Ser mulher “dá pano pra manga”!
Nos tempos de hoje, quando vislumbramos possibilidades de realização pessoal além da vida em família, a mulher fica muito dividida. Ser mulher, num mundo mais rápido, virtual, quando podemos contar com o auxílio da tecnologia, com homens que participam ativamente na vida da casa, entre afazeres domésticos e filhos, poderia parecer que fica mais fácil, mas, a meu ver, há, ainda, um acúmulo de responsabilidades. Ser só “do lar” tinha a vantagem da calma, da tranquilidade dos caminhos já pré-definidos, porém, quase nenhuma liberdade.
O homem também não é lá muito livre, já que dele se espera que seja o provedor, acumulando, hoje, encargos domésticos que anteriormente não tinha. Poderíamos dizer que seguem, homens e mulheres, caminhos no sentido da equiparação…se é que não estou sendo muito otimista. O que seria, então, essa liberdade que a mulher não tinha? Será que a adquiriu com o passar do tempo?
“Escultora” Giovani Boccaccio. Século XV pesquisa e edição Sally Fox. 1985 New York Graphic Society
books publicado por Little, Brown and Company
Nas artes, ouso dizer que os vários tipos de preconceito que roubam à mulher as oportunidades de colocar sua obra no mundo vão se dissipando muito lentamente. Além disso, falta muito, à própria mulher, em confiança e conhecimento de seu novo, possível, lugar no mundo atual para que possa, de fato, ocupar esse espaço. A mulher sempre trabalhou “fora” no campo, no hospital, na igreja, mais tarde, na indústria. O que ela não teve foi o reconhecimento desse trabalho e a assinatura, própria, no que fazia, como autora de suas ideias e criações, o que eu chamo, acima, de liberdade.
Assinar a obra é passar a existir no mundo. Conhecemos inúmeras histórias de mulheres talentosas, em todas as áreas da criação, não só na arte como nas ciências, que contribuíram para a transformação do mundo, mas que só casual, ou tardiamente, tiveram seu nome reconhecido. Outras tantas ainda estão por ser reveladas. Assim, podemos dizer que a mulher sempre produziu arte e conhecimento, renovação e transformação, mas além de ser em muito menor escala, não tinha a liberdade de assinar suas obras, não tinha a liberdade de existir como ser autônomo e criador.
“Minha liberdade” fotografia de Arlete Zagonel Serafim
Ser mulher é um daqueles assuntos sem fim, cheios de temas fascinantes e, igualmente sem fim, como criação e liberdade. Mas, para colocar um ponto final nessa nossa conversa, deixo assinalada a importância de a mulher poder colocar seu nome na obra que produz, assiná-la, passando, assim, a existir.
(Imagem de abertura: ”Mulher na Forja ”Guillaume de Lorris e Jean de Meun. A Mulher Medieval-Século XIV, pesquisa e edição Sally Fox. 1985 New York Graphic Society books publicado por Little, Brown and Company)
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Agradeço o comentário Maria Helena!
Muito bom!
A grande conquista da mulher!
Parabéns! Fantástico
Obrigada minha querida!