animais domésticos ou domesticados, como, também, o nosso encantamento pela beleza estética desses seres, cuja companhia nos torna seres mais felizes.

(Imagem de abertura: ” Madame Charpentier e suas crianças ”- Pierre-Auguste Renoir- 1878 – Museu Metropolitano de Arte – Nova Iorque)

Leia outras colunas da Elizabeth Titton aqui.

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