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16/04/2024



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O colecionador

 O colecionador

Aquele que “se deixou cativar” pela obra de arte, pelo objeto do desejo. Saint Exupéry, em sua mais famosa obra O Pequeno Príncipe, nos ensina o significado de cativar. Descreve por meio de seu personagem, a raposa, os segredos desse magnífico processo. Ela explica ao jovem que é uma conquista lenta, diária, tem método! “Deves chegar sempre na mesma hora… se tu vens por exemplo às quatro da tarde, desde as três começarei a ser feliz, quanto mais a hora for chegando mais me sentirei feliz, às quatro da tarde estarei inquieta e agitada descobrirei o preço da felicidade! Mas se vens a qualquer momento nunca saberei a hora de preparar o coração”.

 

É assim que me sinto como pequena colecionadora que sou. Foi o que percebi nos olhos brilhantes e na alegria dos jovens colecionadores que me visitaram esse fim de semana. A eles ofereço a coluna dessa semana. É reconfortante constatar que numa geração quase cega para as delicadezas da alma, enfeitiçadas pelas maravilhas da tecnologia que surge todos os dias com novas tentações de celulares mais novos, TVs cada vez maiores e coisas do gênero existem esses, hoje mais raros, que se deixam cativar por “aquele não sei que” tal forte imã os atrai a essa ou aquela escultura, essa ou aquela obra.

 

Há, a meu ver, uma razão que descubro ao olhar em volta e perceber nas parede, espaços e prateleiras que me rodeiam o conforto, as ricas energias que alimentam pelos meus olhos a minha alma a todo o momento, especialmente quando, no descanso, sou levada à reflexão e ao encantamento, transportada consciente ou inconscientemente ao mundo da beleza, do ineditismo que cada criação carrega em si e entrega, generosamente, ao meu olhar.

 

Existem tantas outras motivações, todas elas justas e muito interessantes, para se colecionar, dentre elas, a mais propalada é a que diz respeito ao mercado de arte, o valor em dinheiro que uma obra pode vir a alcançar numa revenda ou em um leilão (coisa para profissionais). Há também aqueles que querem aumentar a quantidade “ seres” da mesma espécie sob formas de representação e materiais diversos, como os colecionadores de corujas, elefantes, tartarugas e “glass manejeries”. Tem colecionadores de obras raras como primeiras edições de livros, automóveis antigos, prendedores de gravatas entre outros tantos.

 

Numa outra categoria coloco as que iniciam particulares e acabam doadas a museus e vem a beneficiar e enriquecer a cultura daqueles a quem são expostas. Não podemos esquecer as tão discutidas coleções de elementos de civilizações antigas, retiradas de seus locais de origem e transferidas para museus de outras nacionalidades. ( mas essa é uma outra conversa).

 

Avalio que o que tem em comum a todos os tipos de coleções e colecionadores, é a humanidade, uma certa necessidade de pertencer a algo maior, talvez o divino!

 

É claro que existem os pássaros que colecionam objetos e os dispõe cuidadosamente em seus ninhos para atrair as fêmeas rsssssss mas pássaros, como sabemos, são seres muito especiais!!!!!

 

(Foto: Dico Kremer da coleção “Gente no MON “ realizada nas salas do Museu Oscar Niemeyer no período entre 2018 e 2019. Obra retratada “Indiferença”. Bronze, 1980. Elizabeth Titton)

 

Leia outras colunas da Elizabeth Titton aqui.

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