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02/05/2024



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O artista plástico e a criança

 O artista plástico e a criança

Continuando a falar sobre a importância da arte no desenvolvimento da criança, hoje vamos lembrar de um projeto, “O artista plástico e a criança”, criado na gestão do Governador José Richa, tendo como Secretário de Cultura nosso caro Fernando Ghignone, a quem devo a oportunidade de ter dirigido o Museu de Arte Contemporânea e sua admirável equipe, por indicação, em lista tríplice, eleita pela atuante Associação Profissional dos Artistas Plásticos do Paraná.

 

Nascido da observação de que o público em geral não se sentia confortável em entrar no museu, considerando ser aquele um espaço para iniciados, pensamos em criar uma atividade que integrasse o artista à comunidade e trouxesse um novo público para o MAC. Assim, surgiu uma proposta educativa. A cada mês, um artista convidado prepararia e ministraria oficinas de arte a serem realizadas em espaço público. Ao final do mês a produção seria levada ao museu e montada uma exposição com a participação das crianças, professores e familiares, além do artista responsável pelo trabalho, todos orientados pela equipe de montagem do museu. O artista recebia, como retribuição, uma exposição individual, que acontecia paralelamente ao trabalho das crianças, que poderiam então, conhecer a obra de seu orientador. O material documental desse projeto encontra-se à disposição dos interessados nos bem cuidados arquivos do setor de Pesquisa e Documentação do MAC.

 

Desenhando com o lado direito do cérebro

 

E assim foram realizados os trabalhos, mês a mês, com grande participação pública, nas comunidades e em escolas públicas estaduais até o final daquela gestão governamental. Foi a partir da não continuidade dessa rica experiência, que resolvi criar o Espaço Cultural Pró-Criar (1989), dedicado ao desenvolvimento da criança por meio da arte, nos mesmos moldes do projeto realizado no MAC-PR, não sem ter tido, inicialmente, a rica experiência do “Atelier de Criação-Cocaco”, acontecido no espaço da Galeria Cocaco, com a intensa e generosa participação da querida Eugênia Petriu.

 

No começo, por mais de um ano, funcionou no mezanino dentro da minha própria casa, onde também aconteciam exposições mensais por toda a parte social da residência, criando um “agito” de crianças e orientadores, que compartilhavam a casa e o bosque no bairro São Lourenço, junto à família Titton. Origami, litografia, tecelagem, desenho, foram algumas das oficinas ali desenvolvidas por Kazuko Horiuchi, Jussara Age, Zélia Scholz, Dulce Osinski, entre outros fantásticos artistas/orientadores.

 

Foi então que, uma casinha antiga de madeira, situada no bairro São Francisco à rua Portugal esquina com a Quari, foi adquirida, generosamente, pelo Dr. João Alceu Titton (meu marido à época) e passou a ser a sede do Pró-Criar. Além do projeto das crianças, ela sediou, por muitos anos, projetos de educação através da arte, incluindo aulas de violino ministradas pela Prof. Hildegard S. Martins, usando o método Suzuki, o curso “Desenhando com o lado direito do cérebro”, de Betty Edwards, sob a orientação do artista, e meu irmão, Paulo Dias, que também ministrou vários cursos de teoria da cor e pintura. Foram muitas exposições e muita arte acontecendo por todos os espaços, internos e externos, daquela casinha branca, com um lindo jardim de rosas e papoulas herdado da antiga proprietária. Muito pó das máquinas de escultura em pedra foi espalhado pela paciente vizinhança.

 

Encerrando, alegro-me ao lembrar que foram muitos os espetáculos de teatro dirigidos pela atriz, Eliane Karas, montados anualmente pelos palcos da cidade. Entre outros, o mini-auditório do Teatro Guaira, com a peça “Pedro e o Lobo”, sob a orientação dos mímicos, Thaiane e Treat, conhecidos por brincar com os transeuntes da Rua XV de Novembro. Os palcos da Caixa, do SESC da Esquina, onde me lembro foi levado o nosso espetáculo de mágica orientado pelo Mágico Prof. Sanders. Também no palco da Associação Espírita, no da Reitoria da Universidade Federal do Paraná, com a presença e oficina de Pierre Weil. Até o Teatro Paiol, onde foi encenada a ”História do papel”. Quanta loucura!!!! Fizemos até viagem de trem e escalamos o Marumbi!

 

Escalando o Marumbi

 

Hoje, aproveito para agradecer, de coração, a tantos artistas e colaboradores aqui não citados, cujo trabalho, inspiração e paixão tanto fizeram para que tudo isso fosse realizado e tantas vidas tocadas. Fica aqui, gravada, minha promessa de documentar essa caminhada de amor à arte e respeito a seus produtores, aqui não mencionados, em um livro.

 

Quem sabe, então, alguém possa se entusiasmar e levar adiante esse projeto.

 

(Imagem de abertura: Crianças na varanda do Pró-Criar. Foto de Alice Varajão)

 

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