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02/05/2024



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Dois momentos

 Dois momentos

A arte proporciona momentos de rara alegria! Aqui não falo de visita a museus ou galerias de arte, ou mesmo filmes ou belos concertos. Falo da experiência do dia a dia. Do encontro inesperado com uma lembrança subitamente renascida fruto do encontro, casual, de alguém que ao caminhar, sem estar buscando a arte é, bruscamente, encontrado por ela ao passar diante de uma loja de discos ou por uma rua arborizada.

 

O primeiro relato aconteceu anos atrás quando minha filha, trabalhado como “au pair” em Paris, ao passar por uma loja de discos ouviu “La Cenerentola” de Rossini. Poderia ter sido uma experiência normal a de reconhecer uma melodia já ouvida, mas o que a tornou excepcional foi como Adriana se sentiu e me relatou em uma carta, agradecendo pela emocionante experiência de poder desfrutar de detalhes da peça proporcionados por sua vivência como membro da Orquestra Juvenil da UFPR fazendo parte do naipe dos violinos. Me contou da emoção sentida ao reconhecer os instrumentos, conseguir compreender a peça “por dentro” em toda a sua riqueza, avaliar a qualidade da interpretação perceber a dinâmica do regente, entre outros detalhes sutis. Riqueza de leitura, infelizmente, só possível a alguns.

 

Essa semana, de volta de uma viagem de férias à Croácia, minha outra filha, Louise, contando sobre as belezas desse país, me disse ter visto “as árvores” do quadro que tínhamos em casa. As árvores eram Tilias, também chamadas Kopfbaüme, “árvores de cabeça”, espécies usadas nas aldeias para fazer cerca a partir dos longos galhos. A obra mencionada é um Ingênuo Iugoslavo, adquirido anos atrás quando de uma exposição da então Galeria de Arte Ida e Anita que presenteou a cidade com a rara e rica mostra. As obras tidas como os mais belos “Naïf” da arte mundial, tem como característica especial serem pintadas diretamente sobre o vidro (por trás) e não sobre tela ou papel.

 

Os dois momentos descritos acima me fizeram pensar sobre a importância de se proporcionar um universo diverso e rico em experiências estéticas às pessoas, não somente às crianças, de forma a terem referências criativas, geradoras de curiosidade e encantamento. Não me refiro apenas às casas, mas às escolas, instituições, locais de trabalho onde se passa, muitas vezes, grande parte do dia e até grande parte da vida. Acredito ser uma atitude de respeito à inteligência e sobretudo à alma do ser humano.

 

Vou deixar aqui com vocês uma sugestão: uma lembrança das nossas referências infantis, dos tempo de escola; “Meus oito anos” de Casemiro de Abreu declamado por Paulo Autran, disponível no Youtube. Ouçam! Vale a pena!

 

(Crédito: Pintura classificada como ‘Ingênuo Iugoslavo’ de autoria de Peter Grgec)

 

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