Um local meio sagrado, porque geralmente é grande como os templos e onde também se fala baixo. Existem as mais ricas, como a do Congresso dos Estados Unidos, e as suntuosas, como o nosso Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro, com um acervo de mais de 350.000 volumes e que teve a sua pedra fundamental instalada por D.Pedro II e inaugurada pela Princesa Isabel.
Mas não é dessas e outras maravilhas, que guardam tesouros incalculáveis da humanidade, que quero falar hoje. Inspirada pelos pequenos exemplares que tenho folheado em busca de enriquecimento para a coluna que aqui compartilhamos, pensei em falar sobre a importância da arte de escrever, mas, pensando melhor, achei que as artes, como a literatura e a música, que construíram meu pensamento e em grande parte o meu ser, povoaram as pequenas bibliotecas que enriqueceram a minha vida.
Não fui grande leitora, pelo contrário, fora os livros de poesia e alguns outros, eu achava que meus pensamentos e devaneios me satisfaziam mais do que aquilo que eu deveria ler na época. Sempre ouvindo dos pais: ”Vai pegar no livro, minha filha!
Crescemos numa casa cheia de livros, de todos os tipos; a mamãe leitora incorrigível adorava história e biografias, o papai, mais pensamento e arte. Mesmo que não lêsse muito, à mesa, durante as refeições e em longas conversas após, ficávamos “ilustrados “ sobre os mais diversos assuntos. Meu irmão Magno, já não mais entre nós, era o meu terror! Como lia de tudo e de todos com amor e voracidade, tendo comprado e lido Kafka aos 15 anos, o que gerou grande celeuma na época, me deixava em péssima situação.
Sempre tive biblioteca em casa e, em minha mais recente mudança, cometi a insensatez de doar grande parte do que me coube. Mas foi agora, graças ao convite do HojePR, que senti a alegria e o prazer de ter vivido em meio aos livros, mesmo que muitas vezes só folheando e olhando as figuras. Senti saudades do “Tesouro da juventude”, onde se apresentava um pouco de tudo ao jovem leitor: as ciências, história, pensadores etc., mas sobretudo do “O mundo da criança”, aqueles volumes vermelhos, com ilustrações gravadas na lindas capas duras. Hoje, gostaria de poder compartilhar com meu neto. Vou ter que procurar em algum sebo, talvez encontre, o nosso próprio, haha.
Atualmente, voltando aos livros que não consegui abandonar, cada um por um motivo, me pego buscando, dentre as mais profundas delicadezas, algo especial para dividir aqui com vocês. É de dentro deste tesouro particular que escolhi – nem maior, nem melhor – apenas arte!
Do livro infantil de Priscila Freire (pela editora Miguilim): “Conversa de Corpo“.
…“Sou gente
Estou de pé
Desenho com o Pé
Um círculo
Fico preso
No laço que criei”…
Leia outras colunas da Elizabeth Titton aqui.
1 Comentário
Texto delicioso de ler!! E conteúdo dos mais importantes. Parabéns Beth!
Bj