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02/05/2024



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Mourão

 Mourão

Chegamos à quinquagésima coluna! Quem diria!

 

Para comemorar essa data, dentre vários assuntos, escolhi falar sobre a arte da escolha. Quando selecionamos algo para comunicar por meio da arte, pensamos que o motivo escolhido é o mais importante, voltamos nosso olhar e pensamentos para o objeto em questão sem perceber que ele é uma mera desculpa para derramarmos, das formas mais diversas, a cachoeira de emoções pensamentos e sensações que habitam nosso interior e que precisamos colocar no mundo, justificando nossa presença.

 

As imagens que ilustram essa coluna são uma homenagem à parceria do artista gráfico e fotógrafo Hay (Haygraphiks) que, desde o começo dessa aventura jornalística, coloca as minhas ilustrações em formato, nitidez e limpeza necessários. Não são, necessariamente, as necessidades de meu olhar meio distraído, mas certamente as de seu próprio olhar afiado e suas mágicas digitais. Como disse no início, quando se é fiel a si e à própria obra – o que é imprescindível à arte – é preciso atender, primeiramente, às próprias demandas interiores. Assim são o seu olhar e suas escolhas de fotógrafo, poeta da percepção que traz ao foco o que cotidianamente é imperceptível, bem como sua arte de “restaurar” imagens maltratadas, muitas vezes consideradas perdidas.

 

(fotografia de Hay Graphiks)

 

As fotografias aqui escolhidas têm como motivo os mourões, que segundo o dicionário Oxford Languages são definidos como: substantivo masculino 1. cada uma das estacas mais grossas às quais se fixam horizontalmente as varas mais finas de uma cerca. São eles os personagens das fazendas, campos e estradas por onde passamos, na maioria das vezes sem percebê-los, mas que o olhar do poeta não deixa escapar, seja na fotografia, na literatura ou mesmo em uma ilustração, onde, ele, o mourão torna-se o rei, generoso, que apoia “seus irmãos menores” como a eles se refere Lou de Barros (Luiz Alfredo Carvalho de Barros) em seu poema “Meu esteio” pertencente à obra “Meu Caipira Urbano” editado pela Editar Editora Associada, em 2010, cujas primeiras estrofes compartilho aqui:

 

“Nas vezes que te olho

ereto e firme ao sol

com tristeza eu me lembro

que com a cepa afiada

que num dia eu te fiz

do verde que tu eras

ter a cor que tu tens hoje

separando-te lá da serra

Mas te plantei novamente

no centro do meu verde pasto

bem perto da pequena estrada

de pura terra batida

e junto de teus irmãos menores

tão fracos e combalidos

tu te destacas sempre

és o mais forte dos escolhidos”

 

Desenho com mouse de Elizabeth Titton – 2004

 

Com essas poéticas imagens, desejo nessa data, que o HojePR seja sempre, por sua escolha, um esteio no jornalismo paranaense. Pelo inesperado convite que me tirou do sossego para que a cada semana, passado o terror diante da “folha em branco”, hoje tela, me sinta honrada e feliz, podendo compartilhar com os 5.000.000 de acessos, os pensamentos, imagens e vivências que a escolha pela arte tem me proporcionado. Agradeço à minha fiel revisora de texto que, com sua humilde, porém rica participação profissional, tem me proporcionado confiança. A você, Fernando e à sua dedicada e amiga equipe, meus sinceros agradecimentos.

 

(Imagem de abertura: fotografia de Hay Graphiks- Fazenda Santo Antônio do Tesourão- Palmeira)

 

Leia outras colunas da Elizabeth Titton aqui.

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