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02/05/2024



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Arte de fazer arte

 Arte de fazer arte

Japanese Calligraphy Ink.

 

A ideia do artista, quando cria, é abstrata. Fica pairando em sua mente qual ave em busca de um lugar para fazer seu ninho e criar sua prole. É um período de incerteza, de muitas possibilidades a serem escolhidas, pode durar um longo tempo.

 

Feita a escolha, a ideia vai deixar de ser abstrata, pois o artista, assim como o pássaro, vai em busca da matéria que necessita para tecer a sua obra, realizar o projeto. Esse é um momento crucial da criação: se a escolha for certa, coerente com a ideia, irá contribuir para a sua boa concretização.

 

No outono, talvez já atrasadas para fazer suas escolhas, duas pombinhas tiveram sua missão abortada. Uma estava construindo seu ninho na churrasqueira, onde guardo o carro. Escolheu montar seu ninho sobre uma escada, presa sob o telhado. À primeira vista parecia uma boa escolha, protegida do vento e da chuva, porém tinha um grande inconveniente, toda vez que eu entrava e saia do carro e batia a porta para fechá-la, ela voava assustada. Depois de um tempo, abandou sua construção e desapareceu. A outra escolheu o topo de um xaxim, fofinho, arredondado. Parecia perfeito para criar a sua família e ela já tinha até botado dois ovinhos. Mas, “as aparências enganam”, diz o conhecimento popular. O xaxim escolhido, já bem alto, ficava à frente da minha varanda e, sempre que eu abria as portas pela manhã, ou as fechava no final da tarde, ela voava assustada. Até mesmo algum curioso, encantado com a visão poética do projeto em andamento, era razão de susto. E foi assim que ela abandonou, tristemente, os possíveis rebentos à própria sorte (má sorte, aliás, porque gaviões e outros predadores aqui são frequentes). No dia seguinte não havia mais ovinhos.

 

 

Pois o mesmo pode suceder ao artista no processo de materialização da obra. Escolhida a técnica, que vai ser o meio para transmitir aquela melhor ideia, selecionada com tanto cuidado e carinho, é preciso buscar os materiais para a sua realização: papel, tinta, pincéis (por exemplo). Cada um tem a sua melhor função. Desenvolvidos por séculos, por aqueles que amam o seu ofício, os melhores produtos, hoje, estão à disposição dos criadores. Pigmentos naturais ou sintéticos, da melhor qualidade, são produzidos por especialistas, em longos processos, visando a excelência do produto para a realização da melhor arte. Além da qualidade específica para cada processo, a durabilidade, a resistência ao tempo também são metas buscadas com grande empenho e investimento.

 

Somando à minha vivência nessa área como artista professora e proprietária de loja de materiais artísticos, outro dia recebi, de um amigo, um documentário sobre a preparação do ”sumi” – tinta preta, feita a partir de fuligem, utilizada no “sumi-ê”, a arte de origem chinesa que se difundiu no Japão. A barra de tinta, feita por especialistas com muitos anos de treinamento específico, segue um ritual de preparação e secagem que chega a durar 100 anos e uma barrinha pode custar US$15.000. Assim como essa, tantas outras técnicas de fabricação de tintas, pincéis e papéis, entre outros, têm sido desenvolvidas através dos tempos para produzir os melhores e mais duradouros meios, de forma que os artistas possam expressar as suas melhores ideias. Foi, então, que pensei em compartilhar com vocês, possíveis artistas, criadores e ou colecionadores, amantes das artes, o “10 Of The World’s Priciest Arts And Art Supplies/So Expensive/Insider Bussiness”, no Youtube.

 

Concluindo, certa vez um artista, na loja de materiais artísticos, se justificou: “Não uso material importado, porque meu cliente não merece”. Fiquei pensando qual seria a sua motivação para ser um artista e fazer suas escolhas. Seria, talvez, a mesma das aves ao buscar um local para procriar?

 

Enfim… cada um com sua paixão!

 

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