Com uma coluna intitulada “Arte importa?”, eu não poderia deixar de dividir com vocês um pedacinho de um mundo especial, e ainda raro, onde se cuida dos pacientes, crianças e seus familiares nos momentos de dor e sofrimento com tecnologia de ponta, um importante centro de pesquisas, atendimento de doenças raras, formação de profissionais da área médica entre tantas outras atividades fundamentais. Uma casa que se dedica à cura do corpo, bem como fomenta o florescimento da alma por meio das oportunidades a que se dedica, muito além de seu bem e retorno à saúde. Lugar onde se proporciona oportunidade de viver arte, sonhos, educação, meio-ambiente em suas mais ricas e diversas formas. Este mundo especial que começou como hospital, atende hoje pelo nome de Complexo Pequeno Príncipe.
Tenho especial carinho pela instituição que faz parte da minha vida desde os doze anos de idade, quando ainda se chamava Hospital das Crianças. Nessa ocasião, fazia trabalho voluntário levando “gibis”, “santinhos”, lendo histórias, ajudando a dar comida para as crianças. Mais tarde, já com a nova denominação e administração, tive oportunidade de contribuir ministrando oficinas de criação e coordenando projetos de arte. Sempre fui a maior beneficiária desses processos de troca de amor e boas energias.
A instituição, que completou 103 anos, oferece às crianças, adolescentes, pais, avós e acompanhantes, durante o período de internação – que, provavelmente, seria só de angústia e lamento e expectativas – uma oportunidade de encontro e de aprendizado por meio da criação, da transformação e da beleza. Não só as crianças e familiares desfrutam dessa experiência, mas também os médicos, enfermeiros e colaboradores, e muitos alunos, estagiários e residentes que fazem parte dessa entidade. Diariamente (e não é forma de expressão), o hospital planeja e executa projetos de transformação. Segue aqui um texto de Ety Cristina Forte Carneiro, sua diretora-executiva.
Visão parcial do Parque das Esculturas – Ciências Para a Vida (Hospital Pequeno Príncipe Norte)
“Acredito que a arte opera transformações e amplia direitos. É dela também que vem parte da esperança, do desejo de sorrir, da força criativa e da inspiração para buscar novos desafios, vencer obstáculos e – de fato – permitir que os cidadãos desenvolvam potencialidades, tornem-se críticos e capazes de transformar a realidade à sua volta… É a arte a favor da equidade e a cultura incentivando a criatividade, criando mundos nos quais as crianças se tornam as protagonistas de suas próprias histórias”.
Hoje, a instituição hospitalar de ensino e pesquisa, ela mesmo, está numa trajetória de crescimento. No endereço da rua Dr. Alarico Vieira de Alencar, 10, no bairro Bacacheri, está em ebulição, como um vulcão prestes a iniciar sua erupção, a nova sede do Hospital, o Pequeno Príncipe Norte. Esse é um dos espaços, onde podemos perceber o carinho e a especial fé na arte como elemento de transformação. Recebida como doação, a coleção Muirapiranga, de minha autoria, faz parte de um lindo jardim de esculturas, já aberto ao público nos dias de semana. As vinte e uma esculturas em aço, que falam da natureza, se misturam com a fauna e flora naturais da região tão bem preservadas que enchem os olhos e coração de quem o visita.
Nesse endereço, apresenta-se o início de um projeto gigante, que vale a pena conhecer e do qual você pode participar. Sugiro então uma vista. Conheça a maquete do novo complexo hospitalar e seja parte da sua realização. Existem inúmeras formas de contribuir com essa rara oportunidade. Não seja apenas um visitante; seja um parceiro nessa obra fantástica. Informe-se.
Como diria Antoine de Saint-Exupéry, na obra que dá nome ao hospital e demais unidades do Complexo, “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas…Cativa-me!”
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