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02/05/2024



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O piano

 O piano

Às vezes a gente fica sem ideias!

 

Tantas as possibilidades, mas nenhuma vontade de escolher. Nessa hora busco amores do passado e, como vocês já sabem, Guilherme de Almeida é um dos meus favoritos. Vejam só:

 

Convalescença

…Fim de amor.

O trabalho paciente de esquecer.

Terraço de Hospital. A alma, toda de branco

Respira forte o ar cheio de calor.

Convalescer…

 

Foram os tempos de COVID responsáveis por muitas espécies de convalescenças:

 

Tempos de dúvidas, perdas, cansaço e muito tempo para pensar e sentir.

 

Foi nesse clima de absoluta estranheza, que reencontrei o piano.

 

piano

 

Na mudança, reorganizando os livros, tive nas mãos a tradução feita pelo meu filho, João Eduardo, da obra de Robert Gerle “A arte de praticar violino”, editada pela UFPR, em 2015. Resolvi reler com olhar de aluno e percebi que seria uma ótima ferramenta para me ajudar a retomar o estudo de piano abandonado há 55 anos.

 

Abri o baú, de onde retirei o volume “23 Peças Fáceis” de Bach. Escolhi, dentre todas, o prelúdio mais fácil, e comecei. De fácil não tinha nada, mas segui desembaraçando e desamassando as notas perdidas nas folhas amareladas do livro. Foi quando um dia, zapeando pela internet, encontrei o anúncio feito pela professora e pianista Alda de Mattos, convidando para seu curso de piano online, chamado Piano Pró. Gostei do que ouvi e resolvi me arriscar, me inscrevi no curso com duração de cinco anos, e comecei a me dedicar aos estudos com entusiasmo.

 

Passados quase três anos (completos no início de setembro próximo) muitas foram as experiências junto ao método, ao grupo fechado de estudantes no Facebook, jovens e velhos pianistas, colegas entusiasmados e muito dedicados, que têm sido constante fonte de inspiração, mas, sobretudo, um encontro comigo mesma, diante do quase centenário piano Essenfelder, recentemente substituído por um novo Kawai.

 

Muito foram os momentos de ânimo e de desânimos, uns de alegria e outros de desespero! Parcerias e encontros com os músicos da família, apresentações de Natal assistidas com complacência e carinho pelos de casa, mas sobretudo lembrando sempre de como meus pais deveriam estar felizes lá no Céu assistindo ao meu progresso. Mamãe sempre dizia, quando éramos meninas e reclamávamos na hora do estudo: “Agora vocês não precisam de nada! São jovens e bonitas! É na velhice que o piano vai lhes servir”. Como sempre, a Aspásia tinha razão!

 

Essa semana, pela primeira vez nesse novo tempo, senti algo impossível de descrever em palavras – a capacidade de, com a técnica conseguida nesse período, desfrutar do prazer de sentir e, minimamente, interpretar, com alma, aquele antigo prelúdio e as peças iniciais de Burgmuller que me foram apresentadas pelo Piano Pró.

 

Coisas que acontecem na alma!

 

Leia outras colunas da Elizabeth Titton aqui.

 

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