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29/04/2024



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David Bowie: o “Camaleão” se reinventa

 David Bowie: o “Camaleão” se reinventa

Anos 1980. Muitas bandas e músicos se adaptaram à década. Um dos músicos que soube se apoderar dos sons, timbres e ritmos deste período foi o camaleão David Bowie. Sei que muitos leitores vão torcer o nariz quando se fala de Bowie na década de 1980. Dizem que ele se perdeu, ficando pop e new wave. Mas seu 15º álbum de estúdio é um primor da década oitentista. Lançado em 14 de abril de 1983, completando 40 anos esse ano, ‘Let’s Dance’ é maravilhoso. Com produção do próprio Bowie e de Nile Rodgers, guitarrista da banda Chic, este álbum teve vários sucessos. Bowie se muniu de vários músicos espetaculares para gravá-lo, como Stevie Ray Vaughan, Omar Akim, Tony Thompson, Carmine Rojas, entre outros.

 

 

O álbum inicia com a guitarra blueseira e dançante em Modern Love. A voz de Bowie é sensacional. Os teclados e a bateria ritmada comandam a canção. O coro dos irmãos Frank e George Simms é fenomenal. Tem até solo de sax. Um sucesso estrondoso, tocado exaustivamente.

 

 

China Girl é uma canção composta por Bowie e Iggy Pop, e gravada no álbum ‘The Idiot’, de Iggy. Mas a versão de Bowie é arrasadora. A guitarra inicial e os teclados, parecendo música oriental, são belíssimos. Bowie sussurra a letra da canção. “I fell a-tragic like I’m a Marlon Brando, when a look at my little China Girl.” O solo de guitarra é algo indescritível. Mais um sucesso.

 

 

Let’s Dance, a faixa-título, é dançante. E maravilhosa. Começa com coro e vai crescendo. Os teclados e a percussão são muito bons. Os arranjos de metais, feitos pelo próprio Bowie, são estonteantes. E sua voz marca a canção. Um delírio dançante.

 

 

Without You é outra balada dançante. Bowie solta sua voz com falsetes inacreditáveis. A leveza da guitarra é magnífica. E o baixo dá todo o andamento da canção.

 

Ricochet é puro anos 1980. Muitas bandas fizeram músicas parecidas, dada sua influência. A voz de Bowie está mais mecânica e os teclados e metais são mais altos.

 

Criminal World tem um andamento mais lento, porém mais detalhado. Os vocais são mais baixos e declamados, a guitarra é mais aguda e o baixo manda e dá uma levada mais alegre.

 

Cat People (Putting Out Fire), composição de Bowie e Giorgio Moroder, um ícone da disco music, é simplesmente espetacular. A melhor faixa do álbum. A voz de Bowie está mais grave, os teclados mais soturnos, e a bateria está mais pesada, com pequenas viradas e um ritmo contagiante. “You’ve been so long, well, it’s been so long, and I’ve been putting out fire with gasoline!”

 

Shake It é a mais pop e new wave do álbum. Tem coro grudento, guitarra disco music, baixo reto e batidas eletrônicas.. Mas não deixa de ser espetacular. Uma aula de anos 1980.

 

No relançamento do álbum, em 1997, foi incluída mais uma faixa, no final. A épica e exuberante Under Pressure, parceria com a banda Queen, que já havia sido lançada no álbum ‘Hot Space’ de 1982. É um espetáculo à parte. Os vocais de Bowie e Freddie Mercury são magistrais. A letra diz: “Porque o amor é uma palavra tão fora de moda, e o amor te desafia a se importar com as pessoas na beira da noite, e o amor desafia você a mudar nosso modo de se preocupar com nós mesmos. Esta é a nossa última dança. Isto somos nós mesmos. Sob pressão.” Um hino. Uma oração. Um poema. Uma aula de rock. Uma aula do bom e velho rock’n’roll.

 

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