Quieto, inteligente, profundo e sensível, o quinto filho de Mário e Aspásia nasceu no Rio de Janeiro e aprendeu a andar em Curitiba. Com uma volumosa franjinha preta, seu chapéu de cowboy e a coleção do Forte Apache, brincava por horas nas montanhas de cobertores e lençóis no quarto dos pais. Mais tarde construiu e pintou aeromodelos e super-heróis. Não me lembro, como irmã mais velha, que desenhasse, mas naquele tempo eu não tinha olhos para as artes plásticas, o piano e outras atividades ocupavam meu tempo e minha imaginação. Os primeiros desenhos de que me lembro já eram os emoldurados: três personagens de preto, iluminados, que hoje fazem parte da coleção do amigo Dico Kremer.
Pesquisador incansável, buscou, sempre, nas diferentes técnicas que tão bem domina, o melhor! A qualidade em sua essência! Nos magníficos pastéis, com seus personagens surreais, na difícil técnica da tempera, ou no óleo, aquarela e acrílico, Paulo foi sempre original, além da compreensão da maioria. Criativo e muito atento à qualidade dos materiais e dos meios que utiliza na sua produção em geral, encontrou na gravura em metal um chão muito rico para as suas realizações.
Autodidata, cursou as Belas Artes por curto espaço de tempo e aprofundou seus conhecimentos nos livros e revistas técnicas importadas, além da riquíssima produção diária. A meu pedido, por muitos anos deu aulas de desenho (Atelier Pró-Criar) por meio do método que conheceu em suas pesquisas: “Desenhando com o lado direito do cérebro”, da americana Betty Edwards. Apresentado por ele ao público curitibano, o método deu aos interessados a oportunidade de aprender a ver e, a partir daí, poder desenhar sem nunca antes terem desenvolvido essa linguagem. A partir de exercícios revistos e criados por ele, como sempre, buscou a melhor maneira de ensinar, tendo em mente que se o aluno não aprende é porque o professor não encontrou um modo de chegar até ele. Ministrou e, ainda hoje, em seu próprio atelier, continua dedicando seu tempo para ensinar, com maestria, pintura e teoria da cor entre outros cursos. Que o digam os jovens artistas e tantos outros que tiveram a oportunidade de frequentar suas aulas e usufruir de seus ensinamentos.
Respeitado e admirado por colegas artistas, galeristas, críticos e alunos, não é dado aos holofotes da mídia, preferindo dividir seu tempo entre a leitura, cursos e sua laboriosa produção. No momento atual, cria os fantásticos vasos de flores, que, ao ouvir dizer, poderíamos achar serem lugar comum, mas, através de suas mãos, olhar e pinceladas revelam uma incrível originalidade! Multicoloridas, muitas vezes em balanço, ou em vasos por vezes transparentes, suas flores surpreendem pelas cores ou pelo inédito olhar do pintor.
Criador de linguagens poéticas, Paulo participou e foi premiado em salões de artes plásticas. Mas se você realmente quiser conhecer suas obras e conversar com o artista, pode agendar uma visita à sua escola, ao lado do Mercado Municipal, ou em seu endereço no Instagram @paulodiasartist. A Galeria Artestil expõe algumas de suas obras mais recentes. Vale a pena conhecer!
(Imagem abertura: “Aula de pintura”, com obras dos alunos em andamento)
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