Nesses últimos meses, tenho vivenciado, intensamente, a arte como objeto do desejo, em eventos dos quais tenho participando com a minha obra, junto a públicos diversos. Desde eventos destinados a lojistas, em São Paulo, como os do Galpão Central, onde fui representada pela Casa Bonita Decor SP, e na ABUP, também com a Casa Bonita e, depois, novamente com a Casa Bonita, no Espaço Krajcberg, em Paris. Agora, neste momento, aqui em Curitiba, na Artestil Galeria de Arte, no Cabral, na última semana da mostra “Prenúncio da Primavera”. Desta vez, juntamente com meu irmão, Paulo Dias. Nesses eventos, pude perceber mais de perto, o encantamento que a arte exerce sobre as pessoas e sua busca pela obra ideal.
No corre-corre de uma feira nacional, como a ABUP, dedicada só a lojistas, onde há uma enorme sintonia entre compradores e expositores, sente-se o frenesi que acontece, em parte, pelo fato de o tempo ser curto. Os lojistas, assim como os compradores, estão fora de casa, tentando, em apenas quatro dias, escolher os produtos que possam vir a interessar a seus clientes naquela estação e, ao mesmo tempo, devem estar antenados às tendências ditadas pelos especialistas: arquitetos, designers e influencers.
De outro lado, os expositores se esmeram para “vender seu peixe”, ou seja, tornar claro aos visitantes de seus estandes, o porquê de cada produto ali apresentado, já que investiram, eles mesmos, paixão, tempo e capital em seus projetos. No caso dos estandes que trabalham com arte e artesanato, as apresentações são quase didáticas sobre por que e como aquelas obras foram criadas, esmerando-se para tocar o coração do comprador que, por sua vez, se vê mediante tantas tentações e com um budget, de alguma forma, limitado.
Já os espaços culturais, como o “Espaço Krajcberg”, em Paris, e a Artestil Galeria de Arte, aqui em Curitiba, embora também estejam ligados ao mercado comercial, mantém atividades mais contínuas, mesmo limitadas em tempo, uma vez que cada mostra acontece apenas dentro de um determinado período. Mas, não existe um prazo tão restrito para os clientes, que sempre poderão voltar ao local em busca da obra de seus sonhos, diferentemente das feiras, onde vendedor e comprador têm metas a cumprir. Nas galerias há mais liberdade e mais tempo.
Na outra ponta está “a casa”, para onde tudo o que foi planejado, criado, realizado, colocado à disposição, pensado e produzido será levado. A que, ou a quem, se destinam, no final das contas, as obras criadas pelos designers, artesãos ou artistas? Seria, realmente, a casa?
A casa bonita, o lar aconchegante ou o clean e sofisticado que cada um deseja, o lugar que encanta ou o que surpreende, o lugar que revela a alma de seus habitantes ou o lugar que impressiona os visitantes. Há espaço para tudo e todos. Das mídias contemporâneas às tradicionais revistas de decoração, passando pelos catálogos e livros de arte, há, sempre, uma possibilidade, algo que atinja o coração de quem busca criar seu espaço de convivência.
Do agito das feiras à placidez do lar, ou até mesmo um hotel ou restaurante e afins, onde a beleza do espaço de convívio importa, onde se quer, ao final de cada dia de trabalho encontrar os entes queridos, são elas, as obras, tão cuidadosamente escolhidas para cada espaço especial, que irão permitir a transformação do estado de espírito de cada um. São as obras criadas pelos artistas, artesãos e designers que constroem o encantamento para os espaços criados por outros, sejam eles os profissionais, arquitetos, decoradores ou os próprios moradores.
Ao final, tudo o que se quer é uma casa bonita. Aquela que represente, encante ou conte sobre a vida e os momentos especiais que fizeram parte do estar ali, naquela casa bonita.
(Imagem de abertura: Mostra Prenúncio da Primavera – artistas Paulo Dias e Elizabeth Titton – Galeria Artestil Cabral. Foto Hay Graphiks)
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